Por causa de filmes e séries como “Piratas do Caribe” e “O reino perdido dos piratas”, muitos de nós temos uma certa imagem na cabeça: homens sujos que passam a vida inteira no mar, falam com sotaque engraçado e fazem os inimigos andar na prancha como punição.
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Acontece que, na realidade, esses foras da lei dos mares – que realmente existiram e datam de tempos antigos – levavam vidas um pouco diferentes. Muitos tinham esposas e filhos em casa, eram membros ativos de suas comunidades não saíam por aí gritando “arrrr”.
Para saber mais sobre quem eram esses criminosos intrigantes, veja os fatos sobre piratas que listamos abaixo. No fim ainda há algumas dicas para quem quiser seguir nesse universo.
O visual “pirata” foi inventado pela Disney
Os piratas não tinham um jeito de falar específico. Muitas das frases que associamos a eles hoje, na verdade, vêm do filme “A ilha do tesouro”, lançado pela Disney em 1950. A obra moldou permanentemente a visão da cultura pop de como os piratas pareciam, agiam e falavam.
Assim, as roupas que vemos Jack Sparrow usar nos filmes não são bem as que eram usadas realmente. Historiadores afirmam que piratas usavam roupas marítimas típicas da época, geralmente calças curtas e camisões. Só capitães e endinheirados vestiam roupas mais caras, como chapéus, coletes e casacas
Existiam, sim, tapa olhos, ganchos e pernas de madeira
Nem tudo foi inventado. Livros explicam que, para ajudar seus olhos a se ajustarem mais rapidamente entre o convés ensolarado do navio e os escuros pisos inferiores, os piratas deixavam um olho tapado para que ele sempre estivesse ajustado à escuridão.
Da mesma forma, muitos deles realmente perdiam membros em combates e, de vez em quando, ganhavam próteses. Há registros de ganchos e peças de madeira que os membros da tripulação ganhavam como forma de compensação pela perda de partes do corpo em ação.
Os piratas correios e aposentadoria próprias
Historiadores contam que os piratas tinham extensas redes de comunicação responsáveis por mantê-los em contato com o mundo fora do navio. Era uma espécie de correio com navios transportando cartas de um lado para o outro. Isso permitia a eles se comunicar com parentes e até mesmo contratar serviços de uma espécie de despachante que ia buscar os piratas “aposentados” nos seus esconderijos e levá-los a uma vida regularizada na América. Sim, piratas tinham aposentadoria. E você não.
Houve uma “Idade de Ouro” da pirataria, mas ela sempre existiu
Desde que inventaram as embarcações surgiram também os criminosos do mar. Historiadores encontraram evidências de piratas no Mediterrâneo já em 1353 a.C., por exemplo. Na mesma época, faraós egípcios se queixavam de piratas e, alguns séculos depois, eles também ameaçaram as rotas comerciais da Grécia antiga e saquearam cargas de navios romanos.
Mas há, no entanto, um período de tempo mais conhecido como associado à pirataria. A “Idade de Ouro” dos piratas foi de 1650 a 1720, quando esses foras da lei viram o auge de sua fama. Durante esse tempo, piratas famosos (e reais) como Barba Negra, Calico Jack Rackham e Henry Morgan pintaram e bordaram.
Havia muitas mulheres piratas
Embora os homens tenham definitivamente dominado o mundo da pirataria, houve várias mulheres piratas famosas. Entre elas estavam a francesa Jeanne de Clisson, a inglesa Mary Read, as irlandesas Grace O’Malley e Anne Bonny e a primeira mulher pirata da América, Rachel Wall, que acabou sendo presa por roubo e enforcada aos 29 anos.
A maior de todas, contudo, comandava mais de 300 navios com algo entre 20.000 e 40.000 homens sob suas ordens. Não à toa a chinesa Madame Ching Shih é considerada uma das piratas mais poderosas da história. Originalmente comandando ao lado de seu marido, ela assumiu a chamada “Frota da Bandeira Vermelha” quando ele morreu e se tornou uma das mulheres mais ricas do mundo.
Mapas e livros valiam muito
Os piratas devastavam os mares em busca de ouro, prata, joias e rum, mas também estavam à procura de algo igualmente valioso: mapas. A National Geographic conta a história de um atlas espanhol roubado em 1680 que era parte tão importante de um tesouro como o próprio ouro – e rendeu grande comemoração.
Além disso, alguns membros das tripulações piratas eram alfabetizados e essenciais para a leitura de cartas de navegação. Os livros frequentemente faziam parte dos saques.
