Parece que o terror foi instaurado e o desespero tomou conta dos postos de saúde no Brasil inteiro. O Ministério da Saúde anunciou, no dia 9 de janeiro, uma campanha emergencial de vacinação para conter o avanço da febre amarela em São Paulo, na Bahia e no Rio de Janeiro, em áreas que até então não tinham recomendação para imunização contra a doença. Mas calma: o cenário não é tão desesperador assim.
Nos três Estados citados acima, a meta será alcançar 19,7 milhões de pessoas a partir de fevereiro. Mas, para não compartilhar notícias falsas e nem entrar em pânico por causa da decisão do Ministério da Saúde, separamos algumas informações para que você entenda o que causa a doença, quais são os seus sintomas e o que fazer para evitá-la. Veja 14 coisas que você não sabia sobre a Febre Amarela:
A febre amarela é uma doença transmitida por mosquitos
A febre amarela é transmitida por uma espécie de mosquito comum em áreas de mata na África e na América do Sul. Até agora, a vacinação era recomendada antes da viagem para essas áreas com alto risco de contaminação. Os casos leves causam febre, dor de cabeça, náuseas e vômitos. Os casos graves podem causar doenças cardíacas, hepáticas e renais fatais.
Como falamos acima, ela é causada por um arbovírus (vírus transmitidos por mosquitos) do gênero Flavivirus febricis da família Flaviviridae, cujo reservatório natural são os primatas não humanos que habitam florestas e matas tropicais. Estudos genéticos demonstraram que esse vírus surgiu na África, há cerca de três mil anos e chegou no Brasil nos navios que traziam escravos para trabalhar nas minas e na lavoura, numa época em que as cidades não dispunham de saneamento básico e estavam infestadas de mosquitos. O resultado desse encontro do vírus da febre amarela com os mosquitos urbanos trouxe trágicas consequências para a saúde da população.
Há dois ciclos de transmissão da doença, o urbano e o silvestre
A transmissão silvestre é a mais comum e acontece em áreas rurais e de mata – e é esta que está rolando agora. Nela, o mosquito pica um macaco infectado e depois pica o homem, transmitindo a doença. O macaco é o principal hospedeiro do vírus, os mosquitos silvestres, como o Haemagogus ou o Sabethes são os vetores, e o homem é o hospedeiro acidental.
Na transmissão urbana – que não é registrada no Brasil desde 1942, o mosquito pica um homem infectado e depois pica outro homem. Lembrando: não há transmissão direta entre humanos. Neste caso, o mosquito Aedes Aegypti é o vetor, e o homem é o único hospedeiro.
Os sintomas são sentidos em três fases
Você pode se prevenir de quatro maneiras diferentes
Para se prevenir, você pode realizar 4 tipos diferentes de comportamento: se vacinar, é claro, é a primeiro comportamento ideal. A vacinação pode ser realizada com a dose integral (0.5ml) que vale para a vida toda, ou com a dose fracionada (0.1ml) que vale por pelo menos 8 anos – segundo o jornal Folha de São Paulo – e que será distribuída nas campanhas de vacinação em SP, RJ e BA.
Você também pode evitar picadas usando repelente, evitando perfume em áreas de mata e vestindo roupas compridas e claras quando entrar em alguma região com maior incidência de mosquitos.
Também é interessante controlar a proliferação desses insetos se livrando da água parada e do acumulo de lixo. Por fim, tente ficar longe das áreas de risco, como regiões de mata com registros da doença.
A transmissão urbana com Aedes Aegypti não rola no Brasil desde 1942
As incidências atuais são da transmissão silvestre! A transmissão urbana, onde o mosquito Aedes Aegypti pica o ser humano e depois pica outro ser humano transmitindo a doença, não acontece desde 1942.
A situação atual da febre amarela no Brasil é relativamente preocupante
No ano passado, o Brasil registrou recorde de casos da doença, concentrados em Minas Gerais. Após uma trégua no inverno, os registros voltaram a surgir, principalmente no Sudeste. Na capital paulista, a aparição de macacos com a doença na zona norte acendeu o alerta e deu início à vacinação em parte da cidade.
