Por que a geração Z é tão infeliz?

Você já se perguntou porque as pessoas nascidas a partir do final da década de 80 e 90 são tão infelizes

Você não é importante. Acostume-se com isso. (Birdman)

Você já se perguntou porque a geração Z (pessoas nascidas a partir do final da década de 80 e 90), que começa a entrar no mercado de trabalho, tem tanta sede por velocidade, autoconfiança, ao mesmo tempo que sente uma frustração maior pelos resultados não atingidos?

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Foi através de uma coluna de Tim Urban, do site Wait But Why, que descobri os motivos pelos quais esta geração é tão infeliz. Com base no texto, e outras informações históricas, tentarei explicar os motivos aqui abaixo.

Origem do problema

Fui criado por pais que tiveram que ralar duro por sua independência financeira, trabalharam em empregos que não gostavam para ter o mínimo para viver e proporcionar aos filhos.

Grande parte dessa geração Baby Boomers (que surgiu a partir da década de 50) tinham como estilo a busca por uma segurança econômica, priorizando carreiras seguras, estabilidade financeira e profissional. Se trabalhassem duro, atingiriam os objetivos traçados.

Sem muitas oportunidades para sonhar, suas aspirações foram empurradas para as próximas gerações.

Eu faço parte da geração Yuppies (ou simplesmente geração Y), surgiu no final dos anos 70 até meados dos 80. Acompanhei os maiores avanços tecnológicos e também a quebra de paradigmas do mercado de trabalho. Fazemos diversas coisas ao mesmo tempo e desejamos novas experiências. Enquanto a geração anterior procurava estabilidade e equilíbrio, a nossa quer movimento e inovação. Somos a geração híbrida, que teve que conviver com a transição do analógico para o digital.

Crédito: Reprodução

Mas foi entre os jovens nascidos no final dos anos 80 e meados de 90 que a coisa toda desandou. A geração Z nasceu sob o advento da internet, do boom tecnológico e para eles estas maravilhas da pós-modernidade não são nada estranháveis. Videogames super modernos, computadores cada vez mais velozes e avanços tecnológicos inimagináveis há 25 anos atrás.

Com um comportamento extremamente individualista e, de certa forma, antissocial. Os valores familiares pregados pela Geração Baby Boomer, seguidos pela Y, já não são válidos (conversar com os pais, sentar-se à mesa, etc). O contato virtual sobrepõe o mundo real.

Esta também é chamada de Geração Silenciosa, pelo fato de estarem sempre de fones de ouvido (seja em ônibus, universidades, em casa…), escutarem pouco e falarem menos ainda – pode ser definida como aquela que tende ao egocentrismo, preocupando-se somente consigo mesmo na maioria das vezes.

É sobre membros desta geração que gostaria de falar…

Crédito: Reprodução

a) Eles são protagonistas de tudo

A característica principal dos membros da geração Z é achar-se protagonista na sua vida. Desde pequeno, foram criados por pais que sempre mostraram que eles eram especiais, os melhores, que podiam tudo e quando quisessem.

A oportunidade de ter inúmeras opções de escolhas, e principalmente, ser colocado sempre em uma posição especial, criou um excesso de permissividade, tornando-os onipotentes e protagonistas da história. Isso levou ao item abaixo.

b) Eles não aprenderam a ouvir NÃO

Sabe aquela coisa do pai negar a dar um brinquedo ao filho? Ou não ter dinheiro para fazer aquele passeio que o pequeno tanto quer ao parque? Auxiliado por uma economia mundial crescente entre os anos 60 até 80 (no Brasil o crescimento foi até meados dos anos 70), nossos pais possuíam uma carreira próspera e estável. Isto possibilitava a eles fazerem todas as vontades que os filhos queriam e que ele tinha se privado na infância.

