Por que a abstinência sexual na adolescência não funciona?

Gestões públicas estão apostando em programas como o “Eu Escolhi Esperar”. Mas a abstinência sexual na adolescência é eficaz? Veja alguns pontos.

Um dos maiores medos quando se é adolescente é engravidar ou contrair uma doença sexualmente transmissível (DST). Por isso, desde jovens somos ensinados a sempre praticar sexo seguro ou até mesmo optar pela abstinência sexual.

Mas entre todos os métodos contraceptivos, a abstinência sexual é um dos mais polêmicos. Isso porque vários estudos apontam que essa prática não é eficaz durante a adolescência.

Abstinência sexual não é método contraceptivo

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A contracepção é o ato de evitar a gravidez e, deste modo, os métodos desse controle são medicamentos, procedimentos e dispositivos, como a pílula anticoncepcional (tem também pra homem, sabia?), a camisinha, o DIU, entre outros.

Entretanto, a abstinência sexual, principalmente na adolescência, é mais uma ideia do que de fato um controle.

Populações mais vulneráveis

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Muitos programas que incentivam a abstinência sexual na adolescência como forma de evitar a gravidez precoce não levam em consideração grupos mais vulneráveis ou problemas sociais. Geralmente, projetos como “Eu Escolhi Esperar” se baseiam em estereótipos e apenas focam na relação sexual entre homens e mulheres, descartando a orientação sexual e identidade de gênero.

Além do ato sexual em si, deveriam ser abordados temas como relações saudáveis, consentimento, masculinidade, prevenção da violência sexual e outros.

Educação e tabu

Crédito: Reprodução

A educação sexual no Brasil ainda é muito falha. Nas melhores ocasiões, é ensinado sobre sexo e suas consequências de uma maneira conservadora. Na pior das ocasiões, sexo não é nem mesmo mencionado, porque deve ser evitado na adolescência.

Falar sobre a relação sexual e propriamente ensinar sobre na adolescência não deveria ser um tabu. A censura ao sexo apenas gera mais curiosidade e interesse.

A falta de diálogo e medo de julgamentos pode levar o jovem a marginalizar o sexo e, dessa forma, tornar a prática perigosa. Por isso, ensine os jovens sobre sexo e suas consequências de uma maneira descontraída, e mostre que há melhores maneiras de evitar a gravidez ou IST (descubra as principais infecções e como descobrir se você contraiu uma delas) do que a abstinência sexual.

Como ensinar educação sexual?

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Uma cultura que demoniza o ato sexual faz parecer que o sexo é extremamente importante e errado. Não se engane, o sexo realmente é algo importante e que deve ser levado a sério, mas também é algo comum e que todo mundo faz.

Assim, é importante lembrar os adolescentes para não ter pressa, e que tudo pode ser feito no seu tempo. Se você se sentir pronto, então pratique sexo (sempre seguro! entenda mais sobre camisinha aqui), e se preferir esperar, não se sinta pressionado a engajar em nenhuma relação sexual.

Mais educação e menos abstinência sexual

Dicas para volta às aulas

De acordo com estudos, países com o menor número de casos de gravidez precoce e incidências de DSTs não pregam a abstinência sexual na adolescência. Nesses lugares, a aposta é na educação sexual e no acesso a contraceptivos, como pílula oral, camisinha e DIU.

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), publicou um documento científico indicando que a abstinência sexual na adolescência é uma das piores formas de educação para o jovem. 

Ao falar de sexo, lembre-se em sempre ser respeitoso, praticar com segurança e, caso você ainda seja virgem, não ter pressa.

Sofia Py
Sofia Py

Ex-skatista, aquariana, 5 tattoos partindo pra 6ª, RTVI em formação, cinema e literatura no coração.

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