Se você está esperando o lançamento de um eletrônico que foi adiado ou fez compras de roupas na China e o pedido ainda não chegou, o motivo pode ser meio bizarro. Seus produtos podem estar no fundo do mar.
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Segundo uma reportagem da Wired, nos últimos quatro meses o número de containers caídos no oceano por acidentes no meio das viagens da China para toda a América (do Norte, Central e do Sul) foi recorde. Entre os bens perdidos estavam eletrônicos, comidas, roupas e brinquedos – entre outras coisas que não se sabe ainda.
Perdas e motivos
Estima-se que cerca de 3 mil containers caíram de navios cargueiros desde novembro, em pelo menos seis incidentes separados. Segundo dados do World Shipping Council, entidade que cuida do transporte de mercadorias via mar, isso é mais do que o dobro do número de containers perdidos anualmente entre 2008 e 2019.
Entre as possíveis razões para isso estão o clima, o aumento no volume de importações ligado à pandemia e até um fenômeno conhecido como balanço paramétrico. Os primeiros dois motivos são fáceis de entender em conjunto. A alta demanda faz com que travessias sejam feitas em condições de navegação não ideais. Além disso, há neste momento na América muitos containers vazios esperando voltar à Ásia. Por causa disso, é possível que as transportadoras tenham colocado em serviço containers mais antigos e usados, mais propensos a ter travas defeituosas ou corroídas.
Some a isso o fato de que os navios estão vindo abarrotados para cá. O que aumenta as chances de acontecer um fenômeno chamado balanço paramétrico. Isso acontece, resumidamente, quando o tamanho e o intervalo de tempo entre duas ondas se “encaixam” na forma do navio, atrapalhando sua hidrodinâmica e afetando sua estabilidade. A bordo, esse movimento se parece com um balanço de berço que vai de um lado para outro, com inclinações que podem chegar a até 35 ou 40 graus em cada direção.
Os efeitos no Brasil
Além das quedas em si, os efeitos dessa maré alta de importações marítimas para a América estão gerando outros impactos. O principal deles é o preço dos produtos, que agora engloba também o aumento dos gastos com o frete. Calcula-se que a rota China-Brasil ficou 10 vezes mais cara. De uma média de mil dólares por container em janeiro do ano passado, chegamos a mais de 10 mil dólares no começo de 2021.
Os produtos mais afetados por essa situação têm sido os elétricos e eletrônicos, sobretudo os portáteis e da chamada “linha marrom” (TVs, computadores, reprodutores de Blu-Rau, home theaters, etc.). Além deles, o varejo têxtil também está sendo prejudicado – Adidas e Puma podem estar entre as empresas que perderam coisas no fundo do mar.
A conclusão das investigações pode levar meses, senão anos. Até lá não se saberá exatamente o que aconteceu com os navios porta-containers no mar. Então uma coisa é certa: para não ver Godzilla vestindo suas roupas, garanta que suas compras da China venham de avião para o Brasil.
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