Existe um perfil de mulheres que sofrem pelo excesso de falsas expectativas, resultando em grandes frustrações. É o complexo de Cinderela. Entenda como ele influencia, negativamente, na vida dela e no relacionamento com seus parceiros.
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O termo não é uma invenção minha como crítica pessoal ao personagem da Disney.
Ele foi criado pela psicóloga norte-americana Colette Dowling, em 1981, para o comportamento de mulheres que têm como grande objetivo de vida encontrar o homem ‘ideal’, o príncipe encantado e, finalmente, ser feliz para sempre.
A mulher com o Complexo de Cinderela
O cara tem que ser rico, inteligente, experiente, culto, bonito e poderoso. Assim como no conto de fadas, apesar de ter sofrido todos os tipos de privações, basta que ele apareça em sua vida e ela nunca mais terá problemas para enfrentar ou resolver. Ele é protetor, maravilhoso, foda na cama, idealizado em todos os sentidos. (praticamente um Christian Grey)
Mesmo se a mulher for inteligente, instruída e independente financeiramente, parece que falta algo a ela, este algo que só vai completar quando seu príncipe encantado chegar. Isso porque elas nutrem o desejo de serem cuidadas por alguém, serem aliviadas de suas responsabilidades essenciais, precisam serem salvas.
Uma rede de atitudes e temores profundamente reprimidos que retém as mulheres numa espécie de penumbra e impede-as de utilizarem plenamente seus intelectos e criatividade. Como Cinderela, as mulheres de hoje ainda esperam por algo externo que venha transformar suas vidas. (Collete Dowling)
Independentemente do esforço investido na tentativa dessas mulheres viverem como adultas, a menininha dentro de cada uma sobrevive assombrando seus ouvidos com murmúrios assustados. Com o tempo, essa crença só se solidifica, mantendo na mulher um enorme sentimento de inferioridade, causando insegurança com intensos efeitos, que resultam em todas as espécies de medos interiores e descontentamentos, resultando em grandes falhas no seu nível de habilidades.
Elas passam então a desejar profundamente serem cuidadas por alguém e aliviadas das responsabilidades essenciais para consigo mesmas. Surge uma necessidade de fixação no outro. O que inibe, de todas as maneiras, a capacidade feminina de trabalhar produtivamente, de comprometer-se com qualquer atividade e obter prazer com ela. Surge o mito onde se acredita que a salvação está em estarem ligadas a alguém do sexo oposto, em um relacionamento.
Quando isto acontece, ela busca com todas as formas viver em função disto, como se o envolvimento levasse os dois a viver dentro de uma caixa. Esqueçam os antigos círculos de amizades, os encontros periódicos da turma ou qualquer tipo de convívio com o sexo oposto. A vida social encerra-se ali.
Até mesmo a vida profissional é comprometida. Precisar trabalhar, exercer um grande cargo (até maior do que o do parceiro) pode ser para elas um sinal de que, de alguma forma ela falhou como mulher.
Esqueça o príncipe encantado
Crescer, enfrentar as dificuldades e as responsabilidades nem sempre é uma tarefa fácil. Mas é preciso virar adulta e é entender que ‘quem sabe o príncipe virou um sapo’ e compreender que é possível e agradável conviver com esse homem sapo, com características positivas e negativas, muito mais real, partilhando as felicidades, obrigações e dificuldades presentes na relação a dois.
“Aprendi que a liberdade e a independência não podem ser arrancadas dos outros – da sociedade em geral, ou dos homens – , mas podem ser ativamente desenvolvidas desde dentro. Para alcançá-las, teremos que renunciar às dependências que vimos usando muletas para sentir-nos seguras. A mulher que acredita em si mesma não precisa enganar-se com sonhos vazios, com coisas que estejam além de suas capacidades. Ela é realista, segura e ama a si própria. Ela está finalmente livre para amar os outros, porque ama a si mesma. Todas estas coisas, e nada menos que elas, constituem a mulher que se libertou”. (Collete Dowling)
A mulher não precisa de um homem poderoso para ser feliz. O homem não precisa da mulher submissa para ser homem completo. É preciso buscar suas potencialidades, encontrar a felicidade interior. Só assim, é possível ter estrutura para fazer outra pessoa feliz.
Use a metáfora dos contos de fadas ao contrário, não tenha medo de ver seu príncipe encantado transformar-se em um sapo. Afinal, você realmente acha que seria uma Cinderela para alguém?
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