Do mesmo jeito em que um sujeito critica a seleção – “Jamais entraria com um 4-4-2” ou “Deveria ter convocado o Romário!” – existe sempre um terceiro que parece saber o melhor para o nosso coração.
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Exemplos não faltam: “Como assim você deixa sua esposa sair com as amigas?” ou “Sua namorada tem amigos homens? Absurdo!”, mas existe coisa pior.
Existe o julgamento que não é dito mas é imaginado. “Não vou sair com essa mulher porque vão me zoar porque ela é meio gordinha” ou “Ah, ela é dez anos mais velha e já foi casada. O que minha família vai pensar de mim se eu a pedir em namoro?”.
Ao contrário de treinadores como Felipão e Dunga que assumiram suas broncas contra a opinião pública na hora de escalar a seleção, muitos deixam de estar com quem gostaria apenas para agradar o gosto alheio.
A você, que segue nos relacionamentos o destino traçado por outros, tenho apenas uma coisa dizer: TEM MAIS É QUE SE FUDER MESMO.
E daí que ela tem filhos ou já ficou com um amigo de um amigo seu dez anos atrás? Se faz sentido, faz sentido. Milhões de pessoas passam a breve vida que temos nesse planeta buscando alguém para dividir a própria história. Todos os dias, uma vastidão de indivíduos saem na rua na esperança de terem a sorte de cruzar em uma esquina uma pessoas que tope encarar o extenuante desafio que é viver uma vida a dois. E você aí, deixando de mandar uma mensagem para ela com medo do que os seus “amigos” vão pensar de você.
Uma relação envolve muito mais complexidades do que um match no Tinder sugere. Exige esforço e empenho. É um exercício de doação e não de aprovação.
A tua vizinha chata que fofoca sobre a vida de todo mundo no quarteirão não vai estar o seu lado nos dias difíceis, sua parceira sim. Por que seguir regras e mais regras e mais regras na hora de seguir a vida com alguém?
Na vida real, as histórias de amor não tem sentido nenhum. Um dia, você está sentado tomando uma cerveja na Rua Augusta quando uma garota de cabelo azul na mesa ao lado pede um litrão para o garçom e chama sua atenção. Segundo padrões da sua tia Gertrudes, não só um boteco pé sujo não é lugar de mulher direita, como tomar cerveja não deveria ser um hábito da mesma. Porém, de alguma maneira a conversa engata e logo vocês reparam que, além do gosto pelo fermentado de cevada, tem muito mais coisas em comum do que imaginariam. Os mesmos filmes, as mesmas bandas, a mesma opinião política… Tudo faz sentido.
Por que abrir mão de um amor que faz sentido para agradar uma opinião que não a sua? O amor é seu, porra!
Troque o bar por uma balada, festival de música, rodeio, igreja, encontro dos bate-bolas no Rio de Janeiro… Um relacionamento é formado de elementos tão aleatórios que é impossível de precisar da onde ele pode surgir. Da mesma maneira que muitos lugares para encontrar o par perfeito podem se provar a maior furada do mundo. Não é porque você começou uma relacionamento com uma pessoa que frequenta a mesma paróquia do teu bairro que ele vai ser bem sucedido.
Tal qual uma seleção não pode ser baseada apenas nos times dos quais os seus jogadores procedem. Precisa existir uma conexão e uma lógica – mesmo que absurda – entre eles.
Em 1994, Raí era camisa 10, capitão e titular da seleção de Parreira. Foi eleito o melhor jogador do torneio Intercontinental em 1992, vencedor de duas Libertadores e titular do PSG. Melhor procedência impossível, certo? Pois bem, no meio da disputa pelo Mundial, foi colocado no banco para que Mazinho virasse titular. Resultado de escolha tão são sem sentido? O Tetra.
Tal qual um time de futebol em busca de uma conquista histórica, o amor é cheio de aleatoriedades que fogem a qualquer argumento lógico de terceiros. No que diz respeito ao amor, apenas bote o seu time para jogar e dane-se a opinião dos outros. Faça seu melhor para conquistar o troféu e seja feliz.
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