Síndrome do Peter Pan – sobre meninos que não querem virar homens

Conheça um grupo de rapazes que não aprenderam a crescer

Conheça um grupo de rapazes que não aprenderam a crescer

Ele é um eterno menino. Por mais que a idade avance, recusa-se a envelhecer e continua agindo como um garoto, tanto na sua vida profissional quanto pessoal. Sua morada é a Terra do Nunca, um eterno playground.

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Apesar deste ser um enredo do conhecido conto infantil, a Síndrome de Peter Pan não só existe, como foi objeto de estudo científico. Ela foi criada e utilizada pela primeira vez pelo psicólogo norte-americano Dan Kiley, em 1983.

Ela refere-se a uma pessoa que sempre posterga suas decisões, delega a função aos outros, boicota-se, tudo como forma de evitar responsabilidades de adulto.

Tomo como exemplo a atitude recente de Jon Jones, campeão dos meio-pesados do UFC e um dos ídolos máximos do MMA. Depois de atropelar uma mulher grávida, decidiu fugir da cena do crime e não prestar socorros e assumir as responsabilidades do crime que cometeu.

“Durante os meus anos de aconselhamento, revelou-se um número alarmante de rapazes que não atingiriam a maioridade. Durante os últimos anos da adolescência e os vinte e poucos anos, estes homens entregam-se a um estilo de vida impetuoso. O narcisismo fecha-os dentro deles mesmos, enquanto um ego irrealista os convence de que podem e devem fazer tudo quanto as suas fantasias sugerem. Mais tarde, após anos de mau ajustamento à realidade, a busca da aceitação das outras pessoas parece ser a única maneira de encontrar a aceitação de si mesmo”. (Dan Kiley)

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O autor qualifica a entrada na maturidade como uma Odisseia. Esta palavra ficou conhecida pelo livro de Homero, que conta a história de Ulisses em sua viagem de volta para a esposa, após a Guerra de Troia, passando por aventuras, lutas, fantasias, monstros, amores e perigo.

A família também contribui para formar homens imaturos. Com superproteção e excesso de permissividade, muitos filhos nascidos depois dos anos 80 formaram gerações em que o homem foge dos compromissos da vida adulta.

Basta ver que, a cada ano que passa, aumenta o número de caras que postergam a saída da casa dos pais, emendam cursos universitários, não buscam o mercado de trabalho, não têm projetos de vida e são incapazes de levar um relacionamento amoroso.

Como nossa busca é por transformá-lo em um cara melhor, vou abordar os sintomas e mostrar como você pode sair da pele de menino e encarar a vida como um homem adulto.

Sintomas da Síndrome de Peter Pan

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Segundo o autor Dan Kiley, são seis sintomas centrais:

1# São irresponsáveis

A irresponsabilidade é o resultado de uma educação extremamente permissiva dos pais, sem limites nem punições (vide o modo de vida da geração Z). O cara com a síndrome costuma não ter iniciativa, é preguiçoso e sempre procrastina suas decisões.

Evita responsabilidades, trabalhos que requerem um certo grau de dificuldade ou contas para pagar. No relacionamento, têm grandes dificuldades em manter um compromisso afetivo, preferindo a vida solteira.

2# São ansiosos

Têm uma profunda insatisfação consigo, baixa autoestima – embora a maioria das vezes não demonstrem isso diretamente. Não sabem fazer boas escolhas, além de ter frequentemente problemas com qualquer tipo de autoridade masculina (pai, professor, chefe, policia).

3# São solitários

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Itens como alimentação, casa e segurança é, para ele, um direito universal e não algo pelo qual tenham que batalhar para conquistar. Logo, o valor e a necessidade do trabalho desaparecem, pois o prazer é mais do que um direito e não um fruto obtido pelo trabalho.

Assim, buscam o mercado profissional apenas como realização pessoal e não como uma necessidade. Não se encaixam e aceitam qualquer emprego, mas algo que esteja no ‘seu patamar’ ou condizente com suas qualidades. Ao invés de procurar algo, costumam esperar que o encontrem, como se o mundo estivesse à sua espera.

4# Novos padrões machistas

Apesar de novos padrões de liberdade e direitos sexuais divididos, o cara com síndrome de Peter Pan tem um conflito relativo sexual.

Estabelece uma separação clara entre os papéis do homem e da mulher, em que eles não podem de forma alguma ter comportamentos que o próprio considera femininos, como chorar, demonstrar sentimentos, ter uma condição financeira inferior, não ser o provedor da casa, etc.

Entrando no campo dos relacionamentos, vale lembrar que esses homens não aceitam que a mulher tenha um cargo superior ao seu. Em muitas situações, a mulher pode até esconder o quanto ganha, se recebeu uma promoção, só para não inferiorizar o homem.

5# Extremamente Narcisistas

O cara com síndrome de Peter Pan tem excesso de egocêntrico. Suas opiniões são, frequentemente, exacerbadas, tendenciosas e/ou agressivas relativamente a um país, pessoa, grupo ou ideia, que vai de encontro ao fato de querer provar continuamente (aos outros e a si próprio) que é o melhor e as suas opiniões são as únicas corretas.

6# Sem ética moral

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Outro comportamento frequentemente usado para pessoas assim é a falta de moral e ética, com tendência a quebrar leis. Ele é capaz de desvalorizar ou trair as amizades quando seu próprio benefício ou valorização está em jogo.

Mudança de rumo

Em algum momento do seu percurso, estes rapazes-homens sofreram muito solitariamente, e como não aprenderam a aceitar as suas fraquezas e fracassos, só enxergavam na imagem estereotipada da perfeição um modo de serem aceitos.

Isso levou a criar defesas para se proteger do contato com sua própria dor. Mas, não perceberam que isso afastava-os de amar e serem amadoa, das relações verdadeiras e como encarar as responsabilidades.

A transformação virá com a tomada de consciência do seu processo, das suas falhas e a busca por ser um cara melhor. Somente com a ajuda das pessoas próximas e de especialistas, ele vai desenvolver um autoconhecimento e a aceitação de si mesmo.

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Leonardo Filomeno
Leonardo Filomeno

Jornalista, Sommelier de Cervejas, fã de esportes e um camarada que vive dando pitacos na vida alheia

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