Você já deve ter percebido que depois dos 20 e poucos anos algumas coisas mudaram. Drasticamente. Antes, era fácil conseguir marcar um churrasco com 20 amigos e ter a certeza que todos compareceriam. Hoje, o cenário é outro. Antes, era simples encontrar uma galera em um bar e, de repente, perceber que se deu bem com todo mundo e, logo depois de algumas horas, já combinar o próximo evento. Hoje, você simplesmente não consegue encontrar pessoas interessantes para adicionar ao seu ciclo de amizade.
- Veja outras 4 dicas para fazer novos amigos em qualquer época da vida
- Veja 14 razões para você valorizar suas verdadeiras amizades
- Descubra a importância de manter a amizade com seus melhores amigos
Infelizmente, esse cenário é extremamente comum, viu?
Uma pesquisa recente confirmou aquilo que quem já chegou aos 30 percebe na prática: depois dos 25 anos, tendemos a fazer cada vez menos amigos. Não significa que vivemos em uma bolha – na verdade, depois dos 30, tendemos a manter contato com colegas não tão próximos assim, o que não é algo ruim. A questão é que o nível das amizades não é tão intenso quanto costumava ser.
Para o pesquisador William Rawlins, da Universidade de Ohio, manter as amizades na fase adulta da mesma forma como mantínhamos na adolescência é algo fora do nosso controle. A verdade é que esses laços mais fortes de amizade, assim como a frequência de encontros, têm uma espécie de “era de ouro”, que acaba logo quando saímos da faculdade e começamos a vida adulta de fato, trabalhando e tendo outras preocupações.
Rawlins, especialista em estudar amizades, afirma que essa sequência é até irônica, já que nossos amigos de juventude nos ajudam a tomar as decisões que nos impulsionam para a vida adulta, mas, uma vez inseridos dentro dela, temos cada vez menos tempos para os amigos.
Fazer amigos na vida adulta pode fazer bem à saúde
Está sentindo isso na prática? Bom, talvez você devesse se esforçar para mudar o cenário porque, segundo outra pesquisa, fazer amigos na vida adulta pode fazer bem à saúde.
Segundo pesquisadores da Brigham Young University, em Utah, Estados Unidos, fazer amizades é um fator que ajuda a prolongar a vida. Além de estimular o hormônio da ocitocina, que impulsiona boa parte de nossas sinapses cerebrais positivas, estar rodeado de pessoas queridas e confiáveis mantém a sensação de segurança social, que entre outras coisas, é um repelente natural da solidão.
Uma professora de neurociência na mesma universidade, a acadêmica Julianne Holt-Lunstad, aponta que a solidão, em suas diversas fases, pode ser tão nociva à saúde quando a obesidade. O estudo da especialista apontou que pessoas solitárias apresentam risco 20% maior de terem uma morte precoce em relação a humanos que sofrem de sobrepeso. Principalmente na fase adulta.
Então, como conseguir fazer amizades depois de adulto?
Conheça-te a ti mesmo
Para conseguir identificar as pessoas que mais combinam com você, você precisa entender quem você é. Quando envelhecemos, percebemos que entramos em padrões de comportamento completamente automáticos e já não raciocinamos tanto sobre as nossas atitudes programadas. Por isso, acabamos nos perdendo na nossa própria identidade. Então, antes de começar a pensar em fazer novos amigos, se conheça.
Dessa forma, você vai saber onde ir para encontrar pessoas parecidas com você.
Olhe ao redor e frequente lugares que tenham a sua cara
Amizade é uma troca. Você precisa se colocar em estado receptivo e passar a perceber as pessoas a sua volta e, mais que isso, tomar iniciativa, mostrar interesse, romper a barreira da distância.
Só a postura de estar aberta para fazer novas amizades já pode aproximar novas pessoas e trazer a oportunidade de conhecer pessoas de diferentes origens.
Além disso, você precisa frequentar lugares de seu interesse para poder encontrar pessoas com gostos e interesses parecidos com os seus. Desse jeito, a chance de conhecer alguém com quem você se identifique é bem maior.
Você também pode usar a internet para isso: entre em grupos no Facebook, por exemplo, que abordem assuntos do seu interesse e, nesses grupos, comece a conversar com as pessoas e interagir com publicações que tenham a sua cara. Depois, aos poucos, comece a adicionar as pessoas com quem criou mais afinidade e o resto é fácil!
Esforce-se para criar uma conexão
Aqui, a ideia central vai além de manter aberta a novas experiência, pois, além de um estado receptivo, uma amizade exige conexão, troca, reciprocidade. Por isso, se esforce para puxar assunto, compartilhar histórias e também mostre interesse em ouvir, isso pode ser o primeiro passo para uma nova amizade.
A questão não é criar uma conexão automática com alguém, afinal, isso não existe. O importante é avançar no ponto de perceber as pessoas a sua volta e partir para a abordagem. Como amizade é uma troca, os envolvidos devem se esforçar para que a conexão comece a ser construída e continue crescendo no decorrer da relação entre amigos.
Também vale lembrar que, na vida adulta, você não vai encontrar alguém 100% parecido com você. Pessoas são diferentes, suas opiniões e gostos também. Você pode encontrar alguém e criar afinidade com essa pessoa, mas tenha bom senso para não se afastar no primeiro comentário que demonstre uma diferença de opinião. Boas amizades são formadas no contraste.
Seja honesto, autêntico e se coloque no lugar do outro
Na adolescência, nós nos esforçamos para nos encaixarmos em um grupo e, por isso, muitas vezes mentimos sobre nossa personalidade e moldamos nossos comportamentos de acordo com o ambiente. Porém, na vida adulta isso se prova insustentável. Seja honesto, sincero e autêntico. Adultos valorizam a individualidade, e o altruísmo.
A capacidade de colocar-se no lugar de outra pessoa, aliás, é uma das principais características humanas, mas com os amigos nós a levamos ao extremo. Um grupo da Universidade da Virginia, nos Estados Unidos, estudou as tomografias de 22 pessoas ameaçadas de receber pequenas descargas elétricas ou informadas que um amigo ou um desconhecido as tinha recebido.
Os cientistas descobriram que a atividade cerebral de uma pessoa quando está em perigo é praticamente idêntica à que ela demonstra quando é seu amigo quem corre perigo. “Nosso senso do ‘eu’ inclui as pessoas próximas”, garante o psicólogo James Coan, diretor do estudo. “As pessoas que são chegadas se convertem em parte de nós, não no sentido poético ou metafórico, mas no sentido real. Literalmente, nos sentimos ameaçados quando nossos amigos estão ameaçados.”
Coan relaciona esse desenvolvimento com uma questão de sobrevivência e semelhança, conforme se passa mais tempo com alguém. “Os humanos se associam para prosperar. Nossos objetivos e recursos são comuns. Se alguma coisa ameaça um amigo, ameaça nossos recursos e objetivos”, ele diz.
Com essas dicas, vai ficar bem mais fácil fazer amizades depois de adulto!
Comentários
Importante - Os comentários realizados nesse artigo são de inteira responsabilidade do autor (você), antes de expressar sua opinião sobre temas sensíveis, leia nossos termos de uso