O Tinder e a dificuldade que temos para conhecer pessoas novas

Recentemente publicamos um desabafo da nossa amiga Bruna sobre sua experiência no Tinder. Após refletir sobre o texto, percebi que a visão cética e pessimista dela sobre o aplicativo é a mesma de muitos outros amigos e amigas que eu tenho.

A maioria sempre me faz a mesma pergunta: “Por que diabos eu criaria uma conta no Tinder?”. Bem, eu tenho um motivo simples. É muito difícil de conhecer pessoas novas a partir de um certo momento da sua vida.

Lembro quando tinha 19 anos e estava na faculdade e começava em um trabalho novo. Além da minha antiga turma do colégio, tinha os amigos novos do curso de jornalismo e a galera que se reunia para um happy hour depois do trampo. Não faltavam rolês para ir.

Eu saia de quinta a sábado, reservando o domingo para curtir a ressaca ou desenrolar um lance com alguma garota um pouco mais especial. No meio desse monte de programas, era comum conhecer um monte de gente nas mesas dos bares, baladas, jogos de faculdade, entre outros.

Mas o tempo, meu amigo, é cruel e implacável. A idade veio e a formatura também. A frequência – e até mesmo a vontade – de sair diminui. Hoje, percebo que cultivo a mesma roda de amigos e cada vez menos gente nova entra nesse pagode louco que é a vida.

Retire desse montante a quantidade de pessoas que abandonou o rolê porque casaram, tiveram filhos ou simplesmente se mudaram para outra cidade ou país. Olhando assim, é fácil de chegar à conclusão de que a idade é inversamente proporcional ao número de pessoas novas que você conhece.

Não é a toa que o Tinder – que agora cobra de seus usuários – terá uma opção mais barata para estudantes, um público que, tecnicamente, não precisa tanto da plataforma; e mais cara para maiores de 30 anos, que já não tem tanta facilidade de conhecer futuros parceiros ou parceiras.

Conheço diversos caras que, após se divorciarem lá pelos 40 anos, tiveram muita dificuldade para voltar a sair pela simples falta de companhia.

O que fazer quando seus velhos amigos não estão mais em sintonia com você? Como voltar a transar se você só frequentar o rolê dos seus amigos casados, como festinhas infantis ou churrascos que vão sempre as mesmas pessoas?

Neste panorama, este tipo de aplicativo surge como um respiro para quem sente falta de conhecer alguém para bater um papo e xavecar. Ele também é uma puta ferramenta para os tímidos que não conseguem chegar facilmente nas moças.

Criticamos muito a tecnologia, achando que tudo que fazemos pela tela preta de um smartphone é uma relação falsa e volúvel.

Mas, programas como o Tinder, funcionam como aquele amigo cara-de-pau que se enturmava com uma roda de garotas e nos dava a brecha para dar oi para aquela moça que a gente passou a noite inteira olhando.

Precisamos aprender a parar de ser juízes e ser mais desbravadores. Talvez, para você não seja tão difícil conhecer gente nova ou sua roda de amigos só cresça com o tempo, mas não acredito que esse seja o lugar comum da sociedade em geral.

Não podemos aceitar que envelhecer seja sinônimo de reclusão ou de desistir de procurar nossa felicidade. Para aqueles que se sentem solitários, saibam que a solução para os seus problemas pode estar na palma de suas mãos.