“Você não precisa entender de teoria musical pra curtir jazz. Não precisa ser very cool e saber a discografia do Coltrane. Basta ouvir” – Sarah Teodoro
O jazz talvez seja um dos gêneros mais cultuados pelos amantes da música. Não é à toa. Ele possui tantas variantes dentro de si e tantos grandes nomes em seu hall, que o fazem um dos estilos musicais mais ricos que existe.
Porém, tamanha é sua extensão, que ele acaba por afastar os leigos. Fica difícil saber por onde começar a ouvir ou entender um pouco mais de jazz.
Preparamos um curto e resumido guia para você entender um pouco mais e se aventurar dentro do estilo. Mas, antes de começar a ler o artigo, dê o play na nossa playlist de jazz para leigos abaixo e já vá entrando no clima.
O que é o jazz?
O jazz surgiu nos Estados Unidos no começo do século XX. O gênero surgiu da variação de dois outros estilos: ele traz o swing e a improvisação do ragtime com a incorporação das blue notes (notas semitonadas com uma característica mais melancólica), do blues.
A principal característica do jazz é que ele não se apega a uma estrutura fixa ou a uma partitura. A improvisação é um dos elementos-chave aqui, dando espaço para que os artistas possam ter liberdade na execução de uma música. Ele tem que se ater apenas a algumas estruturas harmônicas.
Essa liberdade no jazz faz com que a melhor forma de apreciar o gênero seja ao vivo, já que uma apresentação de uma banda ou artista pode ser sempre diferente da outra.
Uma curiosidade bacana é que os músicos de jazz do passado frequentemente tentavam superar uns aos outros. Uns faziam isso na hora de compor suas músicas.
Já outros, desafiavam seus concorrentes para “batalhas musicais” onde faziam uma jam session para ver quem era melhor ao vivo.
Uma banda comum de jazz apresenta um instrumento solista (como uma trompete ou saxofone) acompanhado por uma secção rítmica (bateria, baixo e contrabaixo) e instrumentos harmônicos (piano e guitarra).
Quanto aos artistas do estilo, eles costumam se apresentar em trios e quartetos ou nas big bands, formadas por diversos integrantes.
Outra coisa importante a se entender é que o jazz possui diversos sub-estilos dentro de si: Hard bop, new orleans, swing, third stream, post bop…
São tantas vertentes e variações que fica até um pouco chato tentar entender a fundo as diferenças entre cada uma delas. Recomendo que comece devagar, ouvindo alguns dos expoentes do gênero antes de tentar decorar ou entender terminologias difíceis.
Artistas que você deve conhecer
Como disse anteriormente, o jazz é um estilo com muitas vertentes e variações, cada uma delas com suas grandes estrelas e expoentes.
Porém, existem alguns artistas que são presença garantida em qualquer lista ou grande coletânea de jazz. Separei nove deles:
- Duke Ellington
- Charlie “Bird” Parker
- Miles Davis
- Bill Evans
- Thelonious Monk
- John Coltrane
- Herbie Hancock
- Louis Armstrong
- Dizzy Gillespie
Cada um deles tem o seu próprio CD de best of ou coletânea de hits. Depois que você ouvir nossa playlist de jazz para leigos e quiser se aprofundar, vá ouvindo cada uma delas.
É uma boa maneira de ir conhecendo aos poucos o estilo individual e variação desses caras. Você pode encontrar um que se identifica mais e seguir a linha dele para achar o seu gosto dentro do jazz.
A melhor forma de começar a ouvir jazz
Gosto musical é algo impessoal e intransferível. Ouça músicas diferentes de diferentes eras do jazz e vá se familiarizando. Existe desde o jazz só com música instrumental mais lento até versões cantadas e mais aceleradas.
Recomendo você começar a ouvir algumas playlists com músicas diversas até começar a entender qual o tipo de som que faz a sua vibe.
A minha, por exemplo, está na linha que o Charles Mingus e o Thelonious Monk trabalham. A sua, pode ser completamente diferente.
Pode parecer meio intimidador, mas, como qualquer gosto adquirido, você deve gastar um pouco de tempo e atenção para entender um pouco mais do objeto estudado e sacar o seus gostos dentro dele.
Recomendo que, se for ouvir na sua casa, deixe o ambiente à meia-luz, abra uma garrafa de whisky – ou uma boa cerveja – e curta o som em um bom fone de ouvido. Vai te ajudar a sacar as texturas e diferentes instrumentos presentes em cada música de jazz.
Se você quiser uma experiência mais viva, recomendo muito que você procure um clube de jazz na sua cidade, sente em uma mesa, peça uma boa bebida e aproveite o som.
Caso você vá acompanhado, escolha alguém que tenha a sensibilidade de ficar quieto e aproveitar a música com você. Um clube de jazz não é um barzinho ou churrascaria onde as pessoas gritam e gargalham enquanto o artista implora por atenção.
Se você estiver em São Paulo, ou vier para cá, recomendo muito o Bourbon Street Music Club ou o Jazz nos Fundos. Além de um bom atendimento e ampla programação cultural, os dois espaços tem aquela cara de clube de jazz que vemos nos filmes.
Livros para entender um pouco mais do jazz
Vamos lá, para você que quer entrar de cabeça mesmo no jazz, existem uma porrada de livros disponíveis. Eles abordam não só a questão histórica, como também a influência cultural do gênero após o seu ápice.
Confira nossa lista de livros para conhecer melhor o jazz:
- “Todo Aquele Jazz”, de Geoff Dyer
- “O Jazz – Do Rag ao Rock”, de Joachim Berendt
- “História Social do Jazz”, de Eric Hobsbawm
- “Jazz – A History of America’s Music”, de Ken Burns
- “Kind of Blue”, de Ashley Kahn
- “The House that Trane Built”, de Ashley Kahn
- Freedom, Rhythm & Sound
Filmes para entender de jazz
E, por último, porém não menos importante, o jazz também foi objeto de muitos grandes filmes na história de Hollywood. Inclusive, vale citar que o primeiro grande filme falado se chama “O Cantor de Jazz” e foi uma revolução para sua época.
Confira a lista filmes para entender mais sobre o jazz logo abaixo:
- O Cantor de Jazz (1927)
- Música e Lágrimas (1953)
- O Ocaso de uma Estrela (1972)bir
- Cotton Club (1984)
- Bird (1988)
- Kansas City (1996)
- Poucas e Boas (1999)
- Whiplash (2014)
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