Vou contar uma história que por muito tempo me deixou envergonhada. Eu só entendi que o que aconteceu na verdade foi algo ótimo quando refleti muito sobre o assunto – e, claro, conversei com outros profissionais.
Depois de muito tempo trabalhando em uma agência, eu resolvi fazer uns bicos dando consultoria de redes sociais. Tinha um diploma e experiência e sabia que podia ganhar um dinheiro extra com isso.
Com o tempo, alguns possíveis clientes foram entrando em contato comigo e eu agendava uma consultoria. Estava bem feliz com o alcance. Apesar de discreto, eu estava conseguindo me firmar.
Um dia, um cliente relativamente grande – para os meus parâmetros – me ligou e pediu pra conversar comigo. Eu fui até o escritório dele e, lá, descobri que ele queria resposta para as suas perguntas sem pagar os custos da consultoria.
Durante o papo, eu notei que ele não estava querendo saber mais sobre a minha carreira, ele queria que eu desse dicas e conselhos para o que a empresa estava fazendo nas redes sociais. Quando percebi a abordagem, pedi licença e disse, com toda a educação: “se você precisa de mais informações, marque outra visita para a consultoria”.
Os sorriso saiu rapidinho dos lábios dele e aí ele demonstrou seu objetivo com clareza: “Mas a gente só está conversando sobre o assunto. Aliás, vai ser ótimo pra você ter essa conversa comigo”.
Eu sabia o valor do meu trabalho e também tinha noção de que aquelas perguntas não faziam parte de uma entrevista, faziam parte de um trabalho de consultoria. Firme, respondi: “Eu tenho certeza que prestar consultoria para a sua empresa vai ser ótimo para a minha carreira, por isso, entre em contato comigo novamente por esse telefone a gente conversa sobre uma segunda visita e discutimos valores”.
Ele pediu para que eu me retirasse e, é claro, não entrou em contato comigo outra vez.
Eu sai de lá me sentindo frustrada e enganada. Mas, ao mesmo tempo, livre e orgulhosa. Não contei isso para muitas pessoas mas senti que poupei meu tempo e meus conhecimentos naquela conversa.
Anos depois, conversando sobre isso com profissionais, percebi que fiz o certo. O tempo que eu gastaria naquela sala sem ganhar um centavo e me diminuindo como profissional foi voltado para outro cliente que deu valor para o meu serviço.
Refletindo sobre isso, repassei esse ensinamento para as outras áreas da minha vida e agora eu sei a importância de dizer não.
Você é responsável pelos seus limites
Olha esse choque de realidade: os limites são construídos, eles não aparecem milagrosamente nos seus relacionamentos. Se você está constantemente se encontrando em situações desconfortáveis onde as pessoas parecem estar pedindo cada vez mais de você, provavelmente você não está se responsabilizando pela criação dos seus limites.
O que está te impedindo de dizer “não” ou “já chega”? É o medo? Você está tentando agradar os outros? Se esse for o caso, pergunte para si mesmo: isso é um padrão na sua vida? Está te ajudando a chegar em algum lugar?
Você não é responsável pela reação dos outros
Frequentemente, as pessoas dizem “sim” pelo medo de desapontar os outros. Esse é o seu caso? Então, pense: esse medo normalmente surge de um desejo imenso de ser agradável, e é incrivelmente prejudicial quando você lida com isso no ambiente de trabalho ou pessoal.
Você acaba se focando muito em agradar os outros em vez de manter o foco no resultado e, no fim das contas, tentar agradar todo mundo toma muito tempo e nunca é efetivo.
Então, pense racionalmente: é melhor gastar esse tempo todo mantendo o foco em algo do que tentando agradar os outros. É melhor se sentir inconfortável do que ressentido. Tente aprender com o desconforto para crescer como pessoa e, ao notar a origem desse sentimento, você vai conseguir fazer escolhas conscientes e mostrar autenticidade.
Pessoas bem sucedidas sabem dizer “não”
É claro que não foi fácil aprender, mas praticamente todas as pessoas bem sucedidas têm isso em comum: elas sabem dizer “não”.
A ciência, inclusive, diz que o “não” aumenta a produtividade e a saúde mental, afinal, nenhum de nós pode dizer “sim” o tempo todo.
Warren Buffett, investidor e filantropo norte-americano, diz: “A diferença entre as pessoas de sucesso e aquelas mal sucedidas é que as pessoas bem sucedidas dizem “não” com muita frequência”.
Mas que fique claro: você não deve dizer “não” pra tudo, mas deve saber quando negar um pedido e honrar o seu trabalho e você mesmo. Além disso, pessoas bem sucedidas não se preocupam em criar mil desculpas depois de dizer “não”, elas apenas dizem. Fim.
Eu gosto muito de agradar as pessoas e é difícil pra mim saber quando dizer “não” mas, mesmo assim, parte de mim reconhece a importância de quebrar a corrente e me fortalecer com isso.
Toda vez que você diz “não” quando teria dito “sim” no passado, você está fortalecendo suas barreiras e limites e tornando mais fácil dizer “não” no futuro.
A próxima vez que você se pegar desejando agradar outra pessoa e esquecendo de si mesmo, lembre-se: dizer “não” para o que ela está pedindo é apenas um jeito de dizer “sim” para si mesmo.