Nenhum emprego é vergonhoso: tenha orgulho do seu trabalho

Há pouco tempo, um caso bem peculiar rolou durante o programa Domingão do Faustão, da TV Globo: Tatiele Polyana, participante do BBB14, compartilhou seus planos profissionais e finalizou dizendo que “se nada der certo, viro bailarina”, direcionando o comentário para o elenco de dançarinas do programa. O apresentador então reforçou: “Olha, não é assim não! As bailarinas aqui têm que estudar bastante!”.

Esse preconceito disfarçado de piada se tornou notícia outra vez em junho deste ano: na Instituição Evangélica de Novo Hamburgo (IENH), os alunos do ensino médio participaram de uma festa chamada “se nada der certo”. Nessa “atividade” eles se vestiram com as roupas e uniformes de profissões que eles atribuem a “fracassados”: vendedores, garis, faxineiros, empregados domésticos e cozinheiros.

O irônico é que boa parte desses alunos provavelmente aceitariam trabalhar nos Estados Unidos ou até mesmo na Europa exercendo uma dessas profissões para aprimorar o inglês. Mas, independente disso, o fato é: para muita gente – e não só para brasileiros – algumas profissões são motivo de vergonha. Se você é caixa do McDonald’s, porteiro ou faxineiro seus pais falharam como pais e você falhou na vida – afinal, para muita gente, é melhor ficar sentado no sofá jogando video game em vez de ganhar um dinheiro limpo vendendo sanduíche.

Quem pensa assim não se importa com a diferença entre as classes sociais, não enxerga que dentro do mesmo país diferentes pessoas podem viver diferentes países.

Nenhum emprego é vergonhoso: tenha orgulho do seu trabalho

Quem pensa assim ignora as dificuldades de quem precisa começar de baixo, ou até mesmo a realidade de pessoas que continuam na mesma profissão, tão temida por alguns jovens do colégio citado acima, por impossibilidade de exercer qualquer outra função por questões complicadas, como falta de tempo, necessidade, falta de estudo ou até mesmo por paixão pela atividade que exercem.

No fim das contas, o que é “dar certo”? Vamos refletir um pouco sobre o conceito de sucesso e fracasso. Por exemplo, o slogan do IENH é “Formando novos líderes para o mundo”.

Porém, o papel do líder na sociedade atual não é facilitar o trabalho para que a equipe se sinta motivada e desafiada a fazer coisas novas e incríveis? E que líder seria esse que acredita na inferioridade de determinadas profissões? Para o mundo funcionar como conhecemos, não é necessário que cada um exerça exatamente a sua função? Sendo assim, cada função não é igualmente importante para a manutenção da sociedade?

E o sucesso? Não sei como vocês o definem, mas, para mim, ser uma pessoa de sucesso é ser uma pessoa feliz, com equilíbrio emocional, capaz de exercer a empatia e fazer do mundo um lugar melhor – e até onde eu sei, esses pontos não tem relação alguma com a sua profissão, e sim com o seu estado de espírito.

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Maria Confort
Maria Confort

Jornalista, cinéfila, fanática por literatura e, por isso, apaixonada pela ideia de entender pessoas.

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