por Maria Confort Alguma vez na sua vida, já parou pra imaginar como seria se fosse o pai que ficasse grávido? Bom, eu já. Primeiro, eu fico aliviada com a ideia: imagina só, não inchar, não sentir as dores da gravidez, não ficar enjoada, não vomitar por qualquer coisa e, o melhor de tudo, não sentir a dor do trabalho de parto.
Depois, eu fico meio melancólica. Mulheres, imaginem só: não sentir o bebê se mexer, não poder conversar com a própria barriga antes de dormir e, o pior de tudo, não sentir as sensações mágicas do parto.
Mas, apesar de toda essa melancolia, ainda sim é bem engraçado imaginar um homem grávido.
Como vocês iriam lidar com os desejos?
Eu fico imaginando o meu pai, com seus cinquenta e tantos anos, abrindo a geladeira de madrugada e colocando tudo quanto é ingrediente esquisito dentro de uma panela, sem se preocupar se eles combinam, apenas para matar um desejo de gravidez.
Meus amigos, por exemplo, com certeza iriam fazer competição para saber qual barriga é maior e transformar a contagem de semanas até o parto em um jogo.
E o chá de bebê, então? Se vocês não sabem direito como funciona esse negócio, vou explicar: todas as amigas da grávida se reúnem para dar presentes, pintar a cara dela, pintar a barriga e compartilhar histórias constrangedoras sobre gravidez.
Eu não consigo imaginar um bando de homens reunidos em volta do cara grávido compartilhando presentes para o bebê.
Vocês iriam ter paciência para todos os joguinhos? Porque eu, mesmo sendo mulher, não tenho muito saco para isso.
Aliás, alguma vez na sua vida você já disse que não tem saco para a TPM? Gravidez é praticamente uma TPM trabalhando em período integral. A emoção rola solta, a mudança de humor também e, aí, seria a nossa vez de falar: “são os hormônios, amor?”, quando vocês ficarem emotivos demais por não ter chocolate em casa.
Mas também, vocês experimentariam sensações incríveis. Eu ia ter inveja dos homens se vocês pudessem sentir o bebê se mexer no meio da noite ou na fila do mercado.
O chute do bebê é um grande evento, não importa o lugar. Eu fico imaginando os homens reunidos envolta do amigo grávido perguntando se podem colocar a mão para sentir também. Vocês fariam isso?Se engravidassem, acho que sim.
Aliás, eu acho que aquela necessidade de reforçar a masculinidade o tempo todo iria embora pela janela – e isso seria ótimo.
Os homens não teriam mais todo aquele problema em se tocar, não teriam medo de colocar a mão na barriga de outro homem e “transmitirem a ideia errada sobre a sua sexualidade”.
Você já se sentiu constrangido por chorar em público? Chorar no cinema? Chorar no metrô? Isso acabaria. Essa necessidade boba do homem parecer sempre firme e não esboçar emoções desceria pelo ralo junto com o primeiro vômito matinal.
Imagina só o tamanho da liberdade! Se reunir com os amigos para entender as mudanças doidas do corpo e discutir os sentimentos aflorados.
Perguntar: “mas é normal ficar irritado por causa de algo tão idiota?” e realmente compartilhar os sentimentos e angustias – sem se preocupar – certamente te faria entender muito mais sobre o seu corpo e sua mente.
É, não seria só engraçado se um homem engravidasse, também seria bem libertador.
