Álcool em gel no carro pode causar incêndio quando exposto ao sol? Descubra se é verdade ou mentira

Entenda quando o Álcool em gel no carro pode causar riscos em veículos e como utilizá-lo da forma mais segura fora de casa

álcool em gel

A Pandemia do Coronavírus criou a a nova necessidade de usar álcool em gel nos lugares públicos. Foi então que começaram a surgir muitos relatos em redes sociais sobre incêndios em carros causados por álcool em gel. Principalmente quando estes veículos ficaram muito tempo expostos ao sol.

Os depoimentos davam conta de locais onde o álcool em gel teria entrado em combustão e teria levado um carro a pegar fogo. Foi noticiado em um shopping na cidade de Cabo Frio, no estado do Rio de Janeiro. Outro depoimento cita um incidente parecido que aconteceu na cidade de Itatiba, interior de São Paulo.

Veículos de comunicação desmentiram boa parte dos boatos montados. Mas, recentemente, o próprio Serviço Nacional de Saúde Do Reino Unido (NHS) chegou a emitir um comunicado alertando e recomendando que os frascos não fossem deixados nos autos.

A NHS justificou apontando que recebeu “um grande número de relatos de que o álcool em gel tem sido a causa de incêndios quando deixados dentro de veículos no tempo quente que o Reino Unido está experienciando”.

As dúvidas voltaram à tona: Afinal o álcool em gel no carro pode causar incêndio?

O que dizem os especialistas sobre Álcool em gel no carro

álcool em gel

Em entrevista ao Canaltech, o químico Cedric Stephan Graebin, doutor em Ciências Farmacêuticas pela UFRGS e professor associado da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (Seropédica), enfatizou que a maior parte destes relatos não passa de fake news.

“Não creio que um frasco de álcool 70 entre em combustão quando exposto ao sol dentro de um carro. O que acontece, sim, é que o frasco pode deformar e o conteúdo do frasco pode vazar dentro do carro. Se houver uma fonte de ignição, como uma faísca, por exemplo, oriunda de uma descarga elétrica dentro do carro, próxima ao vazamento, há a possibilidade de combustão”, esclarece o químico.

Ou seja, o produto em si, conservado na embalagem, não tem potencial de inflamar sozinho. Para que tal coisa ocorra a ponto de explodir dentro de um carro ele precisa vazar de dentro do frasco. Além disso, sofrer a ação intensa de temperatura e entrar em contato com uma fonte de faísca.

Testes em viagens

álcool em gel

Graebin baseou sua resposta em um estudo de segurança que liberou álcool em gel nas viagens feitas pela FAA (Administração Federal de Aviação), dos Estados Unidos. Esta é uma agência similar à ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil).

Nos testes, foi observado que duas condições são necessárias para que ocorra a combustão. Uma é a temperatura, já que todo o solvente inflamável tem uma temperatura na qual, acima dela, ele entra em combustão. A outra é a necessidade de uma faísca que inicie a combustão.

“Chamamos isso (temperatura ideal) de ‘ponto de fulgor’, em português, ou ‘flash point’, no inglês. O ponto de fulgor do etanol puro é de cerca de 12 graus Celsius. No teste feito pela FAA, o vapor originado da evaporação do álcool só entra em combustão em temperaturas acima de 37 graus Celsius. Mesmo assim, na presença de uma faísca ou de uma chama e aquecendo o frasco em cima de uma frigideira ou panela”, esclarece o professor.

Como o álcool entra em combustão

Porém, é preciso saber que uma simples faísca elétrica, como a de um acendedor de cigarro, pode fazer o álcool em gel entrar em combustão. Por isso, precisa manter o frasco longe desses objetos. E esperar um tempo após higienizar as mãos para que o produto evapore antes de acender um isqueiro ou riscar um fósforo.

Ainda assim, o risco é mais baixo para o 70% e principalmente para as concentrações menores de 40%. Mesmo que o produto entre em combustão, a chama tende a durar pouco tempo.

NHS volta atrás do Álcool em gel no carro

Crédito: Reprodução

Na quarta, 24//6, o Serviço Nacional de Saúde Do Reino Unido recuou sobre os alertas de risco de incêndio de álcool em gel em carros, quando a temperatura estiver alta.

Apesar de afirmarem para os potenciais riscos, baseadas em relatos diversos que receberam, minimizaram os efeitos. Agora, a notificação ressalta que o risco existe se for acionado por uma faísca.

O órgão reafirmou que o alerta teria sido para comunicação interna e visando proteger ao máximo as equipes de frente que estão cuidado da saúde e segurança em meio a Pandemia.

Em resumo, apesar de não ser um risco eminente, é sempre bom tomar cuidado com o álcool em gel no carro. Principalmente para evitar vazamentos e contatos com áreas mais sensíveis do veículo. Todo cuidado é pouco e aposto que você não quer ver seu veículo incendiado quando retornar a ele!

Para saber mais: Canaltech, Exame, Metro UK, FAA

 

Leonardo Filomeno
Leonardo Filomeno

Jornalista, Sommelier de Cervejas, fã de esportes e um camarada que vive dando pitacos na vida alheia

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