Ostentação em tempos de crise

Quando você está num emprego com a garantia de um salário todo fim de mês, a crise parece um problema dos outros, não seu. Mas vai saber o dia de amanhã...

Ostentação em tempos de crise

Esses dias um post no Facebook me deixou um pouco revoltado. Sim, é algo cada vez mais comum ficar estressado em redes sociais, mas juro que dessa vez foi justificado.

Tem esse meu amigo que quase sempre esta reclamando da crise. Posta como estão caras as coisas no mercado e como tá foda lidar com grana. Eu entendo.

Sinto o mesmo problema no meu dia-a-dia.  Com esse dólar, tá foda comprar um celular da hora ou planejar qualquer viagem para o exterior. Meu sonho de ir para a Disney parece cada vez mais distante.

Foi com surpresa que, algumas horas depois, pintou na minha timeline uma foto dele curtindo uma noitada no Villa Mix: uma casa noturna de São Paulo que cobra no mínimo 100 reais seco para um homem entrar e cuja long neck de cerveja custa, brincando, 20 reais.

Achei estranho.  Fui dar uma olhada no perfil dele e reparei que aquela não era uma saída fora da curva.  Todo final de semana, ele bate cartão não só naquela como em várias das baladas mais caras de São Paulo. E aí mano?

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Sei que cada um gasta o dinheiro como quer. Eu, por exemplo, gasto minha grana com jogos de videogame e livros. O que você faz com seu dinheiro pra mim é problema seu,  mas é lógico que uma pessoa vai sentir mais a crise se sair gastando o seu dinheiro sem escrúpulos.

Vai falar que você não conhece um amigo que sempre chega no fim do mês reclamando que a conta do banco está no negativo, mas sempre que pode gasta que nem um louco.

É natural que esse cara sinta a crise na pele. Aliás, aposto que ele já reclamava de crise antes sequer de existir uma.  Sabe o que falta ai? Educação financeira.

O que é educação financeira?

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Educação financeira deveria ser uma disciplina primária nas escolas.  Diferente da química orgânica ou de boa parte das aulas de física,  é algo que você realmente vai precisar no seu dia-a-dia.

Precisamos  entender que, se uma pessoa ganha dois mil reais por mês e gasta dois meio, o problema não é só as burradas do governo.

É preciso chegar a um equilíbrio na forma como você gasta seu dinheiro. De maneira que você tenha qualidade de vida ao mesmo tempo que se garante para eventuais imprevistos da vida. É só pensar na fábula da “Formiga e da Cigarra”.

Será que vale a pena gastar metade do vale refeição no primeiro almoço do mês e passar os outros 29 dias tendo que comer coxinha da padaria? Não seria mais da hora comer uma comidinha de boa e gostosa todos os dias sem passar perrengue?

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Vale a pena colar na C&A com o cartão e parcelar em 12 vezes um monte de roupa que você não vai usar e não sabe se vai conseguir pagar amanhã ou vale mais segurar uma grana e comprar um pouquinho por vez?

A ideia é que você tome decisões financeiras de acordo com o momento da sua vida e que não prejudiquem seu futuro.  Quando você está num emprego com a garantia de um salário todo fim de mês, a crise parece um problema dos outros, não seu. Mas vai saber como estará sua vida daqui um ou dois meses…

Então, com ou sem crise, seja dono do seu dinheiro, não escravo dele. Tome decisões sábias pensando não só em como vai ser sua noitada no Villa Mix ou numa balada de boa, mas sim nas necessidades que você vai ter amanhã.

Edson Castro
Edson Castro

Jornalista, ilustrador, apaixonado pela vida e por viver aventuras. Coleciona HQs, tênis e boas histórias para contar.

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