A Netflix colocou no ar a nova série Narcos, que conta a origem do narcotráfico moderno e a história de um dos mais famosos, rico e violento traficante: Pablo Emilio Escobar Gaviria.
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Pablo Escobar ganhou fama entre a década de 80 e 90, espalhando um rastro de violência no comando do lendário Cartel de Medellín. Ganhou tanto dinheiro que figurou, por muito tempo, na lista dos maiores bilionários do mundo, publicada pela Forbes. Ele até chegou próximo de seu sonho de se tornar presidente da Colômbia.
A primeira temporada da série Narcos tem o comando do diretor brasileiro José Padilha. Wagner Moura interpreta ‘El Patron’ Escobar. A série conta a história da origem do tráfico pelo ponto de vista dos agentes do DEA Steve Murphy, que foi para a Colômbia e fez uma caçada ao Rei do Tráfico.
No elenco estão: Wagner Moura, Boyd Holbrook, Pedro Pascal, Juan Pablo Raba, André Mattos, Stephanie Sigman, Ana de la Reguera, Roberto Urbina e outros.
Confesso que fiquei bem curioso com a figura de Escobar depois de ver a série documentário colombiana El Patrón del Mal, que conta a história do traficante e o rastro de guerra, sangue e vingança que ele deixou no país.
Por isso, encarei a maratona de 10 episódios de Narcos em 2 dias e conto abaixo os motivos para você assistir (ou não) a série comandada por Padilha com a estrela de Wagner Moura.
Motivos para assistir Narcos
1# Uma série com ritmo
Narcos é bem diferente da série-documentário El Patrón del Mal, que contava a história de Pablo Escobar em 74 episódios de cerca de 50 minutos, com uma narrativa lenta e, por muitas vezes repetitiva e cansativa.
Aqui a história é dinâmica, bem editada, com bastantes cortes, um narrador para orientar o espectador e um bom ritmo para acompanhar. Uma série com muita violência, drogas e cenas de nudez e seco. Adiciona-se a atuações de um elenco bem escolhido (que dá de 10 a 0 em El Patrón) e você já tem uma série muito mais atrativa que a colombiana.
2# Padilha no comando
O cineasta brasileiro é o produtor da série e o diretor dos dois primeiros episódios que iniciam a trama. Para a obra, ele afirma que teve como influência os filmes Cidade de Deus, Tropa de Elite, além do estilo de narrativa de Os Bons Companheiros.
Apesar de ser uma história ficcional, a série tem uma pegada de documentário, incluindo cenas reais no meio. Pode esperar aquele narrador onisciente, episódios com câmera na mão, takes fechados, armas em primeiro plano e fatos costurados no roteiro.
Vale lembrar que os dois primeiros episódios são dirigidos por José Padilha. Os outros, são assinados pelo brasileiro Fernando Coimbra (O lobo atrás da porta), pelo mexicano Guilhermo Navarro (O labirinto do fauno, Círculo de fogo) e o colombiano Andi Baiz (O quarto secreto).
3# Tropa de Elite na Colômbia
A primeira coisa que você vai perceber na série são elementos claros que ligam ao estilo de enredo dos filmes Tropa de Elite. Mas agora, o Capitão Nascimento que vive um conflito entre o certo e o errado não é mais Wagner Moura, mas o detetive do DEA Steve Murphy.
Você vai perceber a transição dos personagens para o caminho oposto e o ambiente modificando a ética e moral dos indivíduos a todo o momento. Além disso, o uso de câmeras em caçadas policiais empolgam, tais quais o filme do Capitão Nascimento usava.
4# Atuação de Wagner Moura
Wagner Moura entrou de vez no hall dos grandes atores brasileiros. E, depois da atuação memorável como Capitão Nascimento, a escolha para o papel de Pablo Escobar mostrou-se bem acertada. Ele incorpora o Rei do Tráfico muito bem, domina muitas cenas, além de disparar várias frases feitas ao longo da série.
Seu personagem mostra muito mais controle das situações e atos, tal qual Don Corleone dialogando com seus inimigos. Em alguns momentos, você enxerga uma empatia, tal qual Walter White, em Breaking Bad. Os momentos de explosão são bem verossímeis, como Tommy DeVito (Joe Pesci) de Os Bons Companheiros. Ele foge de interpretar um Escobar cômico relatado em El Patrón del Mal, e mostra mais o lado frio, controlador, negociador e articulador do Rei do Tráfico.
5# Sem a dualidade do bem e o mal
O grande lance da série é que não existe uma linha clara entre o bem e o mal, os heróis e vilões, assim como em Tropa de Elite. Para caçar Pablo Escobar, os agentes da DEA precisam pagar propina, torturar e matar para conseguir informações. Aqui, os fins justificam os meios.
