Encontrar uma parceira para compartilhar os momentos da vida é uma experiência divertida e enriquecedora, que todos deveriam passar. O lado negativo é que, até descobrir o amor, você passa por um período cinzento, cheio de picos de emoção: chama-se paixão. E é com ela que vem não só as prazerosas sensações, mas também a infinidades de decisões estúpidas que acabamos tomamos.
Não, você não é o único a agir de maneira idiota. O lado positivo é que a ciência pode explicar e você pode aprender a não ser tão trouxa assim!
O que acontece com o corpo quando estamos atraídos por alguém?
A atração humana é um mistério grande, inclusive para a ciência. Existe uma infinidade de variáveis que afetam quando estamos a fim de uma pessoa, incluindo preferências de personalidade, tendências culturais, pressões sociais e parceiros potenciais disponíveis.
Mas, na biologia, existem uma série de produtos químicos diferentes que contribuem para uma mente em estado alterado. Basicamente, estar atraído por alguém é semelhante a estar drogado. Produtos químicos são liberados em nosso cérebro, criando um estado mental alterado e fazendo com que nos comportemos de forma diferente da convencional.
Adrenalina: Quando vemos alguém que nos atraímos, nosso corpo libera adrenalina. Ela é responsável por acelerar seu coração e fazer suas mãos suar. Ela deixa seu corpo em estado de alerta, prepara você para uma ação imediata, bem como aumentar os níveis de tensão e estresse. Ela também libera dopamina e endorfina.
Dopamina: este composto te deixa eufórico, tonto, ou com sensação de prazer. A dopamina é responsável por estímulos gratificante, alimentando comportamentos que causam dependência. Isso é benéfico em relacionamentos positivos, mas também afeta os comportamentos negativos, como ânsias e abuso de drogas. Isso explica o fato das pessoas que são interessadas por alguém que as faça sofrer.
Serotonina: sabe quando você não consegue tirar alguém da sua cabeça? A serotonina é a culpada. Ou, melhor, a falta dela. Esta mesma queda na produção de serotonina está presente em pessoas com Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC). Ou seja, estar apaixonado por alguém provoca um estado químico similar a uma condição que de outra forma seria tratada com remédios e ajuda profissional.
Testosterona: os níveis de testosterona afetam ambos os sexos. Níveis mais altos de testosterona leva os homens a serem mais atraídos por mulheres com mais “femininas”. Por outro lado, um estudo mostrou que as mulheres veem homens com altos níveis de testosterona como mais atraente, embora isso afete julgamentos a curto prazo. Isso explica o porquê delas gostarem de Bad Boys.
Estrogênio: vários estudos comprovam que a atração feminina é afetada de diversas formas pelo estrogênio e do ciclo de ovulação. Por exemplo, um estudo demonstrou que os homens que apenas cheiram a camisa de uma mulher que estava ovulando têm um aumento considerável na produção de testosterona.
Sozinho, nenhum destes produtos químicos ou reações determinam como você se comporta. Sua personalidade é a soma de todas e mais outras substâncias químicas liberadas pelo cérebro. Porém, quando sentimos atração por outra pessoa, não conseguimos evitar essa onda de sensações, que acaba causando alguns problemas.
Eu não acredito que fiz isso!
Sabe aquele momento em que você faz uma besteira e fala ou pensa para si mesmo: Não, eu não acabei de fazer isso!”. Isso é uma reação surpreendente do seu comportamento por causa dos produtos químicos que se manifestam no seu organismo. Como, por exemplo:
Homens ficam mais burros quando acham que as mulheres estão vendo-os.
Estudos mostraram que, quando os homens foram informados de que uma mulher estaria lhes observando realizar um teste cognitivo, eles foram pior. As mulheres não apresentaram diferença no desempenho, independentemente do sexo de seu observador. Não se descobriu se, isto é, devido à pressão da sociedade para os homens impressionarem as mulheres, ou se é uma condição biológica.
