Hoje em dia, a discussão em alta em praticamente todas as rodas de amigos é a mesma: como chegar em uma mulher sem correr o risco de ser chamado de assediador? Tenso, não é?
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Bom, felizmente a resposta é bem simples: não é difícil diferenciar assédio de paquera. E, por sorte, nós estamos começando a discutir isso agora. Ninguém, acredite, ninguém quer acabar com as paqueras e com a pegação; as pessoas só querem ser respeitadas e ouvidas.
Enquanto existem pessoas que insistem que estamos criando uma cultura onde qualquer tipo de paquera pode ser confundida com assédio e um gesto inocente pode acabar com a carreira de um homem bem-intencionado, a verdade pode ser outra.
Pessoas tão diversas quanto os parlamentares britânicos e atores de Hollywood começaram a falar sobre como podemos estar indo longe demais, mas ainda rola aquela preocupação com o fato de que as alegações de assédio sexual podem estragar a festa de Natal do escritório.
Então: como diferenciar as duas coisas? Será que existe uma chance real de que um flerte inocente possa ser confundido com assédio?
Bom, amigo, pode ficar calmo: esse risco não existe.
Será que existe assédio acidental?
Vamos começar dispensando uma verdade óbvia: ninguém está “acidentalmente” incomodando as pessoas. Ninguém está sendo demitido porque tropeçou e pegou acidentalmente na bunda de alguém, nem porque deixou a calça cair no ônibus e, sem querer, colocou o pênis na cara de uma mulher sentada ao seu lado. Ser desajeitado ou ter um timing realmente infeliz não está fazendo com que as pessoas sejam demitidas ou criticadas.
Agora, há, sem dúvida, momentos em que as pessoas se ferram de maneiras incrivelmente mortificantes: o nude enviado para uma garota que queria recebê-lo e que, sem querer, acabou sendo direcionado para outra menina, a pessoa que leu o momento de forma errada e tentou beijar alguém que não estava afim, até alguém que estendeu a mão e acidentalmente tocou na bunda de alguém são alguns exemplos.
Mas aqui está o nosso ponto: todos reconhecem quando algo é um acidente. Coisas ruins acontecem, às vezes de formas que fazem você querer cavar um buraco no chão, mas essas “coisas ruins” não são consideradas formas de assédio; elas são vistas como um erro.
Bom, não a menos que esse “erro” continue acontecendo.
O assédio é quando você força a amizade. Quando rola aquele “oops eu escorreguei e peguei o seu peito” várias vezes. ou o clássico: “eu não pretendia realmente oferecer transar com ela. Repetidamente. De forma bem clara, caso ela tenha perdido a primeira vez.”, e até mesmo aquele caso de dizer para a sua funcionária: “Vamos fazer essa reunião lá no meu quarto.”
O assédio não acontece de forma aleatória, não acontece por causa do infeliz tempo e coincidência. Assédio tem uma intenção por trás – não “ha ha, eu vou deixar essa pessoa desconfortável”, mas a crença de que uma pessoa tem direito ao tempo, à atenção ou ao corpo de outra pessoa. O cara que continua insistindo em massagear suas colegas de trabalho de uma forma bem indevida está declarando que tem permissão para anular sua autonomia.
E enquanto as pessoas podem argumentar que elas não percebem que o que estão fazendo é errado, a situação geral não fica melhor. Como já dissemos antes: não entender fronteiras ou normas sociais não é uma desculpa para um comportamento ruim.
Você pode não querer pisar no pé de alguém, mas discutir sobre o que você não quis dizer não desfaz o fato de você estar pisando no pé dessa pessoa.
Insistir que o assédio é algo em que você pode acidentalmente tropeçar é, sinceramente, insultar a inteligência de todos os envolvidos.
Ninguém está confundindo flertar com assediar
Outra “preocupação” repetida de vários cantos é que estamos à beira de tornar impossível flertar com pessoas que consideramos atraentes. Por tudo estar tão sensível – assim diz o argumento – corremos o risco de matar completamente o romance. Como você pode convidar alguém para sair quando as mulheres são tão tensas? Elas estão tão frágeis que um elogio vai ofendê-las? Ninguém vai pensar no romance?
O problema é, no entanto, que as pessoas mais preocupadas com isso têm uma ideia muito diferente de como são os “elogios”. “Você tem muito bom gosto em livros”, é um elogio. “Seus seios são incríveis e eu adoraria apertar eles”, não é.
O assédio na rua, por exemplo, não é um elogio. Os garotos seguindo mulheres, falando sobre suas bundas, pernas ou exigindo que elas sorriam e falem com eles não exemplos de elogios.
Em vez disso, que tal – se você achar uma garota bonita na rua – dizer: “Oi, licença. Eu te achei muito bonita e gostei dessa sua camiseta do Foo Fighters”, ou “Oi, desculpa te incomodar, mas eu estou vendo que você está lendo um livro que eu gostaria muito de ler! Pode me dizer o que está achando dele?”
