Por dentro do mundo de quem usa robôs para comprar e revender tênis

Tem muita gente pegando os modelos que você quer em poucos segundos usando robôs para comprar e revender tênis. Entenda como isso funciona.

Quem usa robôs para comprar e revender sneakers

Não é novidade que muita gente vive de comprar e revender tênis. Há anos o mercado se alimenta de modelos exclusivos e raros sendo lançados originalmente já com preços elevados e revendidos por quantias astronômicas. Mas os resellers, como se chamam os revendedores, não trabalham sozinhos. Eles têm ao seu lado um exército de robôs, que permite que eles consigam comprar os tênis que são lançados por aí facilmente. E chegou a hora de descobrirmos como isso funciona.

Quer saber por que seus tênis favoritos nunca estão disponíveis nos sites e aplicativos especializados? Ou quer ter um robô para nunca mais ficar sem um modelo novo? Não é nada fácil, então preste atenção em como isso funciona para quem compra e revende tênis.

Os grupos de revendedores

Não basta manjar de tênis e olhar em lojas para imaginar o que vai vender bem e o que não vai. É preciso saber o que significa cada lançamento, onde que aquele modelo se encontra dentro da estratégia da marca e o peso que isso terá para quem curte muito a cultura sneaker. Isso vai permitir prever razoavelmente bem o progresso de vendas do tênis a longo prazo.

Muitos revendedores aprendem isso dentro de grupos fechados. Há grupos espalhados por diferentes redes sociais, como o Discord, em que eles trocam informações valiosas e trabalham juntos para comprar os tênis. É possível aprender o que tem potencial de revenda, ler monitores de reabastecimento, buscar suporte, conselhos sobre robôs, qualquer coisa. E não só sobre tênis, mas sobre muitos produtos que têm valor de mercado na revenda.

Esses grupos são chamados de “cook groups” e, claro, são pagos. O custo médio vai de 50 dólares a 60 dólares por mês.

O mercado de robôs

Robôs usados para comprar e revender tênis

O robô é quem vasculha o varejo atrás dos modelos certos. Existem robôs específicos para cada vendedor ou objetivo: Nike, Adidas, Supreme, Yeezy, etc. Com nomes como Cyber, Balkobot, Splashforce e MEKPreme, eles são “reabastecidos” frequentemente e anunciam isso em seus perfis no Twitter.

Comprados diretamente dos desenvolvedores, eles custam entre 300 dólares e 500 dólares por ano. Mas muitos são revendidos de um reseller para outro, aumentando os preços para valores entre 1.000 dólares e 8.000 dólares anuais.

Curiosamente, existem ferramentas e robôs desenvolvidos para comprar robôs nesses “reabastecimentos”. Sim, as pessoas usam robôs para comprar robôs.

Usando os robôs para comprar e revender tênis

Os Yeezys são alvos dos robôs que compram tênis

Ter um robô não significa comprar o tênis que quiser. Há muitos sites feitos para barrar a ação de robôs, muitos imprevistos no caminho e, em resumo, é muito difícil e estressante usar robôs o tempo todo.

Quem não tem um computador bom, por exemplo, vai precisar de um servidor. Os servidores podem custar de 80 dólares a 100 dólares por mês. Além disso pode ser preciso comprar um proxy. Proxies vão ajudar a executar mais tarefas automatizadas durante um lançamento e ainda ajudam a ocultar sua identidade e endereço IP de sites que bloqueiam revendedores. E eles podem custar de 100 dólares a 150 dólares por mês.

Ainda há as contas fake no Gmail, que são usadas ​​para ajudar a driblar CAPTCHAs em sites de varejistas. Cada conta fake geralmente custa um dólar e as mais valiosas são as mais antigas. Existem até pessoas que “cultivam” contas de Gmail antes de vendê-las. O objetivo é que elas pareçam ter um histórico de atividade verdadeiro.

Para completar, os robôs precisam de updates quase diários, lançados pelos desenvolvedores para driblar as barreiras criadas pelos sites do varejo. Se não forem feitos, os robôs param de funcionar para comprar e revender tênis.

O esquema dos pagamentos

Cartões de crédito são usados para comprar tênis com robôs

Tudo é feito com cartões de crédito, então os revendedores têm que escapar de terem seus nomes associados a eles quando são usados por robôs. Muitos usam cartões de crédito virtuais com nomes, números e endereços diferentes.

Um truque muito usado é pegar um mesmo endereço e ir mudando apenas o número do apartamento. Para a loja e a empresa de pagamentos, isso mostra que a pessoa não está recebendo vários pares, mas sim comprando para endereços diferentes.

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Felipe Blumen
Felipe Blumen

Historiador, jornalista de lifestyle e fã de foguetes, Corinthians, gibis e outras bagunças.

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