“Pela primeira vez vai ter uma GORDA na Playboy – com gordurinhas e celulite \o/”
Este título de impacto apareceu na minha timeline e eu, sem pestanejar, fui lá e cliquei. Era uma matéria da minha amiga Ju Romano que anunciava que a famosa revista masculina tinha chamado ela para rechear a publicação.
+ Ju Romano e o histórico ensaio que deveria inspirar todas as mulheres
Fiquei em choque! Aquilo que eu via as minhas amigas reclamarem por tanto tempo estava acontecendo. A ditadura das mulheres magérrimas, peitudas, com caras e bocas estava caindo.
Resolveram enfim mostrar a mulher como ela realmente é, com todas as suas formas e beleza natural, sem necessidade de photoshop e estereótipos.
Quando chegou um e-mail da Playboy, eu dei risada… Não dei risada pelo convite em si, mas porque eu não me vejo – e nunca me vi – como uma mulher sensual e sair assim era impensável para mim. (Ju Romano)
Não sou mulher, mas sei o quanto esta ditadura da beleza afeta não só a elas, mas como a forma como as próprias mulheres acabam se relacionando com a gente e o mundo em si.
Diferente do homem, que se está com uns quilinhos a mais não liga e quase nunca é censurado por isso, para muitas mulheres existe uma briga diária pelo controle da balança. Quaisquer gramas a mais são denunciadas naquela roupa mais justa ou no biquíni no final de ano.
Porque a mulher não pode conviver com seu corpo sem julgamentos, sem preconceito, assim como nós? Talvez uma parte dessa culpa é a forma como a mulher é retratada como estereótipo de beleza nas publicações em geral.
Eu luto há mais de 9 anos para que a mulher não precise da aprovação de ninguém… Eu não preciso ser NADA para agradar a homem nenhum, mas eu também luto para que a sociedade olhe a mulher gorda como uma mulher normal, que as pessoas encarem uma mulher gorda da mesma forma que encaram uma mulher magra e um dos meios para conquistar isso se chama REPRESENTATIVIDADE. (Ju Romano)
Ju, no seu texto de anúncio da boa nova, prega que essa representatividade se dará quando a mulher com seus quilinhos a mais possa aparecer em revistas, seriados filmes não como a ‘gorda coitadinha’, o alívio cômico, mas como uma mulher bem sucedida, amada, confiante, positiva, a mulher bem resolvida.
Para ela, a mulher vai deixar de ficar neurótica com a balança e com o seu corpo quando tratarem a mulher gorda como qualquer outra mulher que tenha outro formato de corpo. Isso dará a ela confiança e liberdade de ser quem ela é.
Enfim, fiquei orgulhosa de ter sido a primeira gorda a sair na Playboy, fiquei feliz de descobrir um lado meu que eu achava que nem existia e fiquei AINDA mais feliz de poder representar todas as gordas que também não se sentem sexy por algum motivo. (Ju Romano)
Eu assino embaixo com tudo que a Ju Romano falou. Embora seu ensaio ainda não seja o principal (estará na sessão Mulheres Que Amamos), sou obrigado a reconhecer o avanço que tanto pregava para a revista masculina.
E quando me mandaram as fotos finais, com quase nada de Photoshop, com as minhas gordurinhas marcando a lingerie, com as minhas celulites aparecendo, eu olhei e pensei: caraca, talvez eu seja sexy e eu só não consiga me enxergar desse jeito porque aprendi desde sempre que eu tinha outras qualidades incríveis, mas que ser sensual não poderia ser uma delas já que meu corpo não é padrão. (Ju Romano)
A Ju Romano, que já quebrou a internet em um ensaio sensual para a Revista Elle, dá mais um importante e grande passo para quebrar estereótipos e preconceitos em relação ao padrão de beleza feminino.
Quem sabe em um futuro próximo, que toda mulher seja reconhecida como bem resume a blogueira.
No final das contas, nem precisei encarnar uma personagem. Não precisei fazer “a mulher que quer conquistar um homem”, eu apenas estava lá de boas sendo eu mesma… O (meu) objetivo é mesmo mostrar que a gente pode ser sensual, SIM, do jeitinho que é ♥
Por isso, muito obrigado Ju pela conquista e valeu Playboy, pelo espaço cedido!
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