por Maria Confort Apesar do ano de 2017 ter acabado de começar, muitos tabus sobre sexo ainda precisam ser derrubados para que as pessoas se libertem na cama e vivam suas relações sexuais sem se preocupar com a opinião da sociedade.
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Um desses tabus é a ideia de que sexo tem duração ideal e que toda transa precisa seguir uma cartilha: se eu gozar em 15 minutos, tenho ejaculação precoce? Será que eu preciso transar por uma hora pra satisfazer a outra pessoa?
Para responder essas perguntas, precisamos entender como a sociedade funciona e como a opinião pública domina, mesmo que inconscientemente, as nossas ações e também os nossos medos.
A duração ideal e o que os outros esperam de você
Muita gente cresce com um único referencial de sexo: o cinema pornô. Nos filmes, todas as transas são duradouras, emocionantes, repletas de posições mirabolantes e com muita disposição de todas as partes pra aguentar mais de meia hora sem gozar ou cansar.
Na vida real, obviamente, as coisas são bem diferentes. Mas, por mais que você saiba disso e por mais experiente que você seja, pode ficar inseguro sobre a duração ideal de uma transa.
Nossos medos e desejos são formados por experiências passadas e, muitas vezes, por conceitos adormecidos que nem lembramos da onde surgiram. Por isso, crescemos ouvindo que pra ser um cara bom de cama é preciso aguentar uma hora sem gozar, saber fazer mil posições diferentes e segurar a empolgação a todo custo.
Quando ouvimos isso, e inconscientemente deixamos que essas regras influenciem o nosso comportamento na cama, esquecemos que sexo é uma troca e cada pessoa é diferente.
Muitas vezes, o tesão é tanto e a sintonia é tão grande que 5 minutos pode ser o bastante para satisfazer o casal e garantir uma transa inesquecível. Outras vezes, o orgasmo pode demorar pra chegar por inúmeros fatores e isso não é necessariamente um problema.
Na verdade, a duração ideal do sexo é o tempo necessário para ambos se satisfazerem e caírem na cama com um sorriso no rosto. Em um dia, isso pode acontecer em 15 minutos; em outro, em 40.
O mito da meia hora
Muitas pessoas dizem que a transa ideal deve durar meia hora. Bom, tem gente que vive a transa perfeita em 30 minutos e tem gente que só precisa de 10 pra chegar ao céu e voltar. A verdade é que quando pesquisadores estipulam um tempo, eles usam a duração média das relações sexuais como base e, como você deve saber, essa métrica envolve centenas de variáveis.
Afinal, quando o cronômetro começa a rodar? Quem coloca o relógio para marcar o início do sexo? A transa pode começar no elevador, na troca de olhares na balada, na carícia na mesa de jantar.
A maioria dos pesquisadores consideram que a relação sexual começa no tempo de latência da ejaculação intravaginal, ou seja, o tempo que demora desde a penetração do pênis até a ejaculação.
Mas, ao considerar isso, desconsideramos todo o tesão que rola antes e que também pode levar o casal ao orgasmo.
Se mesmo assim você está interessado em números e no resultado das pesquisas, saiba que os próprios cientistas admitem que, assim como outros prazeres da vida, sexo é difícil de catalogar.
O Fantástico divulgou, em 2014, uma pesquisa norte-americana que estudou o comportamento sexual de milhares de americanos. A conclusão do estudo relatou que, em média, uma relação saudável – quando ambos atingem o orgasmo – dura entre 7 e 13 minutos – sem contar as preliminares. Parece rápido, mas, para os pesquisadores, este é o tempo suficiente para atingir o clímax sexual.
Segundo os autores do estudo, menos de dois minutos é pouco e mais de dez minutos já é bastante tempo, mas, se o casal tiver disposição, o céu é o limite. Laura Muller, sexóloga do Fantástico, afirmou: “O tempo ideal vai ser aquele que a pessoa estiver mais confortável ali na cama e isso vai variar durante a vida também”. Amaury Mendes Junior, também sexólogo, complementou a afirmação da colega: “Tudo interfere em uma relação sexual. Se esse corpo está cansado, está doente, está passando por uma situação de stress”.
Ou seja: apesar da média norte-americana ser 13 minutos, o tempo ideal vai variar de casal para casal.
A pressão da sociedade e a mudança de padrões
Vivemos sob constante aprovação da sociedade. Mesmo sem perceber, sofremos influência da opinião pública que muda de acordo com a influência da mídia e do entretenimento.
Assim como os padrões de beleza variam – afinal, obesidade já foi sinônimo de saúde – as expectativas da sociedade também mudam de acordo com o meio e com o contexto cultural e social.
Ejaculação precoce, por exemplo, já foi símbolo de virilidade. Até 1960, o homem que gozava rápido era considerado o mais viril.
Camila Abdo, coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade da USP, explica em uma entrevista para o portal UOL: “A liberação sexual feminina acarretou uma mudança de conceito: para conseguir sexo em sincronia com sua parceira, ser rápido deixou de ser interessante para ele. O homem passou a se adaptar ao tempo dela”.
Ou seja, para viver a sua vida feliz e aproveitar os prazeres que ela tem para te oferecer, você precisa parar de se preocupar com o que a sociedade espera de você, afinal, ela sempre vai cobrar e por mais que você consiga realizar o que ela ordena em determinado momento, você nunca vai estar a par do que ela pede em uma perspectiva mais ampla.
Siga o que dá prazer pra você e pra sua parceira e nunca se esqueça de conversar com ela sobre sexo. Muito mais importante do que bancar o ator pornô na cama é se preocupar se você está em sintonia com a pessoa que divide esse espaço com você. Orgasmos incríveis são alcançados com diálogo e, na maioria das vezes, eles não estão acompanhados da pergunta: “foi bom pra você?”. Afinal, quando o sexo é bom, ambos já sabem a resposta.
