Quem acompanha de perto os grandes campeonatos europeus de futebol sabe que é lá que estão os maiores jogadores do mundo. Mas não só eles. É no futebol europeu que estão também os grandes treinadores. E é lá que está Pep Guardiola.
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Josep Guardiola nasceu na Catalunha em 1971 e teve uma carreira toda dedicada ao futebol. De jogador bom a técnico excelente, ele acumulou títulos por onde passou: Uefa Champions League, campeonatos nacionais, copas e supercopas. E muito disso com times completamente dominantes. Não à toa muitos o chamam de melhor técnico do mundo – e um dos melhores da história.
Mas isso se justifica? Guardiola é o maior de seu tempo? Para nós, sim. E aqui vão alguns argumentos.
Aprendeu com um mestre
Durante os anos 80, o Barcelona sofreu um pouco para ter o sucesso que um clube do seu tamanho deveria ter. Eles procuraram um velho herói para fazer as coisas andarem e trouxeram o holandês Johan Cruyff como técnico. Cruyff foi uma lenda no Barcelona durante seus dias de jogador e começou uma carreira de treinador de sucesso com o clube de sua cidade natal, o Ajax.
O Barcelona precisava de uma identidade – e Cruyff entregou. Ele assumiu o time em 1988 e, três anos depois, encantou o mundo com seu método de jogar futebol através do domínio da posse de bola. Venceu a Liga por quatro temporadas consecutivas contando com um jogador muito bom no meio de capo, Pep Guardiola. Foi ali que ele foi exposto à ideia holandesa de “futebol total”, que pôde ser vista depois nos times sob seu comando técnico.
O Barcelona de Pep Guardiola
Guardiola deixou o Barcelona como jogador em 2001, cinco anos antes de se aposentar, em 2006. Em 2007, ele estava de volta ao seu país, ansioso para impor sua filosofia de jogo em uma equipe. Teve a oportunidade de treinar o Barcelona B e depois de apenas uma temporada impressionou tanto que assumiu o time principal.
Foram quatro anos como treinador do Barcelona, com três títulos da Liga dois da Liga dos Campeões. Mais que isso, o estilo tiki-taka de dominância e plasticidade fez muita gente assistir aos jogos do Baça pensando estar diante de um dos melhores times de todos os tempos.
O efeito Guardiola na Alemanha
Guardiola deixou o Barcelona em busca de novos desafios e, após um breve período sabático, assumiu o comando do gigante alemão Bayern de Munique em 2013. Ele não mudou seu estilo e venceu a Bundesliga em cada uma das três temporadas que passou com os alemães.
É verdade que o que o Bayern realmente queria de Guardiola era um título na Champions League – o que não veio. Um fracasso do técnico? Depende do ponto de vista. Seu estilo de jogo no time da Baviera foi praticamente replicado na seleção alemã (que convoca muitos jogadores do Bayern) campeã mundial em 2017. Sim, aquela que meteu 7×1 no Brasil.
O rei na terra da rainha
Os fãs britânicos de futebol esperam que os jogadores e treinadores levem a Premier League mais a sério do que qualquer outro campeonato. Não à toa muitos dizem que o que falta a Lionel Messi (além de uma Copa do Mundo) é um título do Campeonato Inglês.
Pep Guardiola assumiu o Manchester City em 2016 e, depois de um início instável, foi ganhando força até se tornar uma das únicas equipes a ganhar troféus consecutivos da Premier League. Seu City bateu o recorde de mais pontos em uma temporada (101) e domina o país há anos.
Falta o título da Champions League? Sim, mas ele parece cada vez mais perto.
Os números não mentem
Nenhuma história te convenceu? Ok, então vamos ver a carreira de Pep a partir de alguns números. São cinco títulos europeus, dois atrás de Sir Alex Ferguson e Carlo Ancelotti (indiscutivelmente dois dos maiores técnicos da história). São duas “olherudas” da Liga dos Campeões, uma atrás de Zinedine Zidane, Bob Paisley e Ancelotti.
No geral, Guardiola acumula 30 troféus de grande expressão, 19 a menos do que o antigo comandante do Manchester United. No seu ritmo atual de taças e ligas – 2,7 por temporada – ele ultrapassará Ferguson em oito a nove temporadas.
Isso sem contar que Sir Alex fez isso em um período de quase três décadas em um dos maiores clubes do futebol mundial. Guardiola é técnico há 13 anos.
A relação com o Brasil
Nós jamais pagaríamos pau para um técnico que despreza o futebol brasileiro (por mais que ele esteja meia bomba hoje). E, felizmente, Guardiola é um grande fã.
A seleção brasileira de 1982 encantou o mundo, influenciou o futebol e fez com que o jovem Pep, aos 11 anos então, se apaixonasse pelo modo ofensivo com que o time jogava e a constante movimentação dos jogadores, capaz de deixar qualquer adversário perdido em campo. Quase 30 anos depois, Guardiola usou muitos dos conceitos de Telê, Sócrates, Falcão, Zico, Júnior e cia para criar o tão famoso tiki-taka.
Além disso, é conhecido no mundo da bola o desejo do técnico catalão em treinar a Seleção Brasileira. Talvez depois de voltar a ganhar a Champions League seja um dos maiores objetivos profissionais de Pep levar também a Copa do Mundo. Pouco provável que seja com o Brasil, dada a rejeição nacional à ideia de um técnico gringo, mas quem sabe? Ainda que não role, o respeito pelo menos é mútuo.
Estilo Guardiola
A principal função de um treinador de futebol é transmitir a ideia de como seu time funciona. O trabalho é tático – os técnicos determinam como o time deve jogar e fazem os jogadores executarem essa visão – mas também visual. Sendo a face pública do clube, eles precisam se vestir bem – e Pep faz isso.
Os fãs das antigas vão se lembrar de Guardiola por seus ternos elegantes, bem cortados e acompanhados de gravatas finas. Hoje ele prefere algo mais discreto e prático: suéteres cinza com gola redonda sobre camisas brancas, calças justas com bainha no tornozelo e um par de tênis – um visual mais Faria Lima do que do futebol.
Às vezes os suéteres são mais escuros ou ele arrisca uma gola V, mas o resto está sempre lá. O visual é uma marca de Guardiola, reconhecido como um dos técnicos mais estilosos do mundo. O que lhe rende pontos tanto em estilo quanto em marketing pessoal. Não é só em campo que se constroem campeões.
Fogo nos olhos
Depois de renovar seu contrato com o Manchester City, Guardiola disse aos repórteres que só iria embora se seu “fogo” desaparecesse. No momento, isso não parece provável, já que o time foi construído em torno dele, com uma infraestrutura perfeitamente adequada ao seu estilo.
E mesmo que ele fosse embora do time, dificilmente seria por alguma preguiça ou cansaço com o futebol. O técnico tem fogo nos olhos e, descansar funciona para ele apenas como uma maneira de estudar, refletir e melhorar. Essa mentalidade é frequentemente citada por técnicos brasileiros que se vendem também como “estudiosos” – muitos dos quais procuraram estágios com o próprio Pep Guardiola. E definitivamente é uma característica de qualquer pessoa que se torna a melhor naquilo que faz.
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