Sempre que estamos assistindo a um jogo ou lendo uma notícia sobre um estádio de futebol no Brasil e surge um nome curioso, pensamos: de onde vem? Pois bem, está na hora de descobrir as origens de alguns dos nomes de estádios de futebol brasileiros.
A maioria tem nomes oficiais que homenageiam pessoas famosas ou relevantes para o esporte local. Mas todos têm seus apelidos, que variam de referências geográficas a eventos históricos ou brincadeiras com seus formatos.
Vejamos alguns estádios de futebol brasileiros com os nomes e apelidos interessantes.
Jornalista Mário Filho (Maracanã)
O nome oficial do estádio é uma homenagem ao jornalista pernambucano que modernizou a crônica esportiva no país, organizou o primeiro desfile competitivo de escolas de samba no Carnaval do Rio de Janeiro, criou o termo “Fla-Flu” e foi um dos principais idealizadores de sua construção. Irmão de Nelson rodrigues, Mário Filho foi o grande defensor de que o estádio fosse construído no local em que está hoje e tivesse um tamanho enorme – o plano original era construir um estádio de menor porte em Jacarepaguá.
Apesar disso, o nome que se popularizou foi a referência ao local da construção. O rio Maracanã, que cruza a Tijuca passando por São Cristóvão e desaguando no Canal do Mangue e depois na Baía de Guanabara, deu nome ao bairro que o circunda e ao estádio nele contido.
Brinco de Ouro da Princesa
Um dos nomes de estádios mais inusitados do país é o do Guarani, em Campinas. Sem nome de gente, ele foi oficialmente batizado por seu apelido, dado pelo jornalista João Caetano Monteiro Filho devido ao formato circular da arena, que lembrava um brinco.
O jornalista escreveu uma matéria chamada “Brinco de ouro para a ‘princesa'” quando viu a maquete do estádio prestes a ser construído. A princesa, no caso, é a própria cidade, já que Campinas tem o apelido de Princesa D’Oeste.
Maria Lamas Farache (Frasqueirão)
O estádio do ABC de Natal-RN é um dos raros no Brasil com nome de mulher. A homenagem foi feita à empresária chilena e torcedora-símbolo Maria Lamas Farache. Ela foi esposa de Vicente Farache, treinador e presidente que liderou o clube no decacampeonato estadual de 1932 a 1941, recorde nacional (aliás, o ABC é o time com mais títulos um mesmo campeonato no mundo inteiro, com 56 estaduais).
A origem do apelido tem histórias variadas. Dependendo de quem conta, pode tanto ser em relação à forma do estádio (uma mini Bombonera) como um nome pejorativo dado por torcedores rivais e adotado pelo clube. “Frasqueira” era o local em que eram transportados os escravos nos navios negreiros, então o termo seria uma provocação ao ABC, que sempre se colocou como o time do povo em Natal.
Paulo Machado de Carvalho (Pacaembu)
Paulo Machado de Carvalho foi um empresário de São Paulo criador da TV Record e de diversas emissoras de rádio. Ganhou o apelido de “Marechal da Vitória” por chefiar a delegação brasileira campeã das Copas de 1958 e 1962. Conta-se que foi ele que, ao improvisar uma camiseta azul para a seleção na final da Copa da Suécia (pois o time da casa jogava de amarelo), convenceu os jogadores de que ela daria sorte por ser da cor do manto de Nossa Senhora Aparecida.
Curiosamente, o Estádio do Pacaembu foi originalmente batizado assim devido ao bairro em que se encontra. Só em 1961, como uma homenagem ao empresário, que o nome oficial passou a ser Paulo Machado de Carvalho.
Luiz Gonzaga Prata Braga (Loucão)
O pequeno estádio Luiz Gonzaga Prata Braga, em Maracaju, Mato Grosso do Sul, leva o nome do prefeito responsável por sua construção. Luiz Gonzaga Prata Braga ficou conhecido pela megalomania de suas ideias para a cidade, como a de erguer um estádio de futebol para 5 mil pessoas em um município de 10 mil habitantes no meio dos anos 70.