O resultado é formarem jovens que não aprenderam a ouvir um NÃO como resposta. A negativa, que poderia servir como trava para o pequeno aprender com a vida, foi excluída do seu dicionário, resultando também…

c) Pessoas que não sabem o que é perder

Sabe aquele moleque dono da bola, que os outros garotos só chamavam para a pelada por conta disso? Ou mesmo faziam amizade com o cara só porque ele tinha um videogame que todos não tinham e queriam jogar? Pois é, para que todos se divertissem, acabavam dando um ‘boi’, deixando-o fazer alguns gols, ganhar algumas partidas, você sabe…

Esse cara não conviveu com o significado da palavra perder. Não teve que aprender com a derrota. A vida pra ele é um eterno videogame, é só pegar alguns truques no youtube que você vai passar de fase. Se der game over, basta apertar o continue. Quando ele se depara com uma derrota que não consegue mudá-la, fica extremamente frustrado.

d) Eu sou mais especial que os outros

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Se os seus pais tinham por objetivo uma remuneração financeira descente pelo seu trabalho duro, a geração Y torna-se muito mais ambiciosa no quesito carreira. Querem fazer aquilo que gostam e ainda ganhar bem com isso.

Para chegar ao topo, não há paciência de galgar empregos merdas e subordinação. Se você aprendeu desde a infância que é especial, chegou a hora do mundo demostrar isto a você.

Agora pensa: se todos realmente acham que são especiais, que merecem o melhor dos cargos rapidamente e sem o menor esforço, será que o mercado de trabalho está preparado para tantos gênios assim? Com tantos líderes, vai ter comandados suficientes para todos eles?

Enquanto os mais velhos acreditavam que muitos anos de trabalho duro poderiam render uma grande carreira, muitos da geração Z acreditam que uma grande carreira é o destino natural para sua vida, basta escolher o caminho a seguir e esperar que as coisas aconteçam.

Um reflexo disso está na observação que o comentarista da rádio CBN, Max Gehringer, fez sobre contratações no mercado de trabalho: “Antigamente, precisava entrevistar 5 pessoas de começo de carreira para achar 1 ideal para a vaga. Hoje, falo com 50, e nem assim, encontro a pessoa ideal. O jovem quer escolher a empresa e não que a empresa escolha ele.”

Esses foram os componentes que transformaram membros dessa geração em pessoas infelizes.

Uma geração infeliz

Membros da geração Z tiveram a sensação de possibilidade ilimitada. Ao invés do conforto das possibilidades proporcionarem uma vida melhor, isso deixou-os sentir-se tremendamente esperançosos sobre as decisões da vida adulta, sua carreira, até o ponto em que os objetivos de um céu de brigadeiro de prosperidade segura que seus pais tanto apontavam não vieram.

Esta equação entre poder tudo e ser especial tinha criado um problema demasiadamente grande a se revolver nesta geração: a infelicidade.

Tudo isso por uma simples fórmula:

Felicidade = Realidade – Expectativas

A coisa funciona de uma maneira bastante simples. Quando a realidade da vida de alguém é melhor do que eles esperavam, ele fica feliz. Quando a realidade acaba por ser pior do que as expectativas, torna-se infeliz.

Isto leva a outros atributos da geração Z.

Uma geração que não consegue ter foco na vida

Com a internet, você pode aprender qualquer coisa a qualquer hora, basta ver um tutorial, passar 10 minutos na frente do seu monitor e voilá, tornou-se um especialista no assunto. Você não tem tempo (nem saco) para dedicar-se em uma coisa só, por um longo período. Logo, abandona.

Da mesma forma como o conhecimento vem de maneira rápida, ele esvazia-se no mesmo instante. Você até aprende a fazer de tudo um pouco, mas estas pílulas de conhecimento não criarão raízes e deixarão profundidade em você. O resultado é que você não conseguirá ser realmente foda em nada se não se especializar.

A falta de foco e o fato de fazerem tudo ao mesmo tempo cria várias lacunas na geração Z.