Já Escobar, a série mostra a devoção com que muitos colombianos tinham com o chefe do tráfico (considerado até santo por alguns). Não é para menos, ele tinha uma preocupação em conquistar os pobres (e queimar o dinheiro ilegal) construindo moradias populares, dando dinheiro e fazendo favores. Era considerado um Robin Hood da Colômbia.
Ao mesmo tempo, ordenava assassinatos e matava brutalmente pessoas, fazia atentados tirando vidas de muitos inocentes e eliminava qualquer um que ficasse no seu caminho.
Talvez isto fique bem claro em uma fala do narrador, no primeiro episódio:
“Os maus, os bons, eles têm algo em comum: eles são seres humanos. Seres humanos que, dependendo do contexto, podem soltar sua postura ética para começar o trabalho feito … Isto é o que acontece na vida real”.
6# Muitos Diálogos e frases feitas
Narcos foi idealizada por José Padilha, mas o processo criativo envolveu nomes como Chris Brancato (Arquivo X e Hannibal) e Eric Newman (Saturday Night Live).
A série ganha destaque para os diálogos memoráveis de Pablo, e com frases de efeito do traficante e do narrador, tais quais: “Vocês podem aceitar meu negócio ou aceitar as consequências”; “Todos os banqueiros são uns bandidos!” ou “Mentiras são necessárias quando a verdade é bem difícil de acreditar”.
Motivos para não assistir Narcos
1# O pouco domínio de Wagner Moura sobre o espanhol
A escolha de Wagner Moura e não um colombiano de berço deve ter surpreendido muitos. Apesar da boa atuação, fica claro que o ator não domina bem o espanhol e a pouca familiaridade com o idioma acaba incomodando alguns. Se isto não te incomodar, você tira de letra.
2# Os EUA não tão protagonistas assim
Narcos foi inspirado livremente no livro Killing Pablo, escrita pelo agente Javier Pena, que participou da caçada ao traficante colombiano. Assim como no livro, mostra os agentes do DEA como fio condutor e protagonistas dos cercos a Escobar, em quase todos os momentos.
Apesar do governo Colombiano ter uma ajuda primordial dos norte-americanos para pegar o Rei do Tráfico (com escutas telefônicas e uso de inteligência), os EUA não foram tão protagonistas assim. Muitos dos atos atribuídos aos agentes americanos não aconteceram na vida real e foram feitos por policiais, jornalistas e políticos do país que entregaram suas vidas em busca de acabar com o mal que o tráfico de drogas causava.
3# Uma realidade modificada e adaptada
Como bem avisa a série, ela é uma obra ficcional para contar uma história que realmente aconteceu. Mas, apesar de contar com fatos e personagens que existiram, boa parte da construção da história tem realidades modificadas e adaptadas.
Alguns fatos estão fora de ordem, muitas coisas foram suprimidas e outras sequer existiram. Não tome a obra como uma verdade absoluta.
4# É violento, mas poderia ser ainda mais
Pablo Escobar impôs a membros do governo, polícia e militares da Colômbia sua própria lei, conhecida como plata o plomo (dinheiro ou chumbo), na qual as pessoas que não aceitavam seu suborno eram “presenteadas” com uma crivada de balas.
Entre seus feitos de terrorismo, está a morte de políticos rivais, atentados em avião e edifícios, tomada do Palácio da Justiça, morte de jornalistas e militares e centenas de civis. Escobar foi responsável por mais de 6 mil homicídios durante sua carreira criminosa e por proporcionar a Colômbia um dos mais funestos períodos de sua história.
Apesar de toda violência relatada no filme, acredito que ela poderia ser explorada ainda mais para mostrar o grande mal que Pablo Escobar causou a seu país.
Bônus: Para conhecer mais Pablo Escobar
O homem número 1 do tráfico de drogas tem uma história rica e que merece ser conhecida. Se você ficou curioso pela história de Pablo Escobar, vale a pena assistir a série colombiana El Patrón del Mal (2012), em que foi interpretado pelo ator colombiano Andrés Parra e narra a história de vida de Pablo Escobar, desde a infância até sua morte. Ela também está disponível na Netflix.
O filho de Pablo Escobar, Juan Pablo, escreveu o livro Meu Pai, que conta os bastidores do Rei do Tráfico do ponto de vista de quem fazia parte da família.
Está para sair também o filme Paradise Lost (ainda sem previsão de estreia no Brasil), em que Benício del Toro assume a identidade do mito.
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