Os casos estão sendo relatados em zona de mata
Desde julho do ano passado, os casos confirmados pelo Ministério da Saúde ocorreram no Distrito Federal, Rio, em Minas Gerais e no Estado de SP. Entre as cidades paulistas com notificações mais recentes estão Itatiba, Jundiaí, Mairiporã e Nazaré Paulista – mas sempre em zona de mata. Na capital paulista, por exemplo, ninguém foi infectado.
Nem todo mundo precisa se vacinar neste momento
Quem deve se vacinar? A resposta é relativamente simples: pessoas que moram ou vão viajar para regiões silvestres, rurais ou de mata dentro das áreas de risco, no Brasil ou no exterior – a imunização deve ser feita dez dias antes da viagem. A lista de cidades com recomendação pode ser consultada em saude.gov.br/febreamarela. As crianças podem tomar a dose padrão a partir dos nove meses de idade (seis meses para as que vivem em locais com risco) e a dose fracionada a partir dos dois anos.
A vacina fracionada vai evitar a proliferação da doença
A vacina fracionada é uma dose com um quinto do volume da imunização tradicional. A dose padrão tem 0,5 ml e a fracionada tem 0,1 ml. A segurança é a mesma da tradicional, mas a validade, a princípio, é de apenas oito anos, enquanto a dose completa vale para a vida toda – até abril de 2017, o Ministério da Saúde recomendava duas doses (com intervalo de dez anos), mas depois reconheceu que uma é suficiente, o que é adotado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) desde 2014.
Nem todo mundo pode tomar a dose fracionada
Por não terem sido feitos testes para públicos específicos, os seguintes grupos devem continuar a receber a dose integral: crianças de nove meses até dois anos de idade e pessoas com HIV e outras condições clínicas, como, por exemplo, doenças hematológicas. Viajantes internacionais também precisam da dose plena.
Algumas pessoas não podem se vacinar
Crianças com menos de seis meses não devem tomar nenhuma das doses sob nenhuma hipótese. Na idade de seis a nove meses, apenas se houver indicação médica. A imunização é contraindicada para pacientes imunodeprimidos por alguma doença ou tratamento, como quimioterapia, e pessoas com alergia grave a ovo. Grávidas, a princípio, devem evitar, a não ser que o risco de contrair o vírus seja alto. “Se for uma gestante que mora num sítio onde um macaco morreu por febre amarela, por exemplo, vale a pena vacinar. Não é o caso, neste momento, de uma mulher que vive numa área urbana da cidade de São Paulo”, diz Rosana Ritchtmann, consultora da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia). Na dúvida, deve-se consultar um médico.
A febre amarela pode matar
Entre os principais sintomas, estão: febre súbita, calafrios, forte dor de cabeça, dores no corpo, fraqueza e vômitos. A maioria das pessoas melhora depois, mas cerca de 15% desenvolvem a forma grave da doença após um intervalo de até um dia sem sintomas. Nesses casos, pode haver icterícia, que deixa pele e olhos amarelados (daí o nome da doença), hemorragia e insuficiência de órgãos que leva a morte.
Não há cura para a febre amarela
Não há tratamento específico para a doença, apenas para os sintomas. Analgésicos e antitérmicos podem ser usados para aliviar febre e dor. O ministério recomenda evitar aspirina e derivados, pois podem favorecer reações hemorrágicas. Neste ano, pela primeira vez uma paciente com hepatite fulminante causada pela doença recebeu transplante de fígado.
O tratamento de suporte consiste em manter o paciente bem hidratado e introduzir drogas para equilibrar a pressão arterial, corrigir os desequilíbrios metabólicos e aliviar os sintomas. Assim como na dengue, o uso de remédios que contenham ácido acetilsalícilico é contraindicado, porque aumenta o risco de sangramentos.
Nos casos mais graves, o paciente pode necessitar de diálise e transfusões de sangue.
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