Ficar de mãos sintoniza mentes e realmente reduz a sensação de dor

Andar de mãos dadas com a pessoa que você ama realmente pode te ajudar a superar momentos difíceis, sabia?

Segurar a mão de quem a gente ama é quase instintivo, certo? Quando a gente começa a namorar alguém, mesmo bem novos, automaticamente já seguramos a mão da pessoa antes mesmo de trocar o primeiro beijo. Mas o que isso quer dizer? Será que a ciência encontrou uma justificativa para esse comportamento?

Por exemplo: estar ao lado da mulher, de mãos dadas, na hora do parto, pode realmente ajudá-la a suportar as dores de dar à luz. A conclusão é de um estudo publicado recentemente na revista Scientific Reports e realizado por pesquisadores da Universidade do Colorado em Bolder, dos Estados Unidos, e da Universidade de Haifa, de Israel.

De acordo com a pesquisa, em um casal com forte empatia, quando o homem segura a mão da companheira, a respiração e as batidas de coração dos dois entram em sincronia enquanto as dores se dissipam. O estudo é mais um que abarca o tema da “sincronização interpessoal”, fenômeno em que as pessoas passam a reproduzir aspectos fisiológicos daqueles com os quais convivem.

Pesquisas desta linha também já tinham mostrado que os indivíduos, subconscientemente, sincronizam seus passos com os das pessoas com quem caminham, e também têm as frequências cardíacas e ritmos respiratórios sincronizados quando assistem, por exemplo, a um filme com alta carga de emoção juntos.

Porém, esse novo é o primeiro a explorar a questão da “sincronização interpessoal” no contexto da dor e do toque. E o grande marco para a pesquisa se deu quando Pavel Goldstein, autor principal do estudo e pesquisador do Laboratório de Neurociência Cognitiva e Afetiva da Universidade do Colorado em Bolder, teve a sensação de que, ao segurar a mão da esposa durante o parto de sua filha, a ajudou a suportar a dor.

Como a pesquisa foi realizada

Ficar de mãos sintoniza mentes e realmente reduz a sensação de dor

Goldstein resolveu testar a relação entre o toque e a diminuição da dor em um laboratório. “Pode realmente o toque diminuir a dor? E, em caso afirmativo, como?”. Então, 22 casais heterossexuais foram recrutados, com idade entre 22 e 32 anos, que estão juntos há bastante tempo e, portanto, que têm alto grau de empatia.

Os pares foram colocados em um ambiente que simulava uma sala de parto. Os homens assumiram o papel de observadores, enquanto as mulheres enfrentaram situações de dor. Instrumentos foram usados para medir as batidas cardíacas e as taxas de respiração destes casais, que foram colocados, em um momento, juntos, mas sem se tocarem; depois, juntos, de mãos dadas; e, por fim, em salas separadas.

Apenas por estarem perto um do outro, já foi registrada uma sincronia na batida do coração e no ritmo respiratório dos casais. Ao expor a mulher à dor, gerada por calor no antebraço, esta sincronia, porém, foi interrompida. Mas quando o homem segurou a mão da mulher, a sincronia na respiração e no batimento cardíaco foi retomada e as dores diminuíram. “Parece que a dor interrompe totalmente essa sincronização interpessoal entre casais”, disse Goldstein. “O toque a traz de volta”.

O segredo está na empatia

Ficar de mãos sintoniza mentes e realmente reduz a sensação de dor

Segundo pesquisas de Goldstein, quanto mais empatia existe entre o casal, mais a dor diminui com o toque. Porém, o estudo ainda não pode verificar se a dor diminui por causa da sincronia ou vice-versa.

O cientista da Universidade do Colorado em Bolder afirma que mais pesquisas são necessárias para descobrir como o toque de um parceiro alivia a dor. Ele suspeita que a sincronização interpessoal pode desempenhar um papel, possivelmente afetando uma área do cérebro chamada córtex cingulado anterior, que está associada à percepção da dor, empatia e função cardíaca e respiratória.

Goldstein também assume que existem lacunas no estudo, já que não foi explorado se esta relação entre a diminuição da dor com o toque poderia ocorrer com casais do mesmo sexo. Também não foi analisado o que acontece quando o homem é o alvo da dor. Porém, acredita-se que o resultado seja o mesmo.

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Maria Confort
Maria Confort

Jornalista, cinéfila, fanática por literatura e, por isso, apaixonada pela ideia de entender pessoas.

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