Se você gosta de “O Poderoso Chefão“, “Os Bons Companheiros“, “Narcos“, “Peaky Blinders” e outras obras sobre mafiosos e contraventores, imagine o seguinte: a história de um chefão da máfia, mas que se passa no Rio de Janeiro, nos anos 80 e com direito a muito futebol e samba. Esse é o enredo da série documental “Doutor Castor“.
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A produção original do Globoplay é dirigida por Marco Antonio Araujo e dividida em quatro episódios. Neles, conhecemos a história real (e quase inacreditável) do bicheiro Castor de Andrade.
Com entrevistas e muita imagem de arquivo, a série explora as complexas relações do personagem principal com a contravenção, com o time de seu bairro, o Bangu Atlético Clube, e com sua escola de samba do coração, a Mocidade Independente de Padre Miguel.
Se essa premissa ainda não é o suficiente para você começar a assistir, aqui vão algumas razões que podem animar a dar o play.
Mostra um futebol das antigas
Castor de Andrade foi durante muitos anos o homem forte por trás do Bangu. A equipe do subúrbio carioca, de origem operária, montou alguns esquadrões ao longo dos anos 70 e 80 graças ao dinheiro do bicheiro – que chegou até a estampar um castor no uniforme do time em homenagem a si mesmo.
É possível ver na série como eram os treinos, os jogos no Estádio Moça Bonita, as concentrações e tudo que envolvia o futebol na época. Dos torcedores aos jogadores e técnicos, tudo era completamente diferente. Destaque para a história dos vice-campeonatos carioca e brasileiro de 1985, muito bem contadas.
Tem o Carnaval na época da pura bagunça
Se sempre se ouviu que o Carnaval carioca devia muito do seu luxo ao jogo do bicho, a série deixa isso bem claro. Doutor Castor, como era chamado, foi patrono da Mocidade e, ao contrário do Bangu, o investimento deu certo.
A série mostra os bastidores dos títulos da Mocidade na Sapucaí, com os desfiles vistos da pista, as apurações repletas policiais e criminosos, a comemoração insana das comunidades – regada a muito chopp.
É a história do Brasil contada
O tempo percorrido pela série vai desde o começo da ditadura até o fim dos anos 1990. Não só a história de Bangu e do Rio de Janeiro estão ali mostradas, como também a do Brasil.
Seja com os militares no governo, seja com políticos civis, a série passeia pelos meandros do poder ao mostrar Castor de Andrade brigando ou fazendo as pazes com os mais diversos poderosos.
O estilo da galera
É muito bom poder ver um documento de como as pessoas comuns usavam suas roupas, penteados, barbas e bigodes há décadas. Prepare-se para muitos daqueles shorts minúsculos clássicos do futebol, além de roupas bem mais apertadas no geral.
O mais interessante, contudo, é ver de onde veio o “estilo bicheiro”: os caras realmente circulavam por aí de camisa aberta, óculos escuros e cordões.
A corrupção escancarada
Polícia, crime, política e corrupção se misturam ao longo dos episódios. É possível aprender como o dinheiro sempre deu o tom nas relações entre os distintos grupos no poder e os “criminosos” da vez.
Em todas as instâncias, do juiz comprado à lista de políticos que recebiam propina, Castor de Andrade foi um exemplo de corruptor no Brasil. E muita gente famosa aparece na série como beneficiários dessa corrupção.
O crime comanda o Brasil
O crime pode até não compensar se pensarmos que muitos dos pequenos criminosos acabam presos e alguns dos grandes acabam mortos pelos seus rivais. Mas ele sem dúvida manda no Brasil.
A série mostra como a raiz das milícias do Rio de Janeiro está no jogo do bicho da época de Doutor Castor. E apresenta de forma bem direta seu “legado” deixado para a cidade na área do crime: violência e mortes e disputas por poder que duram até hoje.
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