Pensamos que temos mais semelhanças com as pessoas que estamos atraídos
Basta que aquela pessoa por quem você tenha uma queda lhe diga que gosta de uma coisa que você também gosta, que você basicamente pensa que ela é sua alma gêmea. De acordo com uma pesquisa na Universidade de Iowa (EUA), não só as pessoas que são atraídas por alguém acreditam que têm mais em comum com essa pessoa do que realmente têm, como também tendem a avaliar seus parceiros de forma mais positiva quando estão apaixonadas (isto explica a teoria do Amor é Cego).
Pegamos pequenos maus-hábitos das pessoas que gostamos
Estudos mostram que, quando estamos em um namoro novo, temos uma tendência a pegar seus maus hábitos. Felizmente, este efeito também pode ser aplicado a comportamentos positivos. O importante é que isto não se estende a grandes desvios de personalidade ou hábitos fortemente ruins.
Diminuímos as expectativas para evitar a solidão
Uma pesquisa da Universidade de Toronto (Canadá) confirmou o que todos já sabíamos: quanto mais medo de ficar só uma pessoa têm, mais propensa ela é a se comprometer com menos para encontrar um parceiro.
Optamos por ficar com um parceiro ruim, porque temos medo de perdê-lo
O economista comportamental Dan Ariely explica que a teoria da oferta e demanda atingem nossos relacionamentos também. Se uma pessoa está explorando opções para namorar, pode ser mais propensa a apostar em alguém que está prestes a perder, independentemente da qualidade da pessoa. Famoso “agora eu quero porque não posso ter” é explicado pela ciência.
Estes são alguns dos exemplos diversos de como o julgamento dos seres humanos são afetados pelas emoções. Misture atração, hormônios e comportamento humano e você tem uma receita mais explosiva do que qualquer bomba de McGyver.
Como amenizar os atos estúpidos
A capacidade de identificar e gerenciar emoções é conhecida como inteligência emocional. Alta inteligência emocional pode levar a tomada de melhores decisões, apesar de situações estressantes que desencadeiam reações como as descritas acima.
Desenvolver a inteligência emocional demanda disciplina e, como com a inteligência regular, ela pode crescer ao longo do tempo. Você pode aprender a desenvolver a inteligência emocional através da escrita de seus sentimentos ou apenas falando deles com outras pessoas.
Confira algumas atividades que você pode fazer para melhorar sua inteligência emocional:
Identifique e reduza o estresse no momento: reconheça fatores de estresse e desenvolva hábitos de respiração, adiantando uma ação precipitada. O relaxamento muscular pode te ajudar a se acalmar e não fazer bobagem.
Reconheça emoções muito fortes e as mantenha isoladas: o autocontrole emocional não é apenas eficaz na gestão da raiva. Enquanto a raiva e o romance podem ser muito diferentes, as mesmas estratégias se aplicam: estar ciente de suas próprias emoções e se acalmar para não tomar decisões precipitadas.
Aprenda os conceitos básicos de uma comunicação não verbal: todo mundo ao seu redor está em constante comunicação, mesmo que não digam nada. Aprenda a ler esses sinais para avaliar a sua situação melhor.
Utilize o humor para fazer conexões e resolver problemas: você não precisa necessariamente ser um comediante, mas saber quando usar o humor e o tom irônico pode te auxiliar na resolução de conflitos.
Resolva conflitos de forma positiva: há um abismo de diferença entre discutir e resolver problemas efetivamente. Evite a primeira opção e parta para a segunda, na qual você tenta resolver um problema pacificamente, lidando com suas emoções e se acalmando antes de falar algo do qual se arrependa.
O mais importante de tudo!
Saiba que não há cura rápida e indolor para a paixão (e seus consequentes atos idiotas). Aprenda a conviver com os rompantes de sentimentos e tente gerenciar seu comportamento para não agir instintivamente.
Fonte: Psychology Today, Scientific American
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