Nossa mente tem poderes incríveis. Há quem consiga andar, descalço, sobre carvão quente sem sentir dor apenas por ter programado a mente e alcançado um estado elevado de concentração.
Há também quem se sinta paralisado ao colocar as duas mãos no volante para dirigir por causa de algum trauma insuperável.
A mente é capaz de nos fazer correr uma maratona sem sentir as pernas doloridas e, ao mesmo tempo, nos fazer paralisar de medo diante de um obstáculo.
Muitas vezes, a paralisia acontece de maneira sutil e quase imperceptível e, mesmo que a gente continue andando e realizando as nossas atividades diárias, nossa vida parece não avançar.
Essa auto-sabotagem é capaz de fazer alguém perder o emprego, terminar um casamento e até se afastar dos filhos. Muitas vezes, o maior inimigo não é um concorrente, não é nosso colega de trabalho e nem a balança. Muitas vezes, o seu maior inimigo é você mesmo.
Então, quando você é seu próprio obstáculo, como parar de se auto-sabotar?
Alguns psicólogos do site Psychology Today separaram quatro razões pelas quais a gente comete a auto-sabotagem e, consequentemente, como podemos acabar com ela:
Pare de ter raiva de si mesmo
Egoísmo, narcisismo, ego inflado. Esses são os extremos do amor próprio e, paradoxalmente, muitas vezes essas características são causadas por inseguranças. Mas outras manifestações da nossa mente são extremamente prejudiciais para nós mesmos e para aqueles ao nosso redor, como o excesso da autocrítica e da raiva de si mesmo.
O psicólogo Robert Firestone diz que parte da nossa mente pode nos sabotar por ser moldada pelas nossas primeiras experiências na vida. Por exemplo, muitas vezes aquela voz extremamente crítica na nossa mente nasce como reflexo da forma com a qual fomos tratados enquanto estávamos crescendo.
Se, durante a infância ou adolescência, alguém foi chamado muitas vezes de burro, ignorante ou incapaz, essas marcas podem ficar no subconsciente e serem encaradas como verdade na vida adulta.
Segundo o psicólogo, o ambiente o nosso redor também pode afetar o nosso comportamento. Se, por exemplo, crescemos isolados ou sem muitos amigos, podemos nos tornar adultos com dificuldades de socializar.
Aliás, muitas vezes o subconsciente das pessoas é afetado por aqueles que mais as amam. Quando um adulto diz (muitas vezes) para uma criança que determinadas atividades são complicadas ou extremamente difíceis para ela realizar, essa criança pode crescer se considerando uma vítima em qualquer situação e, inclusive, se tornar extremamente passiva ao longo da vida.
Então, para eliminar a auto-sabotagem, uma boa solução é imitar ou assumir as experiências que nos foram negadas no início da vida. Se você cresceu tímido, sinta-se na obrigação de socializar e saia do seu casulo. Pequenas atitudes podem mudar a sua vida.
Saia da zona de conforto
Isso nos leva para a segunda razão pela qual as pessoas se auto-sabotam. Segundo os psicólogos do site Psychology Today, a nossa voz crítica nos prende dentro de uma caixa confortável e segura.
É fácil identificar o nosso inimigo interno quando ele grita para nós mesmos que nós somos incapazes e estúpidos. O difícil é reconhecer esse inimigo quando ele diz: “Você está bem agora, fique sozinho, é mais seguro. Coma mais esse prato de comida, fume mais esse maço de cigarro, você merece. Você está cansado, não tem problema se ligar a TV agora e ignorar o trabalho, não se preocupe com o seus objetivos de vida por hoje”.
Essa auto-sabotagem é cruel e confortável e, por isso, é um dos maiores perigos. Escutar essa voz vai te fazer feliz naquele momento mas, quando você se entrega ao inimigo, você está perdendo a chance de correr atrás do que realmente vai te proporcionar alegria e satisfação por mais tempo, como uma estabilidade emocional, uma estabilidade no emprego ou estabilidade física.
Porém, quando você ignora essa voz confortável que te pede para ficar na parte rasa da praia, a tendência é que ela passe a te criticar e dizer que você não é bom o suficiente para realizar outras atividades.
Então, seja forte e a desafie novamente.
Seja menos rígido consigo mesmo
Uma autoimagem negativa é destrutiva mas, muitas vezes, nós não nos desafiamos porque nós já a construímos. Nós começamos a criar regras para nós mesmos e para as nossas vidas baseadas em defesas antigas. Nós acreditamos que elas vão nos proteger mas, na verdade, elas nos machucam ao longo do caminho.
Essas defesas normalmente são as mesmas técnicas que usávamos na infância mas que, agora, na vida adulta, apenas nos prendem no mesmo lugar.
Ficar sozinho em casa pode ter te impedido de sofrer durante a infância, mas ser retraído e contido na vida adulta pode te impedir de mostrar sua verdadeira personalidade para o mundo e criar laços importantes.
Da mesma forma, perder o controle quando você era criança poderia te fazer ser ouvido pelos seus pais mas, na vida adulta, gritar com sua parceira ou com seus amigos apenas vai afastá-los.
Essas formas de defesa podem limitar a sua vida: quem pratica auto-sabotagem normalmente enxerga tudo em blocos de “devo ou não devo fazer”, “posso ou não posso fazer”, e isso é extremamente prejudicial.
Sua voz extremamente crítica dentro da sua mente provavelmente diz coisas como: “Você só deve namorar pessoas que façam X por você”, ou “você só pode ter um emprego que não envolva exercer sua criatividade”.
Pare de se limitar.
Perca o medo
A psicóloga Lisa Firestone, do site Psychology Today, diz que o medo normalmente é a raiz que nos puxa para baixo. O medo do desconhecido, do não familiar e da falha é o pior medo de todos. Esse medo é o que ascende a autocrítica extrema e nos enfraquece porque é melhor ficar parado do que arriscar ouvir um não, arriscar sentir dor, arriscar ser rejeitado.
A verdade é que somos muito, muito mais fortes e resistentes do que pensamos. Nenhuma vitória é alcançada sem dores, nenhuma felicidade é consequencia de um caminho completamente feliz. O doce só é doce por causa do amargo e, se a gente não reconhecesse a dor, não saberíamos o que é a alegria.
Quando nos sabotamos, estamos ouvindo a voz crítica que quer nos proteger dos perigos mas, ao mesmo tempo, ela nos impede de sentir felicidade.
Então, entenda a natureza dessa voz e a bloqueie, lute contra ela e saiba que vai doer sair da caixa e pode até ser difícil cair tantas vezes antes de se levantar, mas ficar parado no mesmo lugar é um jeito extremamente cruel de viver a sua vida.
Uma pesquisa realizada pelo psicólogo Kristin Neff concluiu que, quando comparada com a autoestima, a autocompaixão está associada a uma maior resiliência emocional, conhecimento de si mesmo, carinho em relacionamentos de amizade e amor, menos narcisismo e raiva reativa. Quando alcançamos esse estado, somos capazes de ir atrás dos nossos objetivos e conseguimos encarar melhor qualquer ansiedade que possa surgir.
Podemos, então, começar a distinguir o que realmente queremos em vez do que os outros esperam da gente. Podemos traçar o nosso destino em vez de viver uma vida prescrita por outras pessoas ou por nosso eu-crítico.