Cigarro eletrônico: quais os benefícios e malefícios desse aparelho (e como ele age no seu corpo)

Será que cigarro eletrônico faz realmente menos mal para a saúde que o cigarro convencional?

Cigarro eletrônico: quais os malefícios desse aparelho e como ele age no seu corpo

Agora, parece que o mundo inteiro descobriu o cigarro eletrônico.

Muita gente anda usando esse aparelho por aí e, na onda, muita gente anda espalhando mentiras e inverdades sobre os benefícios e malefícios do cigarro eletrônico.

Como o cigarro eletrônico funciona

Cigarro eletrônico: quais os malefícios desse aparelho e como ele age no seu corpo

Um cigarro eletrônico é um dispositivo operado por bateria que emite doses de nicotina vaporizada, ou soluções sem nicotina, para o usuário inalar. O objetivo é fornecer uma sensação semelhante à inalação de fumaça de tabaco, mas sem a fumaça.

Também conhecidos como e-cigarros, e-cigs, sistemas eletrônicos de fornecimento de nicotina, cigarros vaporizadores e canetas vape, eles são comercializados como uma maneira de parar ou reduzir o tabagismo.

Ele foi inventado em 2003 por um farmacêutico chinês chamado Hon Lik, sob alegação de ser uma forma menos nociva de consumir a nicotina, sem que o tabaco fosse queimado, evitando assim e eliminação das outras mais de 4.700 substâncias produzidas nessa queima. Mas os especialistas afirmam que não há crteza sobre a exposição em longo prazo à nicotina sozinha.

O aparelho funciona com o uso de refis, e eles nem sempre precisam conter nicotina em sua solução. Alguns desses refis têm sabores, o que os ajuda a se tornarem mais palatáveis.

Os cigarros eletrônicos foram aderidos por milhões de pessoas no mundo todo desde que apareceram no mercado chinês em 2004. Em 2016, 3,2% dos adultos nos Estados Unidos estavam usando cigarros eletrônicos.

A popularização do cigarro eletrônico

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“Vaping” é agora a forma mais popular de uso de tabaco entre adolescentes no uso de cigarros eletrônicos dos EUA aumentou em 900% entre estudantes do ensino médio de 2011 a 2015.

Em 2016, mais de 2 milhões de estudantes do ensino médio e do ensino médio experimentaram cigarros eletrônicos. Para aqueles com idade entre 18 e 24 anos, 40% dos vapers não eram fumantes antes de usar o dispositivo.

Um corpo crescente de pesquisas sugere que o vaping pode ser perigoso.

Embora possa ajudar os fumantes existentes a desistir, existe a preocupação de que os jovens estejam começando a usar sem a intenção substituir o uso do tabaco. Essa preocupação, na verdade, é bem óbvia e embasada.

Como é a situação do cigarro eletrônico no Brasil

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Em julho de 2017, a Anvisa recebeu um documento de apoio da Associação Médica Brasileira (AMB) e das Sociedades Médicas a ela filiadas à proibição dos Dispositivos Eletrônicos no Brasil.

O texto aborda quão perigoso e nocivo pode ser o uso do cigarro eletrônico para a saúde. A AMB também reforça o poder do produto para atrair jovens, instigando o hábito de fumar, funcionando de maneira contrária ao que foi proposto – diminuir o uso da nicotina.

A alegação de trazer menos risco à saúde transmite a falsa sensação de segurança e pode induzir não fumantes a aderirem ao cigarro eletrônico. Os cigarros eletrônicos também não têm comprovação de que promova a sensação de uso dos cigarros convencionais. Isso faz com que algumas pessoas façam o uso duplo, ou seja, usam o cigarro eletrônico e o convencional.

Em 2016, foi publicado um estudo que mostrou a falta de evidências científicas sobre a segurança desses produtos. O estudo, chamado Cigarros eletrônicos: o que sabemos?, foi realizado em parceria entre o Ministério da Saúde – Instituto Nacional do Câncer (INCA), a Organização Panamericana da Saúde (OPAS) e a ANVISA.

No Brasil, esses produtos estão proibidos desde 2009, quando foi publicada a resolução RDC 46/2009. Esta norma traz as seguintes proibições:

Art. 1º Fica proibida a comercialização, a importação e a propaganda de quaisquer dispositivos eletrônicos para fumar, conhecidos como cigarros eletrônicos, e-cigaretes, e-ciggy, ecigar, entre outros, especialmente os que alegam substituição de cigarro, cigarrilha, charuto, cachimbo e similares no hábito de fumar ou objetivem alternativa ao tratamento do tabagismo.

