É preciso amar o erro, o grande motor do acerto. Porém, a perspectiva de um possível fracasso, faz com que existam aqueles que preferem não fazer nada, com receio de serem expostos em suas falhas. Abdicam de seus objetivos só por conta deste medo. Mal sabem que o erro é um grande amigo. Porém, antes de amá-lo é preciso entendê-lo.
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Nada vai te ensinar melhor de que se deve evitar misturar vodca, vinho, tequila e cachaça do que uma festa de faculdade e a ressaca que segue a mesma. Ou pelo menos deveria, já que o o erro só ensina se quem está errando sabe que está errado.
Imaginemos um cidadão completamente bêbado, em um estado deplorável típico de eventos universitários. Cabelo desgrenhado e roupa bagunçada. A quantidade cavalar de álcool faz com que ele mal consiga parar em pé.
Ao falar, suas palavras embolam uma na outra e ele cospe. Muito. Porém, ele ainda é dotado de todos instintos de um jovem adulto e quer porque quer se dar bem com uma mulher na noitada.
Ele pode seguir de pretendente em pretendente, mas, muito dificilmente, conseguirá concretizar seu objetivo. A não ser, claro, que encontre outra pessoa tão bêbada quanto ele para consentir neste erro. Caso contrário, não irá ter sucesso, apesar de um extenso ciclo de falhas.
O sucesso vem da consciência crítica do erro que gera um momento de aprendizado. “Experiência é o nome que todo mundo dá aos seus erros”, disse Oscar Wilde.
Observe um bebê. A sucessão de diversos ciclos de cair e levantar é que faz um pequeno aprender a andar. O equilíbrio é dominado aos poucos, junto com o fortalecimento de músculos. Assim como os pequenos, muitas disciplinas dominaram o erro e o tornaram parte do processo de criação.
Responda: O que seria um ensaio ou um rascunho se não um erro encomendado? Um músico erra no estúdio, para poder acertar na frente de seu público. Um pintor erra no seu caderno de rascunho para poder acertar no teto da Capela Cistina. Mesmo os nascidos com talento precisam de algumas tentativas para entenderem as regras dos jogos no qual eles vão se inserir. Messi precisou de algumas partidas para entender o que é um impedimento ou como se posicionar entre a defesa adversária.
A tragédia vem, daqueles que não conseguem reconhecer e consertar seus pequenos erros. “Não está acontecendo nada de errado por aqui”, mentem para si mesmos. Preferem acumular uma sucessão de pequenos equívocos em uma tragédia imensa.
Comer uma refeição composta de carne gordurosa e fritas em um dia é um deslize. Comer este tipo de refeição por anos a fio, é um convite para uma doença coronária. Dirigir alcoolizado uma vez é um erro. Fazer isso um final de semana após o outro é o convite para um acidente ou ser parado por uma blitz. Isso quando a culpa não é atribuída a outra pessoa.
“Ah, eu continuo solteiro, mas é que hoje em dia mulher não presta”, diz o sujeito que nunca se esforçou para desenvolver mais de quinze minutos de conversar agradável com uma pessoa do sexo oposto. “Eu não sou promovido porque só dão chance para quem puxa saco na empresa”, diz o trabalhador que nunca derrubou uma gota de suor a mais no escritório.
O erro sem consciência crítica não gera frutos, apenas desperdício de potencial.
Imagine o que faria se não sentisse medo. O quanto não arriscaria a mais no seu dia a dia? Por quantas novas experiências não passaria? Qual aprendizado surgiria de todas as vezes que se arriscou?
O erro não é um fim, é um meio. É um instrumento de aprendizado maravilhoso. É preciso aceitar o erro, abraça-lo, entendê-lo e deixa-lo ir. Um erro pode não ser nossa melhor parte, mas é parte do quem nós somos.
Só quem erra vive. E aqueles que evitam os desarranjos testemunham o espetáculo da vida bem longe do palco.
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