Tão famoso quanto na terra dos kilts e da gaita de fole, os Estados Unidos, ao lado da Escócia, contam com o maior número de destilarias de whiskys em funcionamento. O destilado chegou na terra do Tio Sam ainda no século 18, por conta dos imigrantes irlandeses e escoceses, que conheciam a técnica de transformar os seus excedentes da colheita de grãos em destilados.
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Com o passar dos anos, o país não só ganhou uma escola de whiskys, como uma grafia particular, processos únicos, que ganharam fama e foram difundido no mundo inteiro. Conheça melhor o whiskey americano e os rótulos que você precisa beber.
Whisky ou Whiskey?
Primeiramente, é necessário deixar claro que “Whisky” é a nomenclatura dada a categoria da bebida alcoólica destilada de grãos, muitas vezes incluindo malte, que foi envelhecida em barris. Sua graduação alcoólica tem teor de 38 a 54% de álcool etílico em volume.
No caso da bebida produzida nos EUA ou na Irlanda, acrescenta-se o “EY” para diferenciar dos produtos produzidos em outros lugares como a Escócia ou com processos diferentes de lá.
Bourbon Whiskey
Nos Estados Unidos, são dois os principais tipos de whiskeys, o Bourbon e o Tennessee. O mais famoso é o Bourbon, que se transformou em uma marca registrada do país. Ganhou tanta notoriedade que alguns chegam a pensar que todo whiskey vindo dos EUA é do tipo Bourbon.
O nome bourbon vem de um condado em Kentucky estabelecido em 1785, quando o estado ainda fazia parte da Virgínia. Como os barris desse condado carregavam estampado o nome “Bourbon County”, o termo ‘Bourbon’ logo se popularizou, virando um sinônimo para o destilado.
Há muitos mitos quanto à definição do que seja whisky Bourbon, como ‘Bourbon só é produzido no estado de Kentucky’ ou ‘Bourbon tem que ser envelhecido por, no mínimo, 2 anos, em barris de carvalho americano’.
Para desmitificar tudo isso, confira as regras americanas estabelecidas no Code of Federal Regulation, definindo o Bourbon como:
– Produzido nos Estados Unidos, e que sai dos destiladores com o máximo de 80% ABV;
– Sua receita de grãos contenha no mínimo 51% de milho;
– Seja amadurecido em barris de carvalho novos;
– Tenha coloração natural, não sendo permitido adicionar nenhum ingrediente depois de fermentado, apenas água;
– Engarrafado com no mínimo 40% ABV.
Atendendo às regras acima, e que são envelhecidos por no mínimo dois anos em barris tostados e virgens de carvalho, recebem o nome de Straight Bourbon Whiskey.
Jack Daniel’s não é Bourbon
Tennessee whiskey é o destilado produzido apenas no estado americano do Tennessee. Seu maior expoente é o Jack Daniel’s Old nº7. Apesar de não contar com uma legislação que determine como deva ser o processo de fabricação, ele tem muitas semelhanças com os bourbons.
Segundo o bartender e embaixador do whiskey Woodford Reserve Jean Ponce, o Tennessee Whiskey diferencia-se do Bourbon por passar por um processo adicional.
“Depois de destilado e fermentado, gota a gota do whiskey passa pelo processo de Charcoal Mellowing, que suaviza a bebida por entre três metros de carvão vegetal, produzido na própria destilaria. A primeira gota que cai no carvão leva cerca de uma semana para atravessar todo o tanque”, resume Ponce.
É essa etapa que o diferencia de um Bourbon, uma vez que seja o único com este tipo de suavização em seu processo produtivo.
Whiskeys americanos que você precisa beber
1# Woodford Reserve
Feito de maneira 100% artesanal na mais antiga destilaria norte-americana (com mais de 200 anos), ele é triplamente destilado e envelhecido em barris de carvalho americano novos e queimados, para aflorar as notas de caramelo provenientes da madeira.
O resultado é uma bebida suave, com uma picância crescente no paladar.
2# Jack Daniel’s Old Nº7
Conhecido pelas garrafas quadrangulares de rótulo negro, é um dos whiskeys mais vendidos no mundo no estilo Tennessee Whiskey, devido ao processo de destilação diferenciado. Jack Daniel’s tem sabor e cor mais amadeirados.
Muitos dizem que o místico Old nº 7 significa que somente na sétima tentativa de misturas, Jack conseguiu chegar à fórmula perfeita de elaboração de seu whiskey. Outra hipótese é que ele tinha uma namorada diferente para cada dia na semana, por isso era chamado de “O velho das sete mulheres”. Mas isso são apenas lendas que tornam o rótulo ainda mais famoso.
3# Jim Beam White
Este é um Bourbon de porta de entrada mais vendido no mundo. Envelhecido por quatro anos com 40% de graduação alcoólica, tem notas de baunilha, caramelo e mel. No paladar, soma-se a canela, cravo, especiarias e amadeirado.
A destilaria fica localizada no estado americano de Kentucky, e ainda usa a mesma variedade clássica de levedura criada por Jim Beam em 1934.
4# Maker’s Mark
O diferencial do rótulo é que o Maker’s Mark não possui centeio na sua formulação, mas trigo doce e vermelho de inverno, milho e cevada, conferindo um bourbon de sabor suave e menos picante que os demais norte-americanos.
Feito em lotes individuais que não ultrapassam 19 barris, a produção é de baixa escala. A bebida de coloração âmbar é envelhecida por cerca de seis anos. O grande destaque vai para a hora do engarrafamento. Ao invés de simplesmente colocar uma tampa e lacrar, o Maker’s Mark é selado de uma forma única com uma cera vermelha em cima da rolha.
5# William Larue Weller
Este Bourbon conquistou o segundo lugar no famoso guia A Bíblia do Whisky, de Jim Murray. O prêmio veio para o rótulo com um paladar de mel, com notas de pimenta, carvalho e caramelo.
O problema é que a garrafa artesanal é difícil de encontrar, somente em território norte-americano.
6# Wild Turkey Rare Breed
O destilado de Kentucky não contém corante e é envelhecido em barris de carvalho virgem, proporcionando um sabor mais marcante e encorpado. O especialista na bebida e autor da Bíblia do Whisky considera a versão Wild Turkey Rare Breed como um dos melhores Bourbons já produzidos.
7# Sazerac Rye 18 Year Old
Disponível uma vez por ano, Sazerac 18-Year-Old Rye conquistou o terceiro lugar entre os melhores whiskys do mundo. No aroma, couro, carvalho e caramelo. O paladar é mais intenso, com baunilha e eucalipto seguido por um toque de menta picante e carvalho. (não sai por menos de R$ 2 mil a garrafa)
8# Four Roses
Apesar de uma história que remonta a 1888, Four Roses parou de vender bourbon nos EUA por 40 anos. O whiskey era tão popular na Ásia que Kirin, fabricante de cerveja japonesa, comprou a empresa em 2002 e começou a vender bourbon americano. A destilaria combinou suas duas receitas com cinco linhagens de levedura para produzir dez bourbons diferentes.
O Four Roses é discreto, com um aroma muito sutil. O álcool é intenso no paladar, mas pode ser apreciado puro, especialmente com as notas de carvalho doce e caramelo que perduram antes, um acabamento de baunilha longo, limpo.
9# Gentleman Jack
Lançado em 1988, utiliza os mais refinados ingredientes naturais na sua fabricação: milho, centeio, malte de cevada e água isenta de ferro. Diferencia-se por ser filtrado duas vezes em carvão: uma antes e outra após o envelhecimento, garantindo assim sua suavidade.
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