UNICEF divulga vídeo para alertar sobre casamento de meninas menores de idade

Em um vídeo divulgado pela UNICEF para o dia internacional da mulher, uma criança se prepara para o seu casamento com um homem bem mais velho que ela. Por mais indigesto e chocante que a cena possa parecer, o vídeo alerta a realidade de 41 mil garotas em vários lugares do mundo.

Com menos de dois minutos de duração, o vídeo da UNICEF apresenta os momentos anteriores à cerimônia, e mostra a noiva, uma garotinha, se preparando para o casamento.

Inicialmente, não conseguimos perceber com clareza a idade da noiva mas, quando ela pisa no altar, notamos sua pouca idade diante de um homem bem mais velho.

Em parceria com o blog de casamentos Bridal Musings, o vídeo faz parte de um novo programa que visa eliminar o casamento de crianças em todo o mundo.

Com o propósito de aumentar a empatia em vários países com crenças diferentes – afinal, infelizmente, muitas pessoas tem dificuldade de enxergar outras culturas como algo próximo e real – o vídeo foi filmado no estilo ocidental de casamento.

O vídeo faz parte de uma campanha e é encenado por atores mas, na vida real, cerca de 41.000 garotas com menos de 18 anos de idade são forçadas a se casarem – com homens maiores de idade ou muito mais velhos que elas – todos os dias.

Salmey Bebert, especialista em proteção infantil da UNICEF, declarou esperar que o vídeo dê voz para as 15 milhões de jovens meninas que, pelas estatísticas, vão se casar neste cenário ainda este ano.

Salmey Bebert lembrou da história da jovem Samia, uma criança da Nigéria que, aos 10 anos, foi forçada a se casar e viveu anos em um relacionamento completamente destrutivo. Aos 14 anos, ela deu luz a um bebê que nasceu morto.

A declaração segue: “Quando Samia tinha 10 anos, qualquer chance de uma infância feliz e saudável foi destruída. Seu pai decidiu que ela deveria se casar, então, escolheu um homem com cerca de 30 anos para ser seu marido e eles viveram juntos por três anos”.

Além de sofrer os abusos físicos e psicológicos do marido, a menina era forçada pela sogra a trabalhar. Quando seu filho nasceu morto quando ela tinha 14 anos, ela decidiu que precisava sair daquela vida, conseguiu juntar dez dólares e comprou uma passagem de ônibus para a vila onde seu tio morava.

Salmey Bebert conclui, de forma feliz, a história da menina nigeriana: “Samia nunca mais voltou. Agora, aos 18 anos, ela é membro de um grupo de apoio à mulheres especializado em ex-noivas-crianças e sobreviventes de violência doméstica”.

Porém, apesar de Samia ter vivido um final feliz, milhões de outras garotinhas não têm a mesma sorte: “A Nigéria tem a maior taxa de casamento infantil do mundo, com três quartos de todas as meninas do país se casando antes de seus aniversários de 18 anos. Mas isso é apenas uma fração das 15 milhões de meninas que se tornam noivas todos os anos”.

A UNICEF diz: “Esperamos que, com este vídeo, o alcance desta discussão seja mais amplo. Afinal, nele, a imagem trabalhada é de uma garota com traços ocidentais em uma situação reconhecida pela população ocidental. Isso pode ajudar a aumentar a discussão sobre os direitos iguais para meninas do mundo todo”.

Pode ser um vídeo chocante, mas a realidade é essa para milhões de meninas e, por isso, a UNICEF criou um programa chamando UNICEF UNFPA, cuja iniciativa é alcançar 9 milhões de garotas em 12 países e o foco é a prevenção de seus casamentos enquanto elas ainda são crianças menores de idade.