Imunidade contra Coronavírus não existe, apontam estudos

De acordo com cientistas, os recuperados de covid-19 podem não produzir anticorpos suficientes para impedir uma futura reinfecção

imunidade coronavírus

Muito se espera que, em um futuro próximo, por meio da imunidade de rebanho, a população não seja suscetível a contrair o covid-19. Porém, estudos realizados até então apontam para uma situação nada animadora. Talvez os seres humanos podem nunca desenvolver uma imunidade contra coronavírus.

Essa conclusão saiu de pesquisadores da Universidade de Wuhan e da Universidade do Texas, em um artigo não revisado e publicado no site medRxiv.org na terça-feira, 16.

Entenda os estudos

A conclusão surgiu de um estudo que analisou se profissionais na área de saúde em Wuhan, na China. O objetivo era ver se eles haviam desenvolvido anticorpos contra a doença no início da pandemia. Pelo menos um quarto das mais de 23 mil amostras foram infectadas com o vírus, mas somente 4% criaram anticorpos até abril. Dessa maneira, isto não significa que eles estão imunes.

Para efeito de comparação. Outras doenças no passado, como Sars e do MERs, as pessoas desenvolviam anticorpos capazes de dar uma imunidade de até quatro anos para quem foi infectado. Até agora não se sabe se o mesmo vale para a covid-19.

Dessa maneira, o estudo mostrou que nem todo mundo que foi infectado produziu os anticorpos necessários para barrar futuros contágios da doença. E, mesmo quando produziram, eles não duraram muito tempo.

Wuhan decidiu colocar em prática um programa inédito no mundo para testar toda a população de 11 milhões de habitantes. Até o dia 25 de maio, cerca de 6,8 milhões passaram pelos exames e os resultados iniciais haviam acendido um alerta. Os testes identificaram 206 pessoas com o vírus ativo no organismo. E, mesmo sem sintomas, elas estavam espalhando a doença.

Assim, as amostras coletadas em março e abril por pesquisadores chineses indicam que só 10% da população havia desenvolvido anticorpos contra o vírus. O que mostra que, sem uma vacina, vai ser difícil que todo o mundo desenvolva uma imunidade à doença somente por contraí-la.

Imunidade contra Coronavírus

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Já outros estudos realizados para observar o grau de imunidade de pessoas já curadas da covid-19, a conclusão foi algo parecido. Um deles foi realizado por pesquisadores espanhóis. Analisou-se o plasma sanguíneo de 111 pessoas infectadas com o vírus e que tiveram sintomas leves ou nem apresentaram sintomas.

De acordo com os especialistas, 44% dessas pessoas apresentaram níveis extremamente baixos de anticorpos neutralizantes. Ou seja, elas não estariam protegidas contra uma segunda infecção.

Aliás, a mesma pesquisa revelou que quem apresentou sintomas graves da doença tinham aproximadamente 10 vezes mais anticorpos do que outros grupos.

Em uma outra pesquisa na Alemanha, os cientistas também observaram duração curta da imunidade protetora ao coronavírus. Em um estudo que monitorou 10 homens que tiveram a doença. Os cientistas constataram uma redução substancial nos níveis de anticorpos depois de seis meses. Isso aumentaria o risco dessas pessoas sofrerem uma segunda infecção.

Por fim, outro estudo feito em Beijing, sugere que, quanto mais anticorpos os pacientes de coronavírus produzem, piores os resultados. De acordo com eles, quem tinha o anticorpo mais forte, acabou morrendo.

Assim, reforçamos aqui que cientistas ainda pedem cautela e sugerem que os recentes estudos não seja levado a ferro e fogo.

Ou seja, o negócio é esperar até que mais estudos complexos apareçam ou crie-se uma vacina que realmente proteja contra o coronavírus. Por hora, a recomendação é que todos, até aqueles que já tenham sido infectados, continuem tomando os devidos cuidados.

Por isso, continuem lavando as mãos, usando álcool em gel, saindo de máscaras e mantendo distanciamento social.

Fonte: Exame

 

Leonardo Filomeno
Leonardo Filomeno

Jornalista, Sommelier de Cervejas, fã de esportes e um camarada que vive dando pitacos na vida alheia

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