Por que os homens estudam menos do que as mulheres?

Homens estudam menos do que as mulheres em todos os níveis da educação por motivos sociais, culturais e psicológicos. Veja os principais.

Por que homens estudam menos do que mulheres?

Você já viu por aí números e notícias sobre as diferenças de gênero nos estudos? São meio chocantes. Mais mulheres fazem faculdade do que homens, por exemplo. Mas por que os homens estudam menos?

Ainda que ganhem consideravelmente mais (mais de 40%, segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Pnud) do que as mulheres, os homens são minoria no ensino superior e, em média, têm menos anos de estudo (7,6 contra 8,1 das mulheres).

Há alguns fatores sociais e psicológicos que explicam por que homens estudam menos do que mulheres. Vejamos quais são eles.

Sociedade e necessidade

O jeito que os homens são criados e educados em casa ajuda a entender por que nós estudamos menos. Atribui-se a eles, por exemplo, o dever de prover. É por isso que, em classes mais pobres, o nível de abandono escolar entre homens é maior.

Segundo o IBGE, Instituído Brasileiro de Geografia e Estatística, os homens formam quase 60% dos jovens que abandonam o ensino médio. A principal justificativa é de que eles precisavam trabalhar. Isso é mais comum em jovens a partir dos 14 anos e negros (são 65% do total).

Mas isso não é um drama apenas brasileiro. De acordo com dados da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, grupo formado pelos países mais ricos do mundo), a taxa de conclusão do ensino médio já é consideravelmente mais elevada entre meninas do que meninos.

Pressões internas

Jovens meninos abandonam mais a escola do que as meninas

Estudos psicológicos que analisam a presença dos homens na educação defendem que nós temos mais dificuldade em demonstrar fraquezas. Na escola, por exemplo, meninos têm uma tendência maior de repetir o ano e abandonar a escola. Enquanto na faculdade, ao encontrar uma barreira em uma disciplina os homens tendem a desistir mais facilmente do que pedir ajuda.

Outro motivo apontado por psicólogos para a menor presença de homens em ambientes de estudo é a dificuldade de concentração e socialização em ambientes de contato forçado com outras pessoas. Déficit de atenção, dislexia e outros problemas de aprendizado são mais comuns em homens do que mulheres.

Além disso, há fatores sociais e culturais que também influenciam. Você pode não acreditar, mas muitos homens não consideram o ambiente de estudo um ambiente masculino – em comparação com o trabalho, por exemplo. Mesmo assim, parte dos que topam estudar para impulsionar sua carreira tem expectativas grandiosas de mudança de vida. Acabam se decepcionando e desistindo quando as coisas não acontecem com a rapidez esperada.

Realidade é de poucas pessoas estudando

Jovens com problemas nos estudos são homens, geralmente

Apesar da diferença entre gêneros, não é como se mais homens estudando fosse melhorar a realidade brasileira. No país, poucas pessoas estudam.

Segundo o IBGE, quase 25% dos jovens brasileiros (entre 15 e 29 anos) não estudam nem trabalham. Se pegarmos apenas o grupo entre 18 e 24 anos, sobe para mais de 60% a quantidade dos que não estudam. Na mesma faixa etária, menos 18% dos homens estão matriculados em algum curso de ensino superior, quanto 25% das mulheres estão na graduação.

A meta estabelecida pelo Brasil em 2014 era de que 33% dos jovens estivessem matriculados em alguma graduação até 2024. Uma análise recente, contudo, calculou que a taxa média anual de crescimento desse grupo foi de 1% – nesse ritmo, só atingiremos a meta em 2037.

Para homens e mulheres o principal motivo para não estudar ou estar se qualificando, ainda de acordo com o IBGE, é o fato de estarem trabalhando ou procurando emprego. Além disso, a falta de interesse também é um aspecto importante. Mais de 25% dos homens citam isso como motivo, enquanto 16% das mulheres também o fazem. O instituto explica que o desinteresse pelos estudos é maior entre as pessoas sem instrução ou com fundamental incompleto.

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Felipe Blumen
Felipe Blumen

Historiador, jornalista de lifestyle e fã de foguetes, Corinthians, gibis e outras bagunças.

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