“Por isso que fãs são fãs. Eles me botaram aqui, continuam me apoiando e gostam do que eu faço “
Foi assim que Sasha Grey resumiu o papel de seus admiradores no lançamento do seu livro “Juliette Society”, na livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo. E não faltavam pessoas (em sua grande maioria homens) no local loucos para ver a ex-atriz pornô de perto. Eu era uma delas.
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Quem chegou cedo e teve paciência para aguardar a enorme fila que ia do terceiro andar da Cultura até o lado de fora na Alameda Santos, pode ver de perto como a mina é da hora. Além de gata, simpática para caralho. Após um breve bate papo com a imprensa, Grey, sempre acompanhada de uma taça de vinho branco, atendeu a legião de seguidores, fazendo dedicatória nos livros, ouvindo apelos e elogios, tirando fotos, com a mesma simpatia e o sorriso no rosto que chegou ao espaço.
Das minhas atrizes pornos favoritas ela está, com certeza, no top 5. Mais do que isso. Sasha é o tipo de mulher que gosto. Tanto fisicamente – 1 e 60 e poucos de altura, branquinha, carinha de inocente (só a cara, que fique claro) – quanto em suas personalidade – curte literatura, tem um puta senso de humor e sabe rir de si mesmo (assista Entourage). Isso sem falar que ela esbanja simpatia.
“Estamos lentamente mais abertos para falar de sexo no entretenimento, mas ainda há muito luta para ter um diálogo de verdade sobre o assunto. Principalmente quando se fala sobre a sexualidade feminina.”
Confesso que cheguei meio na correria no evento. Saí meio que fugido do trabalho, mas a causa era nobre. Logo fui me acotovelar pela multidão para chegar ao cercadinho de imprensa na mesa onde Sasha estaria. Foi quando ela apareceu e, por algum acaso do destino, me vi frente a frente com a ex-atriz pornô. Com um gravador na mão, tive aquilo que toda a multidão queria. Com isso, consegui quase 8 minutos de respostas praticamente exclusivas para o MHM.
“Praticamente” porque dividi um pouco das atenções da agora escritora com outros dois repórteres: uma moça que pareceria um pouco perdida – poucas são as mulheres que entendem o poder que uma atriz pornô exerce sobre um cara – e outro bróder, que insistia em fazer perguntas sobre a adaptação do livro para o cinema.
Como se não bastasse a exclusiva, no final ainda ganhei uma dedicatória em seu livro para o MHM. Posso não ter conquistado muitas coisas, mas a partir de hoje, depois de ter entrevistado Sasha Grey, ganhei mais respeito com meus camaradas.
O que segue abaixo são algumas das respostas que Sasha deu, e algumas delas deu gostoso, falando nada menos do que eu esperava ouvir de uma das melhores atrizes pornôs da minha geração. Confira:
Sobre a ideia de fazer o livro
“Eu tenho muito mais fãs mulheres do que você imagina. Elas queriam que escrevesse algo erótico porque gostam de mim e querem ler coisas diferentes sobre sexo. Coisas que são consideradas tabu às vezes por algumas pessoas. E eu tenho um agente que queria muito que eu escrevesse há cinco anos atrás, mas, na época, pensei que não conseguiria.
Por causa da onda atual de literatura erótica, pensei que deveria tentar levar autenticidade para o gênero inspirada por muitas das coisas que li, fiz e me relaciono. Eu queria criar algo que é ficção, mas ainda assim ter um pouco de realidade”.
Comparações com 50 tons de cinza
“Eu não me importo com as comparações porque muita gente veio me perguntar se eu tinha algo a ver com o livro ou até se tinha escrito ele (em inglês, o livro chama 50 shades of Grey, lembrando o sobrenome da ex-atriz pornô). Pensaram que eu estava associada em algum nível com a autora. Quando foi minha vez de escrever sobre o tema, a comparação foi inevitável.
O 50 tons de cinza segue um estilo mais tradicional de história que o meu não segue . Mas todo esse movimento é muito legal porque faz com que a cultura de massa fale e saiba mais sobre bondage, submissão e sadomasoquismo, que são temas que eram exclusivos de uma cultura underground e nunca foram tratados de forma positiva pela grande mídia”.
Semelhanças entre a personagem principal e Sasha Grey
“Eu basei ela em mim, quando eu tinha 18 anos. Mas nós divergimos em alguns pontos, porque eu tinha o pornô para me expressar e ela não tem nada além do seu desejo. Ai ela encontra Ana e Marcus e é apresentada a essa mundo de fantasia e sonhos. E nós temos pensamentos diferente sobre amor. Eu sou mais positiva e ela é mais negativa.”
Adaptação do livro para um filme
“Estamos trabalhando lentamente na produção. Em questões de elenco, só pensei no papel de Catterine e gostaria muito de ter Mia Wasikowska no papel. Adoro ela. Para dirigir, gostaria de trabalhar com Michael Mann. Gosto dos filmes dele e o poder que ele dá para mulheres.
Eu não gostaria de estar no filme. Só produzir. Mas no momento estou focada na minha carreira como escritora e em fazer a tour com o livro. O que resta é esperar e quando voltar para casar ver o que preciso fazer pro filme rolar.”
Aposentadoria do pornô e a recepção dos fãs
“Eu não sabia o que esperar quando me aposentei. Sabia que algumas pessoas iam ficar bravas, outras iam ficar tristes e frustradas, mas tive muito apoio e adorei ver isso. Por isso que fãs são fãs. Eles me botaram aqui, continuam me apoiando e gostam do que eu faço. Esse é um sentimento muito bom. Eu não gostaria de estar aqui sem meus admiradores.
A relação da sociedade com sexo
“Nós estamos lentamente ficando mais abertos no que diz respeito a falar de sexo na indústria do entretenimento mas ainda há muito luta quando falar em ter um diálogo de verdade ou uma conversa sobre o assunto. Principalmente, quando se fala sobre a sexualidade da mulher ou o desenvolvimento das crianças.
Pessoas sempre reclamam que pornografia é ruim para garotos assistirem porque ensina coisas “ruins sobre sexo”. Se dissermos na idade certa na escola que sim, existe a pornografia, mas não é 100% real e isso não é como você deveria fazer sexo com uma mulher, evitaríamos coisas ruins, como o cara que confunde fantasia com realidade. Ao invés de esconder e disfarçar o sexo para adolescente. podemos dizer que sim, está lá. É só saber usar.”
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