Apagar “memórias ruins” da mente parece coisa de ficção científica, certo? Bom, alguns cientistas apontam que essa tecnologia pode se tornar realidade em breve.
Pesquisadores conseguiram identificar um pequeno número de “neurônios do medo” em camundongos e, assim, conseguiram analisar como arrancar as memórias ruins.
Eles alegam que a mesma técnica pode ser utilizada em humanos, mas sabem que essa tecnologia anda de mãos dadas com implicações éticas bem sérias.
Os cientistas dizem que, com essa técnica, eles podem ajudar viciados em drogas e pacientes que sofrem de Transtorno Pós Traumático, mas também ressaltam que, ao remover memórias ruins da mente de alguém, podem estar impedindo que essa pessoa aprenda com seus erros.
A pesquisa, realizada pela Universidade de Toronto, lembra bastante a premissa do filme “Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças”: nele, uma empresa vendia o serviço de apagar as memórias relacionadas a um ex namorado ou namorada.
No filme, aliás, o resultado desse processo não é um dos melhores – o que nos leva a levantar a real utilidade de apagar alguém da nossa cabeça, por mais traumático que o relacionamento tenha sido.
Algumas pesquisas anteriores também descobriram que alguns neurônios são ativados em um padrão particular quando uma nova memória é criada.
Esses neurônios são chamados de “engrama” e essa descoberta foi utilizada como base para a pesquisa da Universidade de Toronto.
Os pesquisadores canadenses apontaram que certos neurônios competem para serem “recrutados” para um “engrama” subjacente a uma memória ruim.
Parece complexo, mas a explicação é relativamente simples. Entre os milhões de neurônios no cérebro, poucos são necessários para formar uma memória associada a um medo ou situação traumática.
Os cientistas também descobriram que é possível identificar os neurônios relacionados à memória traumática ao produzir uma certa proteína cerebral.
Ao remover geneticamente os neurônicos identificados, essa memória específica pode ser eliminada de vez sem afetar outras memórias.
Outras pesquisas realizadas com camundongos apontaram que o vício em cocaína pode ser vencido ao eliminar as memórias associadas ao uso da droga.
A Dra. Sheena Josselyn disse, no Encontro Anual da Associação de Ciência Avançada de Boston, que: “Nossos estudos sugerem que um dia a gente vai poder tratar pessoas que sofrem de Transtorno Pós Traumático” ao apagar essas memórias traumáticas. Nessas pessoas, as memórias são agressivas e corrompem a rotina. Porém, essa tecnologia pode ser bem negativa quando aplicada em pacientes que simplesmente querem eliminar uma memória ruim. Afinal, todos nós aprendemos com nossos erros. Por isso, nossa preocupação é que, ao apagar essas memórias de alguém, a pessoa acabe repetindo o mesmo erro incansavelmente”.
Ela complementa: “Há implicações éticas relacionadas ao método. Não é por algo ser possível que ele deve ser feito”.
Ou seja: apagar memórias ruins pode ser algo possível, mas a nossa sociedade precisa desenvolver políticas éticas para o uso dessa ferramenta.
E aí, você apagaria?
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