Uma geração onde todos são bem sucedidos e felizes

Crédito: Reprodução


As redes sociais (facebook, twitter, instagram, snapchat, etc) criaram um precipício entre a realidade do nosso cotidiano e aquilo que queremos passar para as outras pessoas. Basta dar uma zapeada nelas e você verá fotos bonitas, ambientes perfeitos, pessoas extremamente inteligentes (e frases fodas), uma galera feliz, vivendo coisas fantásticas.

Quando o espectador observa estas imagens, cria um choque de realidade com sua vida comum, chata e simplória. A grama do vizinho sempre é a mais verde, os momentos que seus amigos passam são sempre os melhores. Não adianta o que faça, sua vida sempre será mais ‘bosta’ do que a dos colegas que compartilharam aquela foto foda no Instagram.

Para mudar este jogo, existem algumas coisas que membros da geração Z precisam aprender.

1# O Sucesso não vem rápido

O mundo não é tão fácil quanto um game de fases. Até chegar a fazer o que gosta (e ser bem remunerado por isso) você terá que se dedicar a fazer muita coisa que detesta.

Grandes carreiras consomem anos de suor, lágrimas e sangue para se construir. Até mesmo os gênios do empreendedorismo levaram décadas, erraram bastante, até terem uma ideia que realmente deu certo. Com o sucesso, eles ainda lidam diariamente com muito mais problemas do que louros da fama.

2# Aceite críticas

Paul Harvey, professor da Universidade de New Hampshire, nos Estados Unidos, fez uma pesquisa onde concluiu que esta geração tem “expectativas fora da realidade e uma grande resistência em aceitar críticas negativas” e “uma visão inflada sobre si mesmo”.

Ele diz que “uma grande fonte de frustrações de pessoas com forte senso de grandeza são as expectativas não alcançadas. Elas geralmente se sentem merecedoras de respeito e recompensa que não estão de acordo com seus níveis de habilidade e esforço, e talvez não obtenham o nível de respeito e recompensa que estão esperando”.

3# Veja se você tem senso de grandeza

Para aqueles contratando membros desta geração, Harvey sugere fazer a seguinte pergunta durante uma entrevista de emprego: “Você geralmente se sente superior aos seus colegas de trabalho/faculdade, e se sim, por quê?”. Ele diz que “se o candidato responde sim para a primeira parte mas se enrola com o porquê, talvez haja um senso inflado de grandeza.

Isso é por que a percepção da grandeza é geralmente baseada num senso infundado de superioridade e merecimento. Eles são levados a acreditar, talvez por causa dos constantes e ávidos exercícios de construção de autoestima durante a infância, que eles são de alguma maneira especiais, mas na maioria das vezes faltam justificativas reais para essa convicção”.

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4# Mantenha sua ambição

Embora pareça um adjetivo negativo, ela é mais que necessária caso você queira buscar algo a mais na sua carreira ou na vida. Acomodar-se com as circunstâncias não fará você destacar-se no que faz. Ainda que você não saiba ao certo o que fazer, com tempo, ambição e determinação, isso virá a sua cabeça.

5# Você não é especial (ainda)

Embora você possa construir um império, tenha uma ideia genial, torne-se muito rico e famoso no que faz, agora você não passa de um jovem inexperiente sem muita coisa a oferecer. Trabalhe duro, dedique-se por um bom tempo e, quem sabe, você chega lá?

6# A grama do vizinho não é tão verde quanto você pensa

Esqueça o oba-oba das redes sociais em que mostram as pessoas sempre felizes e vivendo uma vida dos sonhos. Saiba que todas estas pessoas são igualmente indecisas como você, duvidando de suas potencialidades e frustradas. Se você se dedicar as suas coisas, não restará tempo para invejar os outros.

 

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Leonardo Filomeno
Leonardo Filomeno

Jornalista, Sommelier de Cervejas, fã de esportes e um camarada que vive dando pitacos na vida alheia

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