A lógica do papel higiênico e como aprender a discordar

Como vocês acham que o papel higiênico deve ser colocado?

Como vocês acham que o papel higiênico deve ser colocado?

No primeiro dia do curso introdutório de sociologia, o professor do Eastern Institute of Technology, Edgar Alan Burns, provocou seus alunos, com esta pergunta:

Como vocês acham que o papel higiênico deve ser colocado?

Nos 50 minutos que se seguem, todos os alunos avaliam as diversas motivações para uma resposta infundada, chegando a questão sociais bem profundas, como:

  • diferenças de papéis sociais entre homens e mulheres
  • diferenças entre comportamentos públicos e privados
  • diferenças entre classes sociais.

Entre muitas outras teorias foram criadas…

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*(A resposta para a capital pergunta será dada no final do texto)

Mas, na realidade, o que Edgar Alan Burns buscava neste questionamento era explorar a construção social de ‘regras práticas que os alunos nunca, conscientemente, tinham pensado antes’. Dessa forma, papéis de gênero, os públicos e esferas privadas, raças e etnia, classe social e idade.

O próprio Burns dá uma lição adicional:

“Sociólogos estão muitas vezes preocupados que sua disciplina seja vista meramente como uma elaboração do trivial ou o óbvio. Portanto, o ponto teórico ilustrado por meio do exercício do papel higiênico não é que as realidades em pequena escala são o oposto de grandes temas da sociologia, mas sim que elas não existem separadamente”.

Resumindo a narrativa, o que ele queria que seus alunos fizessem é estimular os pensamentos e o raciocínio para enxergar além do óbvio, fazer correlações dos fatos e, principalmente, começar a argumentar.

No nosso cotidiano, somos levados a reproduzir padrões de pensamento sem, ao menos questioná-los. Compartilhamos conteúdos nas redes sociais sem verificar a fonte, adotamos um lado (ou partido) e reproduzimos, sendo extremamente agressivo com o pensamento oposto. Quase nunca verificamos a veracidade das informações ou quem está por trás dela.

Somos peritos em discutir, mas péssimos em argumentar. Se for falar em mudar de ideia ou pensamento, então…

Pensamento plural x dualismo de ideias

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Desde pequenos, somos levados a aprender que existe o certo e o errado. Nosso sistema de ensino é baseado nisso, com provas de alternativa e notas que justifiquem as escolhas corretas ou falhas.

E se os professores, bem como pais, estimulassem abordagens diferentes? Ao invés de apontar o que fazer e o que não fazer, desenvolvessem as habilidades de argumentação, fazendo-nos pensar ao invés de reproduzir padrões?

Seríamos peritos não só nas respostas, mas nos argumentos também.

Assim, teríamos mais capacidade de aprender coisas novas, repensar atitudes e mudar o raciocínio, ao invés de escolher o certo e tomar pensamentos como se fossem verdades, e agindo como verdadeiros torcedores de futebol.

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Aqui mesmo, no MHM, diariamente recebemos diversos comentários, muitos dos quais respondendo da forma mais escrota possível, sem se dar ao trabalho de ler aquilo que está criticando. Simplesmente porque o título ou a imagem não agradou ou porque o pensamento vai contra um conceito pré-estabelecido em sua cabeça.

Para que você comece a exercitar os argumentos ou mesmo tenha embasamento para discordar de alguém, apresento um gráfico feito pelo programador Paul Grahan, mostrando a “Hierarquia da Discordância”, ou seja, dos níveis de mais elegante (e inteligente) até os menos eficientes de argumentação, frente a uma opinião oposta.

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Reflita sobre seus argumentos, deixe de lado o certo ou errado. No meio disso tudo, existe um arco íris de ideias que se multiplicam e alteram de acordo com cada novo ponto de vista analisados. Discorde, argumente, mas faça de maneira inteligente.

Qual é a forma certa de se colocar um rolo de papel higiênico no banheiro?

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Muitos estudos foram feitos somente em resposta da pergunta acima. Segue a visão geral e porque cada grupo acredita ser a sua a melhor forma.

Por cima

– 60% acreditam que o estilo cachoeira é o melhor;

– É mais fácil de achar a ponta;

– Dá para rasgar certo no picote;

– Você não precisa raspar a mão na parede (menor contato com bactérias)

– Hotéis sinalizam aos hóspedes que o banheiro foi higienizado, com dobras elaboradas visíveis e com selos na ponta.

Por baixo

– 40% são fiéis em admitir esta ser a melhor opção;

– O caimento é melhor;

– O papel não sobra;

– Gatos e crianças não conseguem desenrolar um monte de papel;

– uma puxada apenas é o suficiente para rasgar (sem desperdício);

– Não desenrola facilmente.

Entre as inúmeras teorias referentes a como você prefere o papel higiênico, Gilda Carle, consultora e terapeuta, chegou a uma conclusão, de acordo com os traços de caráter:

 “Por cima, você gosta de assumir o comando e anseia por organização.

Se você rolar por debaixo, você está relaxado, confiável e busca relacionamentos com bases sólidas.

Se você não se importa, desde que ele esteja lá, você objetiva minimizar os conflitos, flexibilidade de valor e gosta de se colocar em situações novas”.

Agora, quer saber quem está certo ou errado?

Desculpe-me desapontá-los, mas não existe ponto de vista vencedor nesta pergunta. O papel higiênico é seu e use do jeito que preferir e quiser.

Esta é uma decisão pessoal e, independente de qual hábito ou mania tenha levado a adotar tal postura, isto não diz respeito a ninguém.

Só aprenda a pensar fora da caixa.

Fonte: Wikipedia,  Update or die

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Leonardo Filomeno
Leonardo Filomeno

Jornalista, Sommelier de Cervejas, fã de esportes e um camarada que vive dando pitacos na vida alheia

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