É batata. É só você lavar o carro, que chove. Certo? Você acorda naquele sábado de manhã, pega aquela fila no lava-rápido, paga mais caro para encerar e aspirar, chega em casa todo feliz com o carro cheirando a novo e, BANG! Maldito São Pedro.
Seria a lavagem de carro uma espécie de ritual pagão para evocar o deus da chuva? O que acontece é algo mais simples do que isso e na matemática é chamado de efeito de viés confirmatório. Sim, esse é um texto sobre matemática.
Essa parada da chuva acontece desde, tipo, sempre. O ser humano é ótimo em entender padrões. Foi percebendo como a água do mar subia em alguns dias e em outros não, que aprendemos como funcionam as marés. Foi vendo como alguns vegetais nascem melhor em uma determinada época do ano que acertamos nosso ciclo de colheitas. Mas nem sempre a coisa funciona do jeito racional.
Imagine um índio que faz todos os dias o ritual da dança da chuva. Um dia chove. Logo, por uma associação simples, a dança trouxe a chuva. Todos outros dias em que ele dançou e não choveu não importam mais. Um religioso pega uma gripe, toma remédios e reza todos os dias da semana em que está doente. Ai, um dia, acorda curado. Obrigado, Senhor! Mas rezar para o Santo Resfrenol ninguém reza.
Chovem vários dias durante o ano. Você lava o carro vários dias que não chovem. Mas quando chove e molha o carro logo após a lavagem, a culpa é mesmo da lavagem? Ou seria você fazendo um reconhecimento de um padrão falso?
O que acontece é que todas as vezes que você leva seu carro para lavar e não chove, você simplesmente não repara. Agora, quando você está com seu carro brilhando e começa a cair água do céu, você logo associa: foi só lavar que choveu. Claro, pode ser zica também. Mas infelizmente ainda não criaram um termo matemático que explique o quão azarado você é.
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