Chega de dizer que masturbação não é sexo: para o seu cérebro, não há diferença. Na verdade, a simples fantasia sexual que você guarda aí na sua cabeça já gera um efeito extremamente semelhante ao efeito causado durante o ato sexual.
A leitura de um texto mais excitante ativa o lobo temporal esquerdo, envolvido no processamento das atividades motoras sensoriais. Mas para isso acontecer você precisa imaginar – algo bem diferente do que rola quando você vê um filme pornô, afinal, pouco sobra para a imaginação.
Quanto mais intensa a fantasia, mais reações físicas e químicas o seu corpo experimenta.
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Cada um tem um jeito de se sentir excitado – e quem somos nós para julgar fantasias? Mas todos os caminhos passam pelo mesmo mecanismo: criar um ambiente emocionalmente seguro para deixar aflorar o tesão. Por isso, acredita o psicanalista americano Michael Bader, as fantasias são libertadoras.
Para uns, bom é fazer algo que pareça (ou seja) proibido ou que rompa com preceitos morais e culturais, com o aprendizado do que é certo e errado. Para outros, o simples ato de transar em um local público ou a ideia de dividir a cama com aquela professora, por exemplo, já é o bastante para aflorar todos os sentidos
Segundo levantamento de uma loja online de produtos eróticos, a Loja do Prazer, as roupas mais vendidas são, nessa ordem, de enfermeira, colegial, empregada, comissária de bordo e noiva; policial, bombeiro, médico, marinheiro e soldado.
Mas, segundo a revista Superinteressante: “O mundo das fantasias é ilimitado. Por isso, há quem encontre satisfação com estátuas, carros, balões de festa. Bizarro? O que é estranho para alguém certamente é normal para outro em alguma parte do planeta. Com a alimentação é assim. Cérebro de macaco é uma iguaria na África. Bunda de formiga tostada é um petisco delicioso para muitos índios e famílias caipiras do sudeste brasileiro. Quando temos prazer com alguém, uma experiência, uma posição, um ambiente, um objeto, queremos repetir a dose e ponto. Por menos convencional que o tal gosto seja”.
Uma pesquisa da Universidade de Montreal, no Canadá, investigou quais fantasias eram consideradas anormais ou atípicas e quais eram comuns, de acordo com a opinião de 1.517 adultos. Eles responderam a um questionário sobre hábitos na cama, ranquearam fantasias em uma escala de 0 (nada interessado) a 10 (fortemente interessado) e descreveram em detalhes a preferida.
Os resultados indicaram que homens fantasiam mais do que mulheres e relatam melhor suas taras. A ala feminina é mais tímida para entrar em detalhes e faz uma clara distinção entre fantasia e desejo. Uma porcentagem alta delas, de 30% a 60%, tem pensamentos libidinosos envolvendo submissão. Mas muitas ressaltaram que não gostariam que essa fantasia se concretizasse – é apenas uma imaginação, e não uma vontade real.
Elas costumam se imaginar fazendo sexo com o parceiro; eles, em casos extraconjugais. De acordo com a pontuação que receberam, as fantasias foram divididas entre raras (de zero a 2,3% de votos), incomuns (15,9% ou menos), típicas (mais de 84,1%) e comuns, que englobam o restante – e a maior parte – dos resultados.
A mente é dona de tudo
Pensamentos eróticos – e românticos – também podem ajudar na capacidade de resolução de problemas e no aumento da criatividade. Imaginar só sexo ativa apenas uma região cerebral, o centro de recompensa. É o que se chama de atividade focada, que favorece a atenção aos detalhes e traz benefícios nas horas em que é preciso encontrar soluções práticas para vencer dificuldades.
Quando você pensa em algo romântico – por exemplo, em um jantar à luz de velas naquele restaurante que você gosta –, as células fazem várias conexões diferentes, porque outras emoções e ações estão envolvidas. Montar mentalmente a cena completa treina regiões ligadas à criatividade e à visão global. Ou seja: o ideal é fantasiar todo o processo: o jantar, a sobremesa e o sexo.
Segundo a revista Superinteressante, cientistas de duas universidades holandesas e uma alemã verificaram a tese pedindo a 30 voluntários que imaginassem uma longa caminhada ao lado da pessoa amada. Outros 30 participantes deveriam pensar em sexo com alguém com quem não tivessem envolvimento. Em seguida, todos responderam a um teste. O grupo dos românticos se saiu melhor nas questões criativas do que nas analíticas e a turma do encontro casual pontuou bem nas analíticas e mal nas criativas.
