A FDA, agência que regula o setor de remédios e alimentos nos Estados Unidos acabou de aprovar a entrada do Flibanserina, o ‘viagra feminino‘ no mercado. Depois da revolução que o medicamento de disfunção erétil fez para o homem quando surgiu em 98, chegou a vez de muitas mulheres terem acesso ao prazer que, até então, era negado.
Esta pode ser a salvação de muitos relacionamentos longos afetados pela rotina, stress e os problemas de saúde. Mas, será que a Pílula Rosa funciona da mesma maneira que a Pílula Azul? Fui atrás das respostas para você.
Medicamentos para ereção masculina
De acordo com o médico Dráuzio Varella, no homem, o mecanismo da ereção depende de duas vias fundamentais. A primeira é o cérebro. Parte do cérebro faz o estímulo psicológico que, através da medula espinhal, atinge os nervos que vão enervar o pênis, uma estrutura anatômica predominantemente vascular, com um corpo cavernoso de cada lado.
Os corpos cavernosos funcionam como esponjas. Quando seus vasos dilatam e no pênis entra mais sangue do que sai, acontece a ereção. Esse mecanismo depende especialmente da liberação de um mediador químico e segundo responsável pela ereção: o óxido nítrico. Sua ação na parede dos vasos provoca vasodilatação e facilita a entrada de sangue.
Hoje em dia, existem dois grupos de medicamentos que auxiliam o funcionamento do mecanismo da ereção. Um grupo age no sistema nervoso central que manda estímulo para o pênis e o outro age diretamente nos vasos dos corpos cavernosos, especialmente sobre uma enzima que favorece a liberação do óxido nítrico assegurando vasodilatação mais eficaz e, portanto, maior afluxo de sangue e ereção de melhor qualidade.
Em ambos os casos, a medicação age fisiologicamente no organismo, ou seja, uma ação em determinado ponto causa uma consequência, no caso a ereção.
O desejo sexual feminino
“Nós, médicos, costumamos dizer que existem três formas de disfunção sexual entre os homens: ereção, ereção e ereção. Entre as mulheres, os problemas também são três: desejo, desejo e desejo”, afirma Stephen Stahl, psiquiatra da Universidade da Califórnia em San Diego.
A causa certa desse declínio – e até mesmo as origens do desejo – é um mistério para os pesquisadores. Uma das teorias aponta que o distúrbio, conhecido como frigidez ou anafrodisia, resulta de uma incapacidade de “desligar” as partes frontais do cérebro responsáveis pelas tarefas cotidianas. Como resultado, esse circuito, que lida com motivação e prazer, é inibido.
A diferença entre o desejo sexual feminino e masculino é nítida. Enquanto no caso deles, o desejo é geralmente espontâneo, o delas é mais complexo e depende de fatores externos ao ato sexual, como saúde física e emocional, condição socioeconômica e vínculo afetivo.
Desde que o Viagra masculino comprovou ser eficiente do tratamento da disfunção erétil, começou uma corrida para encontrar um medicamento semelhante para as mulheres – mas um que tenha uma ação no cérebro e não nos órgãos genitais diretamente.
A Pílula Rosa, ou o Viagra feminino
O Flibanserin foi um dos primeiros a aparecer. Inicialmente desenvolvido para ser um antidepressivo, provou-se ineficaz na alteração do humor. Mas nos estudos clínicos com a droga, as mulheres manifestavam um efeito colateral inesperado: um maior interesse na prática de sexo.
O remédio parece agir regulando o equilíbrio dos neurotransmissores nos circuitos cerebrais, principalmente a dopamina, a noradrenalina e a serotonina. “Acreditamos que a droga normaliza ou compensa algo que não esteja ajudando a afinar esses circuitos. Ou ainda, ela pode permitir que as mulheres se libertem da ação desses circuitos frontais que estão inibindo o desejo sexual”, revela Stephen Stahl.
A flibanserina foi testada em mulheres que têm redução ou ausência de desejo sexual e que sofrem com esta condição. Fizeram parte dos estudos clínicos mais de 11 mil mulheres com média de idade de 35 anos e que estavam em relações estáveis e monogâmicas.
A substância já foi rejeitada duas vezes pela agência reguladora de remédios americana, a FDA, sob o argumento de que sua eficácia era muito modesta em comparação ao placebo. No início dos testes, mulheres relatavam de duas a três relações sexuais satisfatórias por mês e, após o início do uso do remédio, passaram a ter uma a mais.
Outro estudo de 2013 na revista “The Journal of Sexual Medicine” mostrou que as mulheres que tomaram a droga relataram um aumento médio de 2,5 eventos sexuais satisfatórios em quatro semanas, em comparação com um aumento de 1,5 entre mulheres que usavam um placebo.
O que não esperar do Viagra Feminino
Diferente do Viagra masculino, o Flibanserina devolve o tesão imediatamente para as mulheres. O Viagra ajuda a aumentar o fluxo de sangue em direção ao pênis, suprindo uma função biológica, enquanto a flibanserina age reequilibrando os neurotransmissores da parte frontal do cérebro.
Outra diferença é no consumo. Ao contrário do Viagra, que é tomado apenas quando se está prevendo uma relação sexual e funciona em poucas horas, a Flibanserina deve ser tomada diariamente e os efeitos podem ser percebidos depois de quatro semanas de tratamento. De acordo com o laboratório, não há uma duração padrão do tratamento, que deve ser definida pelo médico de referência.
Resumindo: se a nova droga para estimular o prazer feminino vai funcionar? Isso só o tempo vai dizer, mas será de maneira bem diferente dos remédios para ereção masculina. Mas, está bem claro que na mulher, desejo sexual é muito mais complexo do que o dos homens e deve ser trabalhada de diversas frentes. É praticamente como comparar um computador com processador 486 a um Intel Core i7.
Fonte: Globo, BBC, Drauzio Varella
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