Pontos nocivos do Cigarro Eletrônico: talvez, ele não seja tão diferente assim para o seu corpo

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Alguns estudos recentes têm mostrado a relação entre a nicotina e o câncer. Um estudo publicado na revista científica PLoS One, em 2013 mostrou que a substância pode alterar a expressão dos genes da células, tornando mais provável o aparecimento da doença. Essas descobertas podem mudar as medidas de recomendação para esse tipo de terapia.

Diferente da terapia de reposição de nicotina – como o chiclete de nicotina e o adesivo de nicotina, por exemplo -, nem sempre o usuário do cigarro eletrônico reduz gradualmente a quantidade dessa substância que ele está ingerindo.

Como o cigarro eletrônico se diz inócuo, o usuário tende a continuar com a mesma quantidade de nicotina anterior. Então ele, na verdade, está trocando uma vício  por outro.

Assim como funciona com o narguilé, um dos problemas disso é que não existem estudos que mostrem as consequências à exposição à nicotina em longo prazo. Além disso, o fumante usa o vício como uma maneira de enfrentar situações de seu dia, e com o cigarro eletrônico ele continua tendo esse tipo de visão sobre o problema.

Outro fator importante é a qualidade do refil ou do próprio aparelho. É bem comum que os usuários relatem dores de garganta ou falta de ar ao usarem alguns tipos desse dispositivo. Não se sabe também se a fumaça liberada por esses aparelho é segura para quem está ao redor dos usuários. Por isso mesmo, a Anvisa mantém o cigarro eletrônico sujeito às mesmas restrições que o cigarro comum em ambientes públicos.

Riscos do Cigarro Eletrônico

Cigarro eletrônico: quais os malefícios desse aparelho e como ele age no seu corpo

Embora os cigarros eletrônicos possam ajudar algumas pessoas a parar de fumar, há evidências crescentes de que o vaping pode ser prejudicial em alguns casos, e mais prejudicial do que evitar completamente o fumo.

Aqui estão 10 razões pelas quais as autoridades estão preocupadas:

  • Como já falamos, a maioria dos cigarros eletrônicos contém nicotina, que é viciante e desencadeia mudanças no cérebro do adolescente. É perigoso durante a gravidez, pois pode afetar o desenvolvimento fetal;
  • O aerossol contém solventes, aromatizantes e tóxicos, que o Surgeon General descreve como “prejudicial” ou “potencialmente prejudicial”;
  • E-cigarros expõem os pulmões a substâncias diferentes. Uma deleas é o dicetil, que pode causar “pulmão de pipoca”, uma doença pulmonar grave e irreversível;
  • O envenenamento potencialmente fatal resultou do engolimento acidental e da inalação do líquido do cigarro;
  • As pessoas que procuram parar de fumar deixarão de usar métodos convencionais e medicamente monitorados para fazê-lo;
  • Aqueles que usam ou que usaram e-cigarros são menos propensos a parar de fumar por completo;
  • Os adolescentes que usam produtos de cigarro eletrônico são mais propensos a começar a usar o tabaco normal também;
  • O uso continuado de nicotina pode tornar outros medicamentos, como a cocaína, mais prazerosos;
  • Os aromas, o marketing e o conceito de que não são prejudiciais, todos tentam os adolescentes a começar a usar o vaping. Existe a preocupação de que isso aumenta a chance de que eles fumarão cigarros convencionais mais tarde;
  • O tabagismo passivo não é eliminado pelo vaping, já que o vaping libera emissões carcinogênicas.

Além disso, os estudos se dividem quando o assunto é a colaboração do cigarro eletrônico para ajudar a vencer o vício de fumar.

Um estudo feito pela Universidade da California (Estados Unidos) comparou fumantes que estão tentando parar sozinhos com aqueles que usavam o cigarro eletrônico. O primeiro grupo trabalhou com 861 voluntários e 13,8% deles tiveram sucesso em deixar o tabagismo. Já o segundo grupo, que recorria ao cigarro eletrônico, era composto de 88 voluntários, e 10,2% deles conseguiriam sucesso na hora de parar com o cigarro comum.

Já outro estudo, feito na Nova Zelândia, comparou o cigarro eletrônico com o adesivo de nicotina. Após seis meses, 5,8% do grupo que usava o adesivo parou de fumar, contra 7,3% do grupo que estava com o cigarro eletrônico.

Porém, uma revisão de 44 estudos publicada em maio de 2014 pelo Centro de Produtos do Tabaco da FDA concluiu que falta material que mostre o real impacto do cigarro eletrônico na saúde de seus usuários.

Ou seja: apesar de parecer, o cigarro eletrônico pode ser mais nocivo do que você imagina.

Maria Confort
Maria Confort

Jornalista, cinéfila, fanática por literatura e, por isso, apaixonada pela ideia de entender pessoas.

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