Como as equipes da Fórmula 1 podem te ajudar na vida profissional

As equipes da Fórmula 1 funcionam sob uma organização bem planejada, baseada em dados e voltada para a inovação. Seu trabalho deveria ser assim.

Como as equipes de Fórmula 1 podem ajudar na sua carreira

Coloque “Fórmula 1: Drive to Survive” na lista de séries para assistir a seguir. Mesmo que não acompanhe nada de corridas de automóveis. Sabe por quê? A série documental da Netflix apresenta os bastidores da Fórmula 1, contando histórias sobre as equipes, os pilotos e seus triunfos e tragédias. E você pode aproveitar algo disso no seu trabalho.

À primeira vista, a F1 parece ser só mais uma categoria de automobilismo com fãs super animados e corridas nem tão empolgantes assim (já que Lewis Hamilton ganha tudo). Mas por trás do barulho dos motores estão organizações voltadas para altíssima performance, baseadas em dados e obcecadas por inovação.

Pense, por exemplo, que o sucesso de um piloto depende da dedicação de toda a sua equipe, desde os construtores até os mecânicos passando por assessores, treinadores, o cara que apenas segura placas, o que fala no rádio, etc. Da mesma forma, nenhum CEO de sucesso faz nada sozinho, sem a ajuda e o apoio de uma equipe enorme.

Na Fórmula 1, o objetivo de uma equipe é claro: vencer corridas e campeonatos. Nos negócios isso é menos óbvio, mas toda empresa tem metas que gostaria de atingir. Se sua equipe souber quais são elas, há uma série de práticas dos times da F1 que vocês podem “roubar”. Veja três delas.

Ninguém joga a culpa em ninguém – só nos dados

A equipe da McLaren em volta de Lando Norris

A cada semana, todas as equipes da Fórmula 1 fazem centenas de alterações para melhorar o desempenho de seus carros entre as corridas (e às vezes no meio delas). Essas decisões são sempre baseadas em dados.

Usar dados em vez do feeling na tomada de decisões remove uma camada desnecessária de emoção que pode atrapalhar muitas empresas. Mas isso pode ser bastante difícil, já que trocar intuições por dados deixa algumas decisões com ar de “erradas”. Para que isso dê certo, é preciso ter uma organização que abrace a experimentação.

E a melhor maneira de encorajar a experimentação é cultivar uma cultura sem culpa. Em vez de se concentrar em quem é o responsável, a equipe deve focar no que aconteceu (ou não aconteceu) e em como isso afetou o resultado – tirando insights bons do processo. Pode parecer mais difícil fazer isso do que só apontar dedos, e é, mas é por isso que também traz mais resultados.

Melhorar pequenas coisas é melhor que esperar grandes mudanças

Equipe da Ferrari durante uma corrida da Fórmula 1

Sabe o que é inovação incremental? É quando uma melhoria é aplicada em um processo ou tecnologia já existente, gerando um aumento exponencial da performance. Isso é lei na Fórmula 1, onde pequenas escolhas rendem segundos a menos em uma volta e aumentam de tamanho com o tempo.

Muitas empresas apostam na inovação disruptiva, em que algo completamente novo é criado do nada. É pouco provável que isso aconteça, além de ser mais fácil apostar que uma grande ideia vai cair do céu em vez de se dedicar muito a aperfeiçoar uma pequena. Afinal, a inovação incremental requer que você gaste seu tempo todos os dias para trabalhar em planejamento estratégico, analisar e criar novos sistemas e descobrir como integrar os membros da equipe em cada um.

Estudos sobre os efeitos a longo prazo de pequenas mudanças mostram que uma melhora de 1% ao dia na performance de uma equipe levará, ao final de 12 meses, a um resultado 37 vezes melhor. Parece pouco?

Compartilhe informações com todos os membros da equipe

Os pilotos Alexander Albon e Max Verstappen, da Red Bull

Ao trabalhar na organização de sua equipe, por exemplo, considere como você poderia melhorar a comunicação para que todos tenham acesso às informações certas. Foi o que Lewis Hamilton pediu em uma reunião feita após duas corridas ruins em que seu rádio apresentou defeitos.

Na Fórmula 1, a informação certa pode levar um carro a se aproximar no momento exato do concorrente à frente, ou a comunicar uma falha mecânica crítica que pode ser resolvida em segundos. Em uma empresa, munir os funcionários da linha de frente com as informações necessárias permite que eles tomem decisões sem pedir permissão para tudo, o que acelera os processos e estimula a agilidade organizacional.

Imagine se alguém em uma das equipes da Fórmula 1 precisasse enviar uma proposta de 10 páginas à alta administração para obter aprovação para cada uma das centenas de mudanças que são feitas nos carros em uma semana. Não funcionaria. Elas não podem perder tempo com burocracia – e você também não, seja qual for o tamanho da sua empresa. Companhias bem-sucedidas permitem que seus times tenham autonomia para que as lideranças possam focar em estratégias, não em táticas diárias.

Compartilhe
Felipe Blumen
Felipe Blumen

Historiador, jornalista de lifestyle e fã de foguetes, Corinthians, gibis e outras bagunças.

Comentários
Importante - Os comentários realizados nesse artigo são de inteira responsabilidade do autor (você), antes de expressar sua opinião sobre temas sensíveis, leia nossos termos de uso