Jantaria pelado? Paris inaugura seu primeiro restaurante naturalista

Teria coragem de comer nu? Algumas pessoas na Europa não só têm coragem como só conseguem comer assim.

Todo mundo nasceu pelado, é óbvio. Há alguns milhares de anos atrás, todo mundo comia pelado. Em alguns lugares do mundo, as pessoas comem peladas ainda hoje. Porém, na nossa sociedade, é bem difícil imaginar um grupo de pessoas “civilizadas” – apesar desse conceito ser relativamente ultrapassado – almoçando ou jantando sem roupa alguma, principalmente em público.

Na Europa, é claro, a coisa é diferente: avançado em várias questões, o antigo continente é sempre o primeiro quando o assunto é quebra de barreiras e paradigmas. Praias de nudismo, por exemplo, são extremamente comuns por lá. E agora a nova moda é levar o naturalismo da beira do mar para as mesas de jantar.

Mas não vá pensando besteira: a proposta naturista não tem nada de sexual. Quem segue esse estilo de vida acredita que roupas são imposições sociais que nos limitam e, por isso, procuram lugares que aceitem a nudez total e parcial. Seguindo esse principio, comunidade naturalista deve ter ficado extremamente empolgada com o novo restaurante naturalista inaugurado em Paris.

O restaurante O’Naturel, aberto no início do mês na capital francesa, fica relativamente longe do principal ponto turístico da cidade, a Torre Eiffel, e surpreendentemente afastado de Montmartre, o bairro mais boêmio da cidade, conhecido por suas casas de show e pelo internacionalmente conhecido Moulin Rouge.

Os curiosos que quiserem ver como é a experiência de jantar sem roupa terão de pagar caro para isso. Cortinas pesadas cobrem as janelas do restaurante para, é claro, respeitar a privacidade de seus frequentadores e cumprir a lei, afinal, nem todo mundo gosta de ver gente pelada sem estar preparado para isso.

O O’Naturel fica localizado na rua Gravelle, em uma região residencial da cidade, e foi pensado pelos gêmeos Mike e Stéphane Saada para ser extremamente discreto. Os fundadores, os garçons e os cozinheiros são as únicas pessoas que podem ficar vestidas dentro do restaurante.

Lá dentro, os clientes são convidados a parar no vestiário e deixar toda a roupa em armários com chave. Depois, eles podem seguir para o salão do restaurante onde começam a degustar clássicos da culinária francesa, como foie gras, escargot, caviar, crème brûlée, pratos veganos e uma carta de vinhos com mais de 30 opções.

Os clientes podem estar sem bolsos no jantar, mas eles vão precisar enfiar a mão neles antes de tirar a roupa, porque o preço dos pratos não é nada barato: a entrada, o prato principal e a sobremesa custam 49 euros, o equivalente a R$ 180, por pessoa.

Em entrevista ao Le Parisien, os fundadores explicaram que por questões de higiene as cadeiras são cobertas com uma proteção descartável, trocada a cada novo cliente: “Faremos o possível para que todo mundo se sinta à vontade, tanto os adeptos do naturismo quanto as pessoas que quiserem experimentá-lo. Nós não praticamos, mas queremos colocar a gastronomia à serviço da nudez”, disse Stéphane.

Como falamos acima, o naturismo é uma prática comum na França, e ela reúne 2,6 milhões de pessoas, de acordo com a Federação Francesa de Naturismo (FFN). São 145 associações e 85 centros recreativos em todo o território francês. Segundo a revista Superinteressante: “Apesar de estabelecimentos como o O’Naturel já terem dado certo em Londres e Tóquio, quando o bistrô francês era apenas um projeto, a FFN afirmou que o restaurante seria ‘mais marketing que outra coisa’, já que as pessoas não se interessariam em atravessar a cidade vestidas para jantarem peladas”.

E aí, arriscaria um jantar pelado?

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Maria Confort
Maria Confort

Jornalista, cinéfila, fanática por literatura e, por isso, apaixonada pela ideia de entender pessoas.

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