Como melhorar sua memória sem se esforçar para isso

Tem problemas de memória? Veja como resolver esse problema sem precisar se esforçar.

Estudos recentes comprovaram que as mulheres possuem melhor memória do que os homens, principalmente em relação às lembranças autobiográficas. As pessoas do sexo feminino se lembram de detalhes específicos em tempo menor e com mais facilidade em comparação aos homens.

Segundo esses pesquisadores, o processo é consequência da criação “diferenciada” de filhos e filhas durante a fase de desenvolvimento da memória. A idade ideal para se “aprender” a formar lembranças é o período entre os dois e os seis anos de idade; e cientistas acreditam que conversar com as pessoas (principalmente com os pais) é o processo correto dessa formação. Esse tipo de diálogo nos ensina a contar histórias, gerando maior facilidade de recordação.

É homem ou simplesmente tem a memória ruim? Calma! A ciência pode te ajudar.

Como funciona a memória

Como melhorar sua memória sem se esforçar para isso

Quando tentamos memorizar algo, normalmente nos concentramos porque achamos que, quando fizermos isso, nossa capacidade de memorização aumentará. Porém, passar algum tempo sem fazer nada pode ser exatamente o que você precisa para memorizar algo novo.

Escureça o ambiente, sente-se e desfrute de 10 a 15 minutos de contemplação silenciosa, e você vai perceber que sua memória estará muito melhor do que tivesse tentado usar o momento de forma mais produtiva. Uma nova pesquisa revela que devemos buscar “interferências mínimas” durante essas pausas – evitando deliberadamente qualquer atividade que possa interferir na delicada missão de formação da memória. Por isso, evite executar tarefas pequenas, verificar seus emails ou mexer no seu celular. Você realmente precisa dar ao seu cérebro a oportunidade de uma recarga completa sem distrações.

Recarregue sua energia

Como melhorar sua memória sem se esforçar para isso

Os benefícios de estimulação à memória durante um repouso tranquilo foram documentados em 1900 pelo psicólogo alemão Georg Elias Muller e seu aluno Alfons Pilzecker. Ou seja, o negócio já é bem antigo, mas só agora foi altamente reforçado por outros estudos.

Em uma de suas muitas experiências sobre consolidação da memória, Muller e Pilzecker pediram aos participantes que memorizassem uma lista de sílabas sem sentido. Após um curto período de estudo, metade do grupo recebeu imediatamente uma segunda lista para memorizar – enquanto o resto descansou por seis minutos antes de continuar com a tarefa.

Testados novamente uma hora e meia depois, os dois grupos apresentaram diferentes padrões de memorização. Os participantes que descansaram por seis minutos lembraram de quase 50% de sua lista, em comparação com uma média de 28% do grupo que não pôde “recarregar” suas baterias mentais.

A descoberta indicou que nossa memória para novas informações é especialmente frágil logo após a codificação, o que a torna mais suscetível a interferências.

Apesar de vários psicólogos terem revisitado o tema, foi apenas no início dos anos 2000 que suas implicações mais amplas começaram a ser conhecidas, a partir de uma pesquisa de Sergio Della Sala, da Universidade de Edimburgo, na Escócia, e Nelson Cowan, da Universidade de Missouri, nos EUA.

Os pesquisadores queriam descobrir se uma interferência reduzida poderia melhorar as memórias de pessoas que sofreram uma lesão neurológica, como um acidente vascular cerebral, por exemplo.

Usando uma configuração parecida ao estudo original de Muller e Pilzecker, eles deram aos participantes listas de 15 palavras. Dez minutos depois, testaram a memória deles. Em alguns testes, os envolvidos permaneceram ocupados realizando alguns testes cognitivos. Em outros, foram convidados a se deitar em um quarto escuro e evitar cair no sono.

O impacto dessa pequena intervenção foi mais profundo do que qualquer imaginava. Embora os dois pacientes mais gravemente amnésicos não tenham se beneficiado, os outros triplicaram o número de palavras que poderiam lembrar – de 14% para 49%, colocando-os quase na faixa de pessoas saudáveis sem danos neurológicos.

Os resultados seguintes foram ainda mais chocantes: os participantes foram convidados a ouvir algumas histórias e a responder perguntas sobre elas uma hora depois. Sem descanso, eles só conseguiam lembrar apenas 7% dos fatos das histórias; com o resto, essa taxa saltou para 79% – um aumento assustadoramente maior de 11 vezes na informação que eles conseguiram memorizar.

Os pesquisadores também encontraram um benefício semelhante, embora menos pronunciado, para participantes saudáveis em cada caso, aumentando a proporção do que lembraram entre 10 e 30%.

Por que o repouso é importante?

Como melhorar sua memória sem se esforçar para isso

O mecanismo exato ainda não é conhecido, porém, algumas pistas apontam para a crescente compreensão da formação da memória.

A ciência já sabe, por exemplo, que, uma vez inicialmente codificadas, as memórias passam por um período de consolidação que as cimenta no armazenamento a longo prazo.

No passado, os cientistas acreditavam que isso acontecia principalmente durante o sono, com uma maior comunicação entre o hipocampo – onde as memórias são formadas pela primeira vez – e o córtex, um processo que pode construir e fortalecer as novas conexões neurais que são necessárias para a lembrança posterior.

Essa intensa atividade noturna pode ser a razão pela qual muitas vezes aprendemos coisas de forma mais eficaz antes de dormir. Mas, em linha com a pesquisa de Dewar, um estudo realizado em 2010 por Lila Davachi, da Universidade de Nova York, nos Estados Unidos, descobriu que a solidificação da memória não se limitava ao sono, e que atividade neural semelhante ocorre também durante períodos de repouso.

Nessa pesquisa, os participantes precisaram, primeiro, memorizar pares de imagens – combinando um rosto com um objeto ou uma cena. Então, puderam deitar e deixar suas mentes vagarem por um curto período. Como era de se esperar, Davachi revelou uma maior interação entre o hipocampo e as áreas do córtex visual durante o repouso. Segundo a pesquisadora, as pessoas que mostraram um maior aumento de conectividade entre essas áreas foram aquelas que se lembraram mais da tarefa.

Segundo a BBC: “Talvez o cérebro tenha algum tempo de inatividade potencial para cimentar o que acabou de aprender – e reduzir qualquer estímulo complementar neste momento pode facilitar esse processo. Parece que o dano neurológico pode tornar o cérebro especialmente vulnerável a essa interferência depois de aprender uma nova memória, razão pela qual o período de descanso provou ser particularmente importante para vítimas de AVC e pessoas com alzheimer”.

Ou seja, além do seu celular, seu cérebro também precisa de um tempo para recarregar.

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Maria Confort
Maria Confort

Jornalista, cinéfila, fanática por literatura e, por isso, apaixonada pela ideia de entender pessoas.

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