A moda masculina está se adaptando à Geração Z (e isso é bom)

A moda masculina está sempre mudando e agora tenta conquistar a Geração Z e suas novas ideias de masculinidade. E isso não precisa ser ruim para o "machão" tradicional.

Moda masculina e Geração Z, uma relação boa para todos

Se você é do tipo de homem que se dói ao ler qualquer coisa sobre masculinidade que não seja aquele senso bem comum, é melhor pular este texto. Quer dizer, é melhor ler. O mundo definitivamente esta mudando. E com a Geração Z se tornando cada vez mais consumidora, quem vende ideias de masculinidade está revendo seus conceitos, principalmente a moda masculina. Mas isso não é ruim para os machões de plantão.

A Geração Z (gente nascida entre o fim dos anos 1990 e o começo dos 2000) é muito mais flexível sobre papéis de gênero do que as anteriores (incluindo Millennials). A ideia do “macho” que não lava nem a bunda e da mulher submissa já não cola mais entre boa parte dos mais jovens.

Segundo uma pesquisa recente, por exemplo, esses jovens realmente conhecem alguém que atende por pronomes neutros (ao contrário dos mais velhos, que só leem isso na internet). Além disso, suas celebridades favoritas – Harry Styles, ASAP Rocky, Travis Scott, etc. – têm noções de estilo que vão muito além de “roupas masculinas”.

É lógico, então, que quem vende roupas para essa galera esteja preocupado em se adaptar a (ou até antecipar) essas novas ideias. A forma que isso tem sido feito, contudo, tem trazido alguns benefícios até para os mais tradicionalistas.

O equilíbrio das masculinidades

Tricôs e camisas abertas fazem o estilo Harry Styles

A ideia de que a masculinidade esteja em evolução é um grande desafio para as marcas. Por um lado, nem todos os consumidores se sentem confortáveis ​​com as novas formas de masculinidade – e com a ideia de que o que eles acreditavam hoje é visto como tóxico. Por por outro lado, a moda não pode mais anunciar apenas baseadas em antigos estereótipos masculinos.

Marcas que conseguem atingir um equilíbrio são capazes de se envolver com o público masculino como nunca antes. Algumas das mais famosas do mundo estão apostando em roupas mais neutras em termos de gênero. Outras têm investido em novas versões de produtos antigamente considerados “femininos” (como bolsas, relógios, cosméticos, etc.) especificamente para homens.

Como vender para essa galera?

Travis Scott mostra como usar blazer e gola alta

Historicamente, o marketing para homens era bem básico e manjado: atletas, carros, objetificação de mulheres e outros estereótipos do que os caras gostam. Mas, à medida que a definição de masculinidade se amplia, as marcas têm tentado expandir suas mentes.

Como? Abrindo espaço para diferentes versões de masculinidade, apresentando uma ampla gama de modelos e produtos, destacando as muitas identidades dos compradores do sexo masculino, mostrando homens em espaços menos tradicionalmente “masculinos” e focando em diversidade.

Não é inventar a roda, é mostrar que muito mais homens hoje estão cuidando das crianças, começando a cozinhar e ocupando outras funções que não costumavam ser vistas como “tradicionais”. Hoje, se um cara quiser ser atraente para mulheres ele tem que se cuidar – o que envolve manter o cabelo, a barba e a pele em dia, por exemplo.

Especialistas em marketing digital e de conteúdo dizem que jovens compradores homens querem ver todos os tipos de corpos e personalidades diferentes em campanhas. Isso inclui fazer propaganda não só com atletas e atores. E vender roupas que sirvam e fiquem bem não só em atletas e atores.

Moda acessível e não intimidante

A collab Gucci x The North Face

Claro, nem todo consumidor abraçou uma ideia mais inclusiva de masculinidade. Muitos dos nossos leitores nos xingam quando falamos disso. Existe um risco para as marcas, então, de afastar esses caras logo de cara e perder consumidores a curto prazo quando começam a produzir moda masculina para uma Geração Z mais livre.

A solução para se conectar com os homens que curtem um marketing mais tradicional e “masculino” tem sido criativa. Integrar elementos desse universo em uma abordagem mais moderna. Um balm que um machão usa na sua barba de lenhador, por exemplo, não deixa de ser um cosmético.

Fazer piadas com estereótipos e injetar humor em coisas mais “masculinas” pode ajudar os compradores mais tradicionais a perceberem o quão desatualizados alguns de seus conceitos (de moda, inclusive) estão. Mas a ideia não é intimidar um cara que curte suas roupas “masculinas” e gosta de se vestir bem, apenas mostrar que existem opções para todo mundo hoje em dia – incluindo versões modernas das coisas que ele já curte.

No fim das contas, todo mundo tem mais opções de coisas para vestir. Ou produtos disponíveis para se cuidar. Um cara hoje pode usar a roupa que quiser, passar creme na cara e ainda ser reconhecido como símbolo de masculinidade. E há quem reclame.

Felipe Blumen
Felipe Blumen

Historiador, jornalista de lifestyle e fã de foguetes, Corinthians, gibis e outras bagunças.

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