O governo dos EUA iniciará em breve testes em seres humanos para um anticoncepcional masculino em gel, anunciou nesta quarta-feira (29) o NIH (Institutos Nacionais de Saúde).
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Lembrando que, antes de qualquer detalhe sobre sua funcionalidade, é importante lembrar que o gel preveniria apenas a concepção indesejada, e não a contração ou contaminação por DSTs.
Atualmente, os únicos contraceptivos masculinos aprovados são preservativos ou vasectomias, procedimentos cirúrgicos para bloquear o esperma.
Existem inúmeras formas de controle de natalidade para as mulheres e elas geralmente surgem com efeitos colaterais complicados e perturbadores.
Se o anticoncepcional masculino em gel se mostrar seguro e eficaz, seria o primeiro novo controle de natalidade para homens desde que o preservativo foi introduzido no século XIX.
Entre preservativos e controles de nascimento feminino, agora podemos fazer 99% de contracepção efetiva – quando cada método é usado corretamente.
Mas cada um vem com desvantagens significativas.
Os métodos contraceptivos atuais e a possibilidade de um anticoncepcional masculino em gel
Os anticoncepcionais femininos variam amplamente em sua eficácia, mas as formas mais comuns, os contraceptivos orais, falham em cerca de nove por cento do tempo – mais uma vez, geralmente porque não são tomadas ou não são tomadas a tempo.
Implantes, dispositivos intra-uterinos (DIUs) e injeções têm cerca de 99% de eficácia, mas são mais caros do que preservativos e todos exigem que as mulheres passem por procedimentos desconfortáveis e introduzam algo estranho em seus corpos.
Nos últimos anos, houve mais tentativas de inventar novos controles masculinos de natalidade, mas até agora eles não chegaram ao mercado por falhas clínicas ou falta de financiamento.
“Muitas mulheres não podem usar contraceptivos hormonais e os métodos anticoncepcionais masculinos limitam-se a vasectomia e preservativos”, disse a pesquisadora Diana Blithe, chefe do Programa de Desenvolvimento de Anticoncepcionais do NIH.
“Um método seguro, altamente eficaz e reversível de contracepção masculina preencheria uma importante necessidade de saúde pública.”
Como funciona o anticoncepcional masculino em gel
O novo gel, chamado NES/T, é tão não-invasivo quanto um “remédio” pode ser.
Ele contém dois hormônios – progestina e testosterona – que são absorvidos pela pele quando o gel é esfregado nas costas e nos ombros de um homem.
A progestina – que também é encontrada na maioria dos controles hormonais de parto – bloqueia naturalmente a ação do hormônio masculino, a testosterona, impedindo que os testículos produzam espermatozoides.
Mas a testosterona também é essencial para as características físicas masculinas e o desejo sexual, de modo que o gel também administra uma dose de reposição de hormônio.
O NIH recrutará 420 casais para experimentar o gel como sua única forma de controle de natalidade – em última análise, durante um ano inteiro, se tudo correr conforme o planejado.
Os primeiros homens vão cobrir seus ombros e costas todos os dias entre quatro e 12 semanas para se certificarem de que toleram bem o produto.
Durante esse período, os níveis de esperma também serão medidos (até 16 semanas, se necessário).
Uma vez que estejam consistentemente produzindo uma concentração suficientemente baixa de espermatozoides para os cientistas considerarem como eficaz o contraceptivo NES/T, os homens começarão a colocá-lo em teste com suas parceiras.
Se funcionar, pode haver esperança para a liberdade da pílula para as mulheres – mas provavelmente levará anos para que o gel de controle de natalidade masculino possa chegar ao mercado.
O uso de camisinha no mundo e no Brasil (e a preocupação com DSTs)
Os próprios preservativos falham apenas ocasionalmente, mas as pessoas não conseguem usá-los corretamente com muito mais frequência, levando a uma taxa de falha de cerca de 13%.
Deixar de usar o preservativo ou usá-lo corretamente é a principal razão pela qual 45% das gestações nos Estados Unidos são indesejadas ou não intencionais. Já no Brasil, o uso de e camisinha entre os jovens caiu e, consequentemente, o número de DSTs contraídas entre os adolescentes e jovens adultos aumentou.
Casos de HIV e Aids entre jovens de 15 a 24 anos, aqui no Brasil, aumentou 85% nos últimos 10 anos.
O que reforça outra questão fundamental muitas vezes esquecidas quando a possibilidade de um novo método anticoncepcional surge: camisinha não previne apenas a gravidez indesejada.
Dados recentes do Ministério da Saúde apontam que 40 mil novos casos de doenças sexualmente transmissíveis (DST), como HIV, sífilis e hepatite, são diagnosticados por ano no País. Em fevereiro deste ano, o Ministério da Saúde divulgou que casos de HIV e Aids entre jovens de 15 a 24 anos aumentou 85% nos últimos 10 anos. Em 2016, seis em cada 10 jovens mantiveram relações sexuais sem proteção.
Uma outra pesquisa, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), revela números ainda mais alarmantes. Dos dois mil homens ouvidos entre os 15 e 25 anos, em 10 capitais brasileiras (Belém, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Goiânia, Porto Alegre, Recife, Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo), apenas 31% usam preservativos.
Ou seja: lembre-se da importância do uso da camisinha mesmo quando a sua parceira fazer uso de algum outro método contraceptivo.
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