Parece inofensivo – apesar de ser ilegal, mas beber na adolescência pode ter efeitos mais graves do que você imagina. Segundo uma nova pesquisa, beber regularmente na adolescência triplica o risco de desenvolver câncer de próstata agressivo algumas décadas depois.
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Aqueles que beberam pelo menos sete drinques por semana entre as idades de 15 e 19 anos tiveram três vezes mais chances de desenvolver câncer de próstata grave em seus 60, 70 ou 80 anos, descobriram os cientistas.
O consumo de álcool tem sido ligado a outras formas da doença, particularmente câncer de mama, fígado e intestino. Mas até agora as evidências não traçavam tanta correlação entre beber e câncer de próstata. Especialistas dos Estados Unidos, no entanto, acreditam que isso ocorria porque pesquisas anteriores não tinham acompanhado o bastante a vida dos participantes.
As novas descobertas sugerem que beber na adolescência – enquanto a próstata ainda está em desenvolvimento – pode aumentar drasticamente o perigo de desenvolver câncer de próstata.
Beber na casa dos 60 anos, em comparação, não teve impacto no risco de câncer de próstata.
A autora do pesquisador Emma Allott, da Universidade da Carolina do Norte, disse: “A próstata é um órgão que cresce rapidamente durante a puberdade, por isso é potencialmente mais suscetível à exposição carcinogênica durante a adolescência”.
“Por esse motivo, queríamos investigar se o consumo pesado de álcool no início da vida estava associado à agressividade do câncer de próstata mais tarde”.
Beber na adolescência: Mortes por câncer de próstata
As mortes por câncer de próstata estão aumentando a cada ano na Grã-Bretanha, à medida que as mortes por câncer de mama caem. No início deste ano, o câncer de próstata tornou-se um assassino maior do que o câncer de mama pela primeira vez, com 11.800 homens morrendo anualmente, em comparação com 11.400 mulheres com câncer de mama.
Uma extensa análise mundial colocou os Estados Unidos, a Austrália e os países do norte europeu na primeira categoria de incidência da doença. O Brasil ficou na segunda categoria, sendo que eram seis no total. No entanto, esse cenário se inverte quando são analisadas as taxas de mortalidade. Os EUA caem para o quinto grupo, enquanto o Brasil, a Austrália e o Norte da Europa ficam no topo.
Aqui no Brasil,os exames da próstata são ocasionais, feitos nos homens que procuram espontaneamente os serviços médicos. Em 2011, o SUS fez cerca de 17 milhões de consultas ginecológicas, ante apenas 2,6 milhões de consultas urológicas. Ocorre que a população masculina entre 45 e 75 anos, alvo do rastreamento para doenças da próstata, é de aproximadamente 21 milhões de cidadãos.
Na pesquisa sobre beber na adolescência, os cientistas, cujo trabalho é publicado na revista Cancer Prevention Research, descobriram que a ligação entre o álcool e o câncer de próstata era mais ou menos consistente até os 40 anos de idade. Depois disso, o efeito desapareceu.
Como os dados da pesquisa sobre beber na adolescência foram coletados
A equipe do Dr. Allott questionou 650 ex-militares entre 49 e 89 anos que estavam fazendo testes de biópsia para câncer de próstata. Os homens foram questionados sobre o consumo de álcool semanal durante cada década de vida.
Aqueles que tomaram pelo menos sete bebidas “padrão” dos EUA – o equivalente a uma garrafa de cerveja ou uma taça de vinho – toda semana na adolescência, eram 3,2 vezes mais propensos a desenvolver câncer de próstata agressivo do que os que não bebiam.
O mesmo nível de consumo entre 20 e 40 anos resultou em um risco semelhante. Mas no momento em que eles estavam em seus 60 anos, a quantidade que bebiam parecia não ter impacto sobre o câncer de próstata, sugerindo que o dano havia sido feito anos antes.
O Dr. Matthew Hobbs, da Prostate Cancer UK, disse: “Como destacado pelos pesquisadores, esses estudos são difíceis de interpretar, pois contam com participantes relatando com precisão seus hábitos alimentares e de bebida há muito tempo.”
Também é muito difícil destacar o impacto do consumo de álcool de outros fatores. Sabemos que o álcool desempenha um papel no desenvolvimento de alguns tipos de câncer e deve ser consumido com moderação.
Ou seja: na dúvida, é melhor não arriscar.
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