Mulher Solteira Procura: Romantismo fora do Dia dos Namorados

Não seja romântico e atencioso apenas em datas comemorativas: Seja no ano inteiro.

Mulher Solteira Procura: Romantismo fora do Dia dos Namorados

Em pleno mês de junho, falar de romantismo no Brasil é quase um clichê – e daqueles bem clichês mesmo, digno de qualquer filme mega água com açúcar que você encontraria na TV numa tarde chuvosa e entediada.

Mas antes de mais nada, é sempre bom separar (e esclarecer) o romantismo comercial, aquele que movimenta milhões em campanhas, promoções e outras ações de marketing, do autêntico, com significado para o casal e digno de ser relembrado, independente do tempo que vocês estão/fiquem juntos ou qualquer outra questão.

Meu dicionário preferido traz dois significados para o verbete ‘romantismo’:

  1. movimento intelectual e artístico ocidental que, a partir do final do século XVIII, fez prevalecerem, como princípios estéticos, o sentimento sobre a razão, a imaginação sobre o espírito crítico;
  2. atitude, comportamento que evoca o romantismo, dado o sentimentalismo exacerbado, o individualismo, o gosto pela natureza, pela inquietude existencial etc.

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O verbete ‘romântico’ tem a definição que harmoniza perfeitamente com o que quero dizer: “diz-se de quem, nas ideias, no caráter ou no temperamento, revela algo de cavalheiresco, de apaixonado, de nobre, que o eleva acima da realidade prosaica e cotidiana”.

A minha definição de romantismo (o autêntico) é uma junção das três acima: sobrepor o sentimento à razão, fazer uso do sentimentalismo exacerbado e do cavalheirismo, mas nos momentos propícios e de maneira autêntica.

E porque isso não é clichê? Porque esses “momentos propícios” são aqueles ligados ao casal, à história das duas pessoas. Porque não está ligado a uma data estabelecida por ninguém além de quem está no relacionamento (e por isso, entenda sim, Dia dos Namorados, Natal e outras datas “comerciais”).

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Muita gente pode pensar: “Ah, Clarissa, então você é contra o Dia dos Namorados?”. Não, até porque já me preocupei com presentes, preparei surpresas e pensei até em cardápios especiais pra ocasião.

Mas sou contra comemorar isso pela simples pressão social, trocar presentes que não têm relação nenhuma com o casal ou os indivíduos – em resumo, fazer da data não algo que você e o amor queiram, mas algo que é imposto pra todo mundo.

E claro, sou contra comemorar datas como o 12 de junho mas esquecer o seu aniversário de namoro/casamento/seja lá como você chame o seu relacionamento. Antes que digam que eu sou rancorosa, adianto que já passei por isso, mas não só em namoros.

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Já dei presente “forçada”, comemorei data mais pela pressão do que para celebrar as pessoas que estavam ao meu redor, e já vi data assim perder um pouco do significado porque todo mundo estava mais preocupado com o presente do que com o grupo e a importância de estar junto naquele momento.

Fiz uma “pesquisa” com alguns amigos/familiares/etc etc, e gostei bastante do que ouvi. Pra mim e pra muitos deles, romantismo é valorizar a pessoa que está com você em pequenas ações cotidianas, e prezar muito a história que vocês construíram – não importa se são apenas algumas semanas ou vários anos.

Por isso, romantismo pra mim não se aplica só num rolo/namoro/casamento, e gostaria muito de pensar que sou romântica em muitos aspectos da minha vida, porque gosto de valorizar as pessoas que são importantes pra mim – e não apenas em ocasiões especiais.

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Um amigo novinho e muito sábio comentou que acha que existem dois tipos de romantismo:

Aquele insustentável, bem parecido com a escola literária, que faz a pessoa se anular pra ser parte do outro. E ele não funciona porque você só consegue abrir mão de quem é por um certo período, até que precisa olhar pra si e percebe que não tem como vocês ficarem juntos.

O outro tipo, “saudável”, rola sempre que valorizamos a pessoa ao nosso lado, sua vida e suas conquistas tanto quanto (ou até mais que) as nossas, e por isso, nos tornamos não só amantes e companheiros, mas amigos, conselheiros e ouvintes.

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Ah, você já comprou seu presente para sexta-feira? Isso não te faz uma pessoa ruim, longe disso! Só não esqueça que a comemoração é mais que uma troca de presentes caros e que podem ir parar no fundo do armário em um mês. É uma celebração ao relacionamento e aos planos que vocês têm – ao futuro e ao passado.

Pode comemorar Dia dos Namorados, Valentine’s Day, Natal e Dia do Sexo? Claro que pode, meu bem! Mas celebre com autenticidade, e não esqueça dos marcos da sua história pessoal, de todos os perrengues e das coisas boas que vocês já viveram juntos, porque é isso que fica no fim do dia, quando você apaga a luz do quarto e deita a cabeça no travesseiro (ou quando a história chega ao fim).

Saia pra jantar com o seu amor nessa sexta, mas também num domingo ou terça- qualquer, no aniversário de namoro/primeiro beijo/o que quer que vocês valorizem. Dê presentes no dia 12, 19, 23, 30, 04, e por aí vai – mas presta atenção num detalhe importante: não é só gastar dinheiro, é gastar também muita sinapse e pensar em algo representativo, com significado, e que se torne mais uma memória bonita na história de vocês.

Seja romântico sempre – e não apenas porque alguém determinou que pelo alinhamento da lua com Plutão (que nem é mais planeta, coitado) que todos os casais devem celebrar alguma coisa. O que não pode é ter só comemorações de fachada. Só trabalhamos com sentimentos autênticos.

Texto escrito por Clarissa Viana, jornalista e ácida. Namorou por vários anos e pensou que teria uma família de comercial de margarina. Não deu certo, e agora procura simplesmente um cobertor de orelha fixo (rótulos adicionais a serem debatidos).

Colaboradores MHM
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