O local construído para caber metade da população foi batizado por ele mesmo com o próprio nome. Com o tempo, o apelido do prefeito, “Louco”, virou também um dos nomes de estádios mais curiosos do país.
Eládio de Barros Carvalho (Aflitos)
Originalmente era apenas um matão chamado Campo dos Aflitos por causa do bairro recifense em que se encontra – que por sua vez vem da igreja chamada Nossa Senhora dos Aflitos que deu origem ao bairro. Quando foi oficialmente batizado, ganhou o nome Eládio de Barros Carvalho, histórico presidente do Náutico que comandou o clube entre os anos 40 e 60.
Antes disso, contudo, o estádio chegou a ser chamado de “Balança mas não cai” pela imprensa pernambucana. A explicação é óbvia: a arena tremia quando a torcia fazia sua festa.
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Proletário Guilherme da Silveira Filho (Moça Bonita)
O estádio do Bangu, no subúrbio do Rio de Janeiro, tem tanto o nome oficial quanto o apelido curiosíssimos. O primeiro faz referência às origens operárias do clube, fundado por trabalhadores da Fábrica Bangu, que era comandada pelo médico Guilherme da Silveira, personagem importante na história da região.
Há versões para o apelido. Uma vem do espaço comprado para sediar o novo estádio, que ficava na antiga Fazenda da Viúva, local conhecido como Moça Bonita – porque uma jovem passava os dias acenando da janela de casa para o trem que passava na estação do bairro. Outra faz referência a uma amante de Dom Pedro II, que visitava o local com frequência para se encontrar com uma “moça bonita”.
Boca do Lobo
Originalmente chamado Estádio da Avenida, o campo do Esporte Clube Pelotas, em Pelotas, mudou de nome graças a sua localização. Ele se encontrava em uma junção de duas avenidas dispostas em um ângulo que lembrava o de uma boca de lobo, tanto que a cidade chamava assim o entroncamento. Com o tempo, o clube adotou o lobo como parte de sua identidade, virando mascote e nome do estádio.
José do Rego Maciel (Mundão do Arruda)
Maior estádio de Pernambuco, o campo do Santa Cruz em Recife foi batizado em homenagem ao ex-governador do estado e ex-presidente do clube José do Rego Maciel, que viabilizou a doação do terreno para que ele fosse construído.
Localizado no bairro do Arruda, o estádio foi construído e reformado ao longo das décadas graças a muitas campanhas de seus torcedores. Eles ajudaram com doações de grana, tijolos e até trabalho manual para levantá-lo. Em uma dessas reformas, ele chegou a atingir a capacidade de 80 mil pessoas – um verdadeiro “mundão”. Daí o apelido.
Universitário Pedro Pedrossian (Morenão)
O estádio de Campo Grande tem esse nome em homenagem ao então governador de Mato Grosso, Pedro Pedrossian, na época da fundação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – que é até hoje a proprietária do espaço.
O apelido curioso vem da alcunha da própria Campo Grande, chamada de “Cidade Morena” graças à cor de sua terra, avermelhada.
Governador Ernani Satyro (O Amigão)
Em 1975, o governador da Paraíba Ernani Satyro inaugurou dois estádios iguais em dias seguidos, com seu nome em ambos: um em Campina Grande, inaugurado num domingo; outro em João Pessoa, inaugurado na segunda-feira. O da capital acabou sendo rebatizado logo, mas o do interior manteve o nome.
Satyro costumava chamar a todos que encontrava por “amigo velho”, vindo daí o seu apelido. O do estádio, consequentemente, ficou o mesmo – mas com o curioso artigo na frente. O que faz dele um dos nomes de estádios mais legais do Brasil.
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