Relógio masculino ou feminino? Novos consumidores não ligam mais

Fabricantes têm se importado menos se um relógio dos seus é masculino ou feminino desde que conseguiram atingir o sonhado público jovem.

Relógio masculino ou feminino? A fabricante francesa Cartier já não parece se importar tanto com isso

Demorou, mas a indústria de relógios finalmente conseguiu começar um movimento de renovação do seu público. Saem de cena os homens velhos e ricos e entram, finalmente, os caras mais jovens e as mulheres. E, com isso, uma mudança pode ser percebida: dizer que um relógio é “masculino” ou “feminino” já não significa muita coisa.

Um exemplo dessa tendência vem de fora do Brasil. É o perfil Dimepiece no Instagram, que tem feito sucesso ao publicar imagens de mulheres famosas com seus relógios, explicando de quais modelos as fotos se tratam. Seus seguidores são majoritariamente mulheres colecionadoras ou que apenas querem saber mais sobre relógios, claro. Mas há muitos homens também.

A indústria está atenta a esse movimento. Depois de mais de uma década vendo seus clientes desaparecerem – ou trocarem relógios por smartwatches -, as fabricantes de relógios se recuperaram. Em parte graças às vendas online, ao mercado de segunda mão e, principalmente, à demanda por relógios femininos, que vem crescendo anualmente.

Não há dúvidas de que mulheres estão comprando mais relógios e tomando espaço num universo dominado por homens e modelos feitos para eles. Mas há outra mudança se concretizando. Homens e mulheres estão abandonando os rótulos tradicionais de relógios “masculinos” e “femininos”.

Relógios masculinos, femininos ou neutros?

Pierce Brosnan com o seu Cartier Panthère nos anos 80

Tradicionalmente, os relógios masculinos são grandes e com características especiais, como coroas e mostradores adicionais. Enquanto isso, os femininos são menores e mais discretos, quase parecidos com pulseiras. Mas o que vendedores têm percebido nos últimos anos é que consumidores homens estão comprando relógios voltados para mulheres e vice-versa. E isso tanto no mercado de luxo como em marcas mais acessíveis.

Um bom exemplo é o modelo Panthère, da francesa Cartier. Embora teoricamente feminino, ele foi tradicionalmente associado a homens – seu garoto-propaganda era Pierce Brosnan, por exemplo. Hoje, o Panthère é um dos favorito de celebridades como Bella Hadid e Zendaya.

Marcas de relógios tradicionais estão se tornado menos rígidas no direcionamento e na comercialização de seus relógios. O que não significa que o futuro pode levá-las a abandonar totalmente a ideia de relógio “masculino” e “feminino”. Há uma questão aí.

Fabricantes e consumidores reconhecem que, se as marcas deixarem de definir o gênero de seus relógios, elas podem ver as vendas crescerem. Mas também há um temor de que, se todos os relógios virarem neutros, eles sejam muito parecidos como já são (grandes e masculinos). O que afastaria o novo público de mulheres e de homens que querem relógios menores.

Seja como for, o negócio é explorar opções. Até a alta relojoaria já está percebendo que as pessoas tem que usar o que quiserem. E você, homem, pode escolher o relógio que te deixar mais confortável e estiloso, apesar do nome oficial que ele tenha.

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Felipe Blumen
Felipe Blumen

Historiador, jornalista de lifestyle e fã de foguetes, Corinthians, gibis e outras bagunças.

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