Mesmo assim, há lugares para isso. Se a garota estiver caminhando na rua, no meio do dia, ela provavelmente não está pensando em parar o dia dela para flertar, ela provavelmente está indo trabalhar ou indo estudar, então, se ela não quiser falar com você naquele momento, tudo bem!
Muitos desses casos de assédio não são casos de “paqueras que deram errado”, como muitos afirmam. Porém, flertar não é unilateral. Não é sobre uma pessoa dizer coisas ultrajantes ou tocar as mulheres para deixá-las excitadas e em conformidade. Flertar é inerentemente mútuo, um vai-e-vem entre duas partes interessadas e que concordam. São duas pessoas construindo o desejo juntas, uma troca lúdica com a qual todos concordaram. Flertar é um jogo sendo jogado, não algo que é imposto a outra pessoa.
Francamente, quando a sua versão do flerte fica “equivocada” por assédio sexual, então você precisa considerar que talvez você seja péssimo para flertar.
É claro que um dos argumentos eternos é “só é assédio se você for feio”, o que deixa passar uma parte fundamental do flerte: ambas as partes querem essa atenção. Quando você insiste que a única diferença entre assédio e paquera é sua aparência, você está ignorando que são necessárias duas pessoas para flertar.
Quando alguém é atraído por outra pessoa, essa outra pessoa vai receber a atenção. Elas querem flertar e provocar e rir e se divertir. Elas não apenas incentivarão o comportamento, mas serão uma participante ativa. Mas quando essa atenção não é bem-vinda, então você não está mais flertando. Mais uma vez: você está impondo sua vontade a outra pessoa e dizendo a ela que tem o direito de anular seu desejo.
Quando alguém não está interessado em participar, você não está flertando. Quando uma menina não quer ouvir sobre o quão gostoso você pensa que é – ou que ela é, você não está flertando com ela, você a está incomodando. E quanto mais você tenta forçá-la a participar, mais você cruza a linha de “chato” para “assediador”.
Não é flerte x assédio, é objeto vs. parceira
O problema não é que as mulheres não entendem quando um homem está dando em cima delas, o problema é que muitos homens não se importam. Enquanto há pessoas que estão legitimamente aterrorizadas por serem tímidas ou intimidadoras por acidente, a maior parte das reclamações não vem do cara nervoso e do colega socialmente desajeitado, e sim das pessoas que não querem mudar seus comportamentos.
O tema em comum entre todos os incidentes que são amplamente divulgados não é que esses homens cruzaram uma linha fina e borrada, é que eles se sentiram com direito ao tempo e à atenção das mulheres sem se preocupar com elas. Se sentiram livres o suficiente para tocarem nelas sem que elas permitissem, se sentiram livres para deixá-las desconfortáveis.
Se as mulheres consentiram ou não, é algo totalmente além do ponto – e, em muitos casos, o desconforto delas tornou tudo ainda mais atraente. O ato de impor sua vontade a outra pessoa e lembrá-la de que ela é um objeto se torna uma maneira de tentar projetar poder e autoridade.
É por isso que ninguém está confundindo paquera inocente com assédio. É a diferença entre tratar alguém como parceira em vez de um objeto. Uma parceira tem autonomia e autoridade. Um objeto está simplesmente ali para ser usado.
Mas essa questão da autonomia é exatamente o que tantas pessoas não gostam. Tratar alguém como parceira promove o risco de rejeição, o risco de ouvir um “não”. Fazer o que você quer – e depois convencer os outros de que o mundo está exagerando – significa que você pelo menos conseguiu o que quis.
Empatia, respeito e consentimento
Aqui está a coisa: até certo ponto, é bom que muitos homens estejam preocupados em cruzar uma linha sem a intenção de fazê-lo. Por mais perverso que isso possa parecer, o fato é que todos nós crescemos em uma cultura e um sistema que nos ensinou que esse comportamento é aceitável. Não foi há muito tempo que assédio sexual era um comportamento esperado no trabalho.
As pessoas estão começando a questionar como se comportar, e isso é uma coisa boa. Embora não haja dúvidas de que é desconfortável, é um sinal de que as pessoas estão começando a reconhecer o quanto as coisas são problemáticas. Para ter certeza, a incerteza pode ser desconfortável, assim como aceitar que você pode ter sido um idiota e ter causado dor aos outros.
É natural querer evitar as coisas que nos deixam desconfortáveis. Mas com esse desconforto vem a iluminação, e é por isso que você quer se apoiar nisso, não evitar o assunto.
Evitar mulheres não é a resposta. Tampouco tratá-las como figuras de porcelana. Há mulheres que são tão rudes que gostam de piadas inapropriadas e de humor sexual, assim como há homens que não gostam do mesmo. A chave é simplesmente aprender a priorizar empatia, respeito e conforto. Preste atenção ao conforto dos outros. Encontre esse respeito mútuo e trate as mulheres como parceiras.
A diferença entre o assédio e o flerte não é difícil de enxergar. É simplesmente uma questão de aprender a ser uma pessoa melhor.
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