Atitudes de um pai que podem impactar a vida do filho para sempre

Veja quais atitudes tomadas pelo pai podem mudar a vida de um filho.

Crianças absorvem os exemplos que recebem dentro de casa. Se você tem um filho, irmão novo ou criança na família, sabe que, mesmo quando você acha que ela não está olhando, ela está prestando atenção e sendo impactada pelo ambiente.

Você pode achar que suas atitudes passam despercebidas quando não são direcionadas para o seu filho. Mas elas, muitas vezes, não passam, e vão além: podem seguir a criança pela adolescência e vida adulta.

Pais super protetores, por exemplo, que insistem em realizar todas as atividades mais complicadas no lugar do filho e ainda dizem: “isso é muito difícil/perigoso, não se preocupe, eu faço” podem criar adultos inseguros sobre suas capacidades.

Apesar das variáveis em cada situação, estudos já apontaram e comprovaram o impacto de determinadas atitudes frequentes (ou não) tomadas pelos pais na vida de uma criança:

Trabalhar demais

Trabalhar demais - Influência paterna na vida do filho

Vários estudos já apontaram os impactos negativos de um pai viciado em trabalho. Entre eles, por exemplo, um demonstrou que as crianças (entre 5 e 10 anos) cujos pais trabalham mais de 55 horas por semana são mais agressivas.

A pesquisa, realizada na Alemanha analisou cerca de 1.440 crianças com cinco anos, 1.400 com 8 anos e 1.360 com 10 anos de idade.

E esse é apenas um das centenas de estudos recentes sobre o assunto. Todos com resultados preocupantes para pais que trabalham demais.

Ou seja: muita vezes, o pai acredita que está trazendo estabilidade financeira e felicidade para a família ao trabalhar em excesso quando, na verdade, pode estar prejudicando o desenvolvimento do filho.

O maior conselho dos terapeutas infantis é tentar, ao máximo, buscar um equilíbrio. Se trabalhar demais não for uma opção, tente se esforçar em casa para passar um tempo com as crianças e evite, ao máximo, faltar em eventos importantes para elas, como uma apresentação na escola ou um jogo de futebol.

Beber demais

Beber demais - Influência paterna na vida do filho

Assim como centenas de estudos já foram realizados sobre os efeitos negativos de pais que trabalham demais, muitas pesquisas sobre o impacto do álcool na vida das crianças também foram concluídas nas últimas décadas.

Você provavelmente sabe a gravidade desse problema, mas provavelmente não imagina que para influenciar negativamente a vida do seu filho basta beber frequentemente na frente dele e ter leves alterações comportamentais.

Violência doméstica é o extremo, mas a influência negativa na vida das crianças pode surgir apenas com a breve mudança de comportamento que você adquire ao beber umas doses extras na frente delas.

Você pode achar que não está machucando ninguém além de si mesmo, mas está errado: a criança percebe as variações de temperamento e as alterações na voz, nos gestos e no jeito de andar.

Provavelmente você se lembra daquele tio chato que insistia em fazer piadas sem graça e te irritar durante as festas em família depois que tomava umas latinhas de cerveja, certo? Então, imagine só absorver esse comportamento por dias dentro da própria casa?

Crianças que crescem nesse ambiente podem desenvolver problemas psicológicos graves e sérios problemas de compulsão, desde compulsão alimentar até compulsão sexual e uso excessivo de drogas.

O Dr. Janet G. Woititz escreveu um livro excelente sobre esse assunto. O título, em inglês, é “Adult Children of Alcoholics” e os dados apresentados nele são assustadores.

Agressão verbal

Agressão verbal - Influência paterna na vida do filho

O abuso verbal é um inimigo – ironicamente – silencioso. Enquanto os holofotes se viram (infelizmente ainda menos do que o necessário) para a violência física, as pessoas esquecem que a agressão verbal pode acabar com a vida de uma criança, mesmo quando a agressão não é voltada para ela.

Crianças que crescem em lares onde o pai julga, xinga e humilha a mãe verbalmente podem crescer com vários problemas psicológicos além de doenças físicas, como problemas na pele e no sistema nervoso.

A agressão verbal, aliás, pode ser sutil, mas quando frequente, as crianças tendem a absorver o comportamento e até repeti-lo fora ou dentro de casa.

Repreensões, xingamentos, gritos, insultos, ameaças, ridicularizações, humilhações, e críticas podem ser tão prejudiciais quanto um abuso físico ou sexual, aponta um relatório na edição de abril de 2016 da Mental Harvard Health.

Esse estudo sugere que quando a agressão verbal é constante, ela cria um risco de transtorno de estresse pós-traumático, o mesmo tipo de colapso psicológico muitas vezes experimentado por soldados.

Os pesquisadores também descobriram que a agressão verbal tem efeitos tão graves quanto os maus tratos físicos ou a violência sexual. Além disso, ela, por si só, é um fator de risco para a depressão, a agressividade e transtornos de dissociação.

Aliás, a exposição à agressão verbal pode afetar o desenvolvimento de certas regiões cerebrais!

Independentemente do estado de saúde mental, jovens maltratados na infância ou que presenciaram, com freqüência, agressões verbais apresentaram reduções de 6% em duas partes do hipocampo, em média, e de 4% nas regiões chamadas subiculum e presubiculum, em comparação com pessoas que não sofreram esse tipo de abuso.

Agressão física

Agressão física - Influência paterna na vida do filho

Há quem diga que o mundo está chato e que, agora, uma criança nem pode levar as palmadas dos pais para aprender uma lição. Bom, isso tem embasamento científico e, apesar das palmadas parecerem inocentes, elas não são, assim como qualquer tipo de agressão física não é: seja na criança ou nos outros membros da família.

Uma pesquisa realizada pelo Centro de Análises Econômicas e Sociais da PUCRS (Caes), mapeou as experiências de violência no cotidiano de crianças que vivem em favelas do Rio de Janeiro, Recife e São Paulo.

Elas sofrem violência física e psicológica a partir do primeiro ano de vida e as agressões ficam mais intensas entre os 2 e 4 anos de idade.

Entretanto, o cenário desesperador não é observado apenas nas favelas: em 2014, a cada dez minutos uma criança foi vítima de violência doméstica no Brasil.

O relatório mostra que a grande maioria das vítimas (55,73%) tem menos de 11 anos e que as meninas (47%) são mais agredidas do que os meninos (38%).

A violência mais comum é a negligência (37%), seguida de violência psicológica (45%), física (21%), sexual (13%) e outras (4%). Em 37,18% dos casos, o agressor é a mãe e em 17,64%, o pai.

Como consequência, as crianças podem reagir de vários jeitos ao presenciar ou sofrer violência doméstica: podem intervir, se isolarem ou se tornarem agressivas. Esses comportamentos podem parecer adaptativos no contexto da violência familiar (afinal, elas estão se protegendo) mas são desajustados em outros contextos.

Crianças que presenciam violência doméstica correm o sério risco de enfrentar diversos problemas psicológicos e, consequentemente, emocionais, comportamentais, sociais e acadêmicos.

Ou seja, nenhuma dessas atitudes devem ser tomadas mesmo em pequena escala: os resultados podem refletir para sempre na vida da criança.

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Maria Confort
Maria Confort

Jornalista, cinéfila, fanática por literatura e, por isso, apaixonada pela ideia de entender pessoas.

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