Verdades sobre o lipedema em homens que você não vê nas redes sociais

Embora o lipedema seja frequentemente associado a mulheres, a condição também afeta homens — ainda que em número muito reduzido e com diagnóstico muitas vezes tardio. Este artigo desvenda os principais mitos e revela informações essenciais para o reconhecimento, tratamento e manejo do lipedema no público masculino.

O que você encontrará neste artigo

  1. Lipedema em homens: raridade e subdiagnóstico
  2. Diagnóstico especializado é imprescindível
  3. Nutrição anti-inflamatória: não existe “dieta milagrosa”
  4. Controle de gordura corporal é essencial
  5. Exercícios de força e aeróbicos: a combinação ideal
  6. Dietas low carb e estratégias de jejum
  7. Hidratação elevada: mais água para melhor circulação
  8. Manejo integrado: além da alimentação e exercício
  9. Dicas práticas para homens com lipedema

O lipedema é uma doença crônica caracterizada pelo acúmulo simétrico e desproporcional de tecido adiposo subcutâneo, principalmente em membros inferiores, com predileção por pernas e quadris, poupando pés e mãos. Apesar de as redes sociais estarem repletas de depoimentos e “dicas” sobre lipedema em mulheres, é pouco sabido que homens também podem desenvolvê-lo — embora em número muito menor. Acredita-se que menos de dez casos de lipedema masculino tenham sido descritos na literatura até o momento SciELO Brasil. Esse dado mostra como a subnotificação e o desconhecimento podem atrasar o diagnóstico e comprometer a qualidade de vida do paciente.

Lipedema em homens: raridade e subdiagnóstico

Lipedema em homens: raridade e subdiagnóstico

Enquanto estimativas gerais apontam prevalências que variam de 0,06% a 10% na população adulta, estudos indicam que casos masculinos correspondem a uma fração ínfima desse total. Em razão disso, sintomas como dor, hematomas e sensação de peso são frequentemente atribuídos a obesidade comum ou linfedema, levando a tratamentos inadequados. A escassez de dados clínicos reforça a necessidade de conscientização médica para incluir homens no espectro de investigação do lipedema.

Diagnóstico especializado é imprescindível

Diagnóstico especializado é imprescindível

Somente um médico, preferencialmente um angiologista, cirurgião vascular ou especialista em linfologia, pode confirmar o lipedema. O diagnóstico é clínico e baseia-se em critérios como:

  • Disproporção bilateral e simétrica do volume adiposo em membros inferiores;
  • Pés poupados (fenômeno de “punho” ou “cuffing”);
  • Tecido fibro-gorduroso doloroso à palpação;
  • Tendência a hematomas espontâneos e sensibilidade aumentada;
  • Sintomas que pioram ao longo do dia.

Em homens, o padrão clássico pode ser atípico, com acometimento também de braços e tronco em estágios avançados. Exames de imagem (ultrassonografia ou ressonância) e escalas de sintomas ajudam no refinamento do diagnóstico.

Nutrição anti-inflamatória: não existe “dieta milagrosa”

Crédito: Reprodução

Contrariando muitos influenciadores digitais, não há um alimento ou suplemento capaz de “curar” o lipedema. A estratégia nutricional deve focar em:

  • Alimentos in natura e minimamente processados;
  • Proteínas magras (peixe, frango, ovos) para preservação da massa muscular, importantíssima em homens;
  • Gorduras insaturadas (abacate, castanhas, azeite de oliva);
  • Redução de ultraprocessados, açúcares refinados e gorduras trans.

Essa abordagem conjunta promove a modulação inflamatória e melhora a sensibilidade tecidual, mas não dispensa avaliação de um nutricionista especialista em saúde metabólica.

Controle de gordura corporal é essencial

Controle de gordura corporal é essencial

Mesmo sendo diferente da obesidade simples, o excesso de tecido adiposo agrava o processo inflamatório do lipedema. Homens com diagnóstico confirmado devem buscar manter o percentual de gordura corporal dentro de faixas saudáveis (geralmente abaixo de 20%), por meio de combinação de dieta e exercícios, para minimizar sintomas e prevenir progressão da doença.

Exercícios de força e aeróbicos: a combinação ideal

A prática regular de musculação é fundamental para:

  • Fortalecer a musculatura de sustentação;
  • Melhorar a circulação local e o retorno venoso;
  • Controlar marcadores inflamatórios.

Já atividades aeróbicas (corrida, ciclismo, natação) ajudam no consumo de gorduras como fonte de energia e na regulação do sistema linfático. Para pacientes masculinos, recomenda-se ao menos três sessões semanais de musculação (foco em membros inferiores e core) e duas sessões de aeróbico de moderada intensidade.

Dietas low carb e estratégias de jejum

Estudos apontam benefícios das dietas com restrição de carboidratos na redução de dor e peso em pacientes com lipedema. Abordagens como cetogênica ou jejum intermitente podem ser úteis, desde que supervisionadas por profissionais de saúde, garantindo equilíbrio nutricional e evitando perdas de massa magra.

Hidratação elevada: mais água para melhor circulação

Homens com lipedema devem ingerir entre 35 e 50 ml de água por kg de peso corporal diariamente — acima das recomendações gerais — para otimizar o funcionamento do sistema linfático e venoso, além de favorecer remoção de toxinas e redução de inflamação.

Manejo integrado: além da alimentação e exercício

O tratamento do lipedema é multidisciplinar e inclui:

  • Drenagem linfática manual e pressoterapia;
  • Uso de vestimentas compressivas adaptadas ao corpo masculino;
  • Fisioterapia especializada;
  • Suporte psicológico para lidar com impacto emocional;
  • Consideração de lipoaspiração tórpida (liposucção) em casos selecionados, sempre por equipe especializada.

Dicas práticas para homens com lipedema

Dicas práticas para homens com lipedema
  • Priorize gorduras saudáveis: salmão, nozes, abacate.
  • Modere sódio e açúcares: mantenha o sódio abaixo de 5 g diárias e o açúcar abaixo de 10% das calorias totais.
  • Invista em proteína: necessária para manutenção muscular e reparo tecidual.
  • Monitore indicadores de inflamação: proteica C-reativa (PCR) e marcadores de função renal/hepática.
  • Mantenha rotina de autocuidado: inclua massagem semanal e alongamentos.
  • Consulte regularmente o especialista: revisões semestrais com equipe multidisciplinar.

Fontes
  • Fürst, G. et al. State of the Art Lipedema: exploring pathophysiology and treatment strategies. J Vasc Bras, 2019. “Fewer than 10 cases of lipedema in men have been documented.” SciELO Brasil
  • Schiltz, P. et al. (2022). Lipedema in Male Progressing to Subclinical and Clinical Systemic Lymphedema. Journal of Medical Cases. journalmc.org
  • Rapprich, S. et al. Translation, cultural adaptation, and validation of a lipedema symptoms assessment questionnaire. SciELO Brasil, 2018. Dados de prevalência e critérios clínicos. PMC
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Weslley Alves
Weslley Alves

Empreendedor, Programador e Entusiasta de SEO. Sócio no Manual do Homem Moderno, principal hub de conteúdo para o público masculino no Brasil.

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