Recorrer a vídeos eróticos também funciona como pimenta no arroz com feijão. O pornô mexe com a vida real por vários motivos. Um deles está relacionado aos neurônios-espelho, que imitam o que recebem. Sabe quando a gente sente vontade de bocejar só de ver outra pessoa fazendo isso? Então, são os neurônios-espelho agindo. Quando alguém assiste a um filme erótico, pode se motivar a fazer mais sexo e a se despir das amarras na cama.
Diferenças entre homens e mulheres
As mulheres normalmente preferem filmes que sugerem algum tipo de emoção. Homens gostam mais de cenas explícitas. O pesquisador americano Barry Komisaruk, da Universidade Rutgers, monitorou a atividade cerebral de voluntários e descobriu que, nelas, durante a excitação e o orgasmo, o córtex sensorial é a primeira região a ser estimulada: “Essa área processa informações sensoriais relacionadas à empatia.
Neles, é a visão. É daí que nasce a predisposição feminina para buscar nos vídeos algum enredo, para haver certa identificação. Como o cérebro masculino se delicia com as imagens, closes ginecológicos costumam dar conta do recado”, explica uma matéria da revista Superinteressante.
Uma pesquisa da PlayboyTV, marca que detém os canais Sextreme, Sexy Hot, Private, Playboy TV, Venus e For Man, mostrou que 46% dos telespectadores – homens e mulheres – consideram essencial que um filme erótico tenha uma boa história e 63% preferem cenas naturais a irreais.
Como ela não é boba, a indústria pornô está cada vez mais interessada em conquistar a atenção daqueles que não se excitam apenas com uma explosão de peitos e órgãos genitais – e já deu para medir o resultado.
Em 2010, as mulheres representavam 49% das assinaturas dos canais eróticos pagos. Em 2014, o número subiu para 54%, ou seja, a maioria dos telespectadores.
Entretanto, o exagero gráfico ainda toma conta do pornô, e isso causa frustração não só em adultos, mas também em adolescentes que estão começando a descobrir sua sexualidade, afinal, eles acreditam que precisam reproduzir as cenas para a total satisfação sexual de ambas as partes e, ao querer reproduzir fielmente os filmes, a frustração pode causar perda na libido – principalmente nas mulheres, que não se enxergam naquelas personagens.
Um estudo das universidades da Califórnia e do Tennessee concluiu que quanto mais filmes desse tipo o marido ou namorado via, mais baixa era a autoestima da parceira.
Aliás, isso está diretamente relacionado ao que os pesquisadores da Universidade de Denver verificaram na rotina de 2.291 casais. Uma parte deles assistia a filmes eróticos com o parceiro. Outra via pornografia sozinha. Quem não era fã de pornô se sentia sexualmente mais satisfeito do que o restante. O grupo que via os filmes a dois tinha vida sexual mais ativa e era mais dedicado ao outro, mas o efeito colateral é que estavam mais dispostos a trair.
Vale lembrar: estamos falando de ler e ver cenas eróticas e do estímulo que isso pode dar à vida sexual. É diferente do vício em pornografia, que, como qualquer outro vício, faz as pessoas buscarem o prazer pelo prazer. É a descarga de dopamina que importa, e não as carícias, os beijos, os cheiros e gostos.
O Facebook pode te fazer gozar
E o prazer pode vir de outras fontes, viu? Curtidas e comentários no Facebook estimulam a mesma região cerebral acionada no sexo: o núcleo acumbens. Pesquisadores da Universidade Livre de Berlim detectaram uma atividade intensa nessa área, ligada ao centro de recompensa, quando os participantes recebiam comentários positivos nas mensagens postadas. Outro estudo, da Universidade Harvard, também encontrou relação entre o uso das redes sociais e o prazer que elas proporcionam. Falar sobre si mesmo induz a produção de dopamina de forma semelhante ao que ocorre na excitação sexual.
A revista Superinteressante conclui em sua matéria sobre o assunto: “A proliferação de fontes de prazer e o livre acesso a elas – comida gordurosa, sites pornôs, curtidas em redes sociais – pode estar por trás da diminuição da quantidade de vezes que um casal faz sexo atualmente. Depois de avaliar a vida sexual de 15 mil adultos britânicos e comparar com estudos realizados nos anos 1990, pesquisadores da Universidade College London concluíram que o número mensal de relações caiu de cinco para três. Por isso, a psicologia adverte: a falta de sacanagem pode ser prejudicial à saúde do relacionamento”.
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