O que eles comiam
Os piratas não tinham geladeiras em seus navios, óbvio. Então precisavam de um menu adequado à vida no mar. Isso significa que eles tinham a bordo alimentos que não apodreciam imediatamente, como carnes curadas e vegetais fermentados ou em conserva. Alguns barcos mantinham animais para gerar leite, ovos e, em último caso, carne fresca.
As regras nos navios eram claras e duras
Apesar dos piratas serem conhecidos por serem um bando de ladrões, eles seguem um conjunto rígido de regras – o famoso código pirata. Os detalhes exatos do código variavam de navio para navio, mas se sabe hoje que a maioria compartilhava as mesmas práticas enquanto à disciplina e à divisão dos bens roubados.
Os capitães eram eleitos por voto popular e podiam ser removidos se seu desempenho fosse insuficiente, por exemplo. As luzes e velas eram apagadas de noite e, se algum membro da tripulação fizesse barulho ou continuasse a beber após esse horário, era punido. Uma das piores punições era ser abandonado em uma ilha deserta – o que realmente acontecia. E, sim, assim como nos filmes eles recebiam uma arma com uma única bala.
Apesar disso, e por incrível que pareça, a vida na pirataria podia ser mais justa do que nas frotas mercantes. Os marinheiros desses barcos eram maltratados e mal pagos pelos capitães e proprietários. Recebiam pouca comida, quase sempre estragada, e ainda eram roubados no final das viagens.
Piratas realmente tinham papagaios
Como viviam em navios, manter um animal de estimação grande, como um cachorro ou um macaco, era difícil. Uma opção muito mais sensata e estratégica era um papagaio. Os marinheiros podiam comprá-los facilmente em muitos portos do Caribe e, ao voltarem para casa, vendê-los com a mesma facilidade.
Nem toda bandeira pirata era a “Jolly Roger”
Os piratas realmente tinham bandeiras usadas para atacar. Mas nem todos os símbolos eram necessariamente a caveira e os ossos cruzados – conhecidos como “Jolly Roger”.
De acordo com a National Geographic, o capitão pirata Black Bart tinha uma bandeira dele mesmo segurando uma ampulheta ao lado do diabo, o Capitão Low tinha um esqueleto vermelho-sangue em pé e a bandeira de Christopher Moody era tão colorida que se tornou conhecida como o “vermelho sangrento”.
A estratégia era se aproximar dos navios inimigos com uma bandeira amiga. No último minuto, eles levantavam o Jolly Roger ou equivalente dando o sinal de que estavam prontos para atacar.
Piratas giravam a economia (a seu modo) e tinham status
Os saques dos piratas não alimentavam apenas fortunas pessoais. Muitos dos ganhos obtidos na pirataria eram gastados nos portos a cada vez que eles atracassem. Além disso, a pirataria era uma fonte constante de oportunidades para homens pobres que não tinham emprego.
Claro que eles violavam a lei, e muitos se tornavam párias sociais, mas alguns eram membros aceitos e ativos em suas comunidades. Há casos de capitães que ajudaram a fundar igrejas e eram membros razoavelmente proeminentes da sociedade colonial.
Os piratas ainda existem
Além de personagens históricos e da ficção, os piratas continuam atuantes atualmente em praticamente todos os lugares onde há acesso à água. Hoje, são mais comuns nos mares ao redor da Indonésia, Somália e Nigéria.
Apenas no primeiro semestre de 2020, por exemplo, foram registradas quase cem invasões de navios por piratas. O principal objetivo é pedir resgate para liberar a tripulação sequestrada.
Descubra mais sobre os piratas de verdade
Filme: O filme baseado em fatos reais “Capitão Phillips”, de 2013, conta a história do navio cargueiro MV Maersk Alabama. Em 2009, o barco americano foi sequestrado por piratas somalis que mantiveram o capitão Richard Phillips e sua tripulação como reféns. O filme mostra quem são e de onde vêm esses piratas do mundo moderno.
Série: A proposta de “O reino perdido dos piratas”, série da Netflix, é contar a história real de alguns dos piratas mais famosos da “Idade de Ouro”. A produção mistura documentário e encenações para narrar os feitos de nomes como Charles Vane, Anne Bonny e o infame Barba Negra.
Livro: “Piratas no Brasil“, de Jean Marcel Carvalho França e Sheila Hue, conta a história real das aventuras dos principais corsários ingleses e franceses que saquearam o litoral de São Paulo, de Pernambuco e do Rio de Janeiro. Em busca de fortuna, muitos deles chegaram a realizar assaltos incríveis em portos brasileiros.
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