Experiências traumáticas no Tinder

Duas garotas compartilham histórias bem tensas sobre caras que conheceram no aplicativo.

A era dos aplicativos chegou com os dois pés no peito dos flertes tradicionais. Ao se cadastrar e começar a usar o Tinder, você encontra de tudo: quem só quer transar e quem só aceita sair pra jantar se tiver garantia de compromisso, quem só quer dar uns beijos e quem quer te apresentar para os amigos logo na primeira saída.

Entrevistamos duas garotas que, por proteção, vamos chamar de Letícia e Monique. Hoje, ambas estão felizes em seus relacionamentos – que, aliás, conseguiram através do catálogo virtual de pretendentes, mas as duas já tiveram experiências traumáticas no Tinder e no Happn.

O que aconteceu com as duas pode parecer engraçado, mas a linha tênue entre o bizarro e o perigoso fica bem fina e ressalta a importância de tomar alguns cuidados básicos quando resolver sair com alguém por meio desse tipo de aplicativo.

Ele já sabia onde eu morava

Crédito: Reprodução

Monique começou a usar o Tinder há uns dois anos e, no começo, saiu com uns caras interessantes e engraçados. Apesar de não ter namorado nenhum deles, fez amigos, se divertiu, conheceu gente nova e aproveitou a fase de solteira: “Eu achava o aplicativo bem tranquilo, nada tinha dado errado até eu conhecer o Bruno*”.

Durante as conversas pelo aplicativo e, depois, pelo WhatsApp e Facebook, Bruno* parecia um cara bem normal, engraçado e inteligente. Era estudante de Direito e, para o primeiro encontro com Monique, escolheu um restaurante japonês perto da casa dela.

Monique, que não tinha passado o endereço da sua casa, não achou estranho o convite e topou sair com o Bruno: “Eu não achei estranho logo de cara. Quando eu estava andando até o restaurante, senti uma cutucada no meu ombro e quando olhei pra trás vi o Bruno. A gente estava um pouco longe do lugar, uns dois quarteirões, eu acho. Eu fiquei meio em choque mas cumprimentei ele. Pelo menos, ele era igual ao garoto das fotos”.

O problema é que Bruno parecia ter seguido ela de carro até aquele lugar. Eles conversaram um pouco na calçada e, depois de alguns minutos, ele disse que tinha parado o carro na rua de trás – bem perto da casa de Monique: “Quando ele me disse isso, eu achei a consciência bem esquisita, ele me disse que morava perto da faculdade Mackenzie e eu moro bem longe. O caminho que ele faria provavelmente não ia passar pela minha casa”.

Monique não quis entrar no carro e sugeriu que eles fossem caminhando até o restaurante. Bruno topou e, enquanto conversavam, ele começou a agir de um jeito bem estranho, como se estivesse tentando dizer algo mas não soubesse como.

Então, Monique resolveu perguntar o que estava acontecendo: “Ele parecia bem nervoso, constrangido, sabe? Então, quando eu perguntei se tinha algo errado, ele começou a falar tudo de uma vez. Parecia mentira! Ele disse que trabalha ali perto e almoçava em um restaurante na rua da minha casa. Como eu saia na hora do almoço pra ir na academia, ele disse que já tinha me visto e reparado em mim há meses. Um dia, abriu o Tinder enquanto almoçava e deu Match comigo”.

O constrangimento já tomava conta da conversa e Monique já estava com o celular na mão enquanto ouvia o que o cara dizia: “Ele falou que fazia de tudo pra almoçar no mesmo horário sempre e me ver. Quando deu o Match, não quis contar tudo isso pra não parecer maluco, mas ele continuava me observando de longe mesmo quando a gente já estava conversando pelo aplicativo. Se isso não é parecer maluco, eu sei lá o que é”.

Enquanto ele falava, Monique já tinha compartilhado a localização dela com uma amiga e essa amiga apareceu alguns minutos depois: “Eu disse pra ele que, apesar dele ter contato a verdade, ele tinha me deixando realmente desconfortável. Ele pareceu entender, pediu desculpas, falou que agiu errado e que iria entender se eu fosse embora. É lógico que eu fui embora! Mas continuei com muito medo dele me seguir, ele sabe onde eu moro, né? Anotei todas as informações que tinha dele, salvei as conversas, falei com os meus pais e tomei algumas medidas de proteção”.

Tudo foi bem traumático, mas Monique tomou coragem de usar o Tinder outra vez e acabou conhecendo seu atual namorado por lá. Ela ainda fica insegura ao sair de casa, mas disse que, alguns dias depois, Bruno mandou uma mensagem pedindo desculpas e falando que ela não precisava se preocupar.

Mesmo assim, a experiência foi assustadora.

Ele me fez apresentar a minha família

Crédito: Reprodução

Enquanto a história de Monique é de arrepiar, a de Letícia é tragicômica. No começo do ano, ela resolveu sair com um cara que conheceu no Happn – aquele que te conecta com a conta de quem passou por você na rua.

A conversa dos dois era meio estranha: “Nossa, ele era muito carente. Mandava mensagem com freqüência perguntando coisas aleatórias sobre o meu dia, sei lá, lembrava de uns detalhes sobre a minha vida que nem eram importantes. Tipo, uma vez eu disse que tinha que parar um pouco de digitar porque ia entrar em uma reunião na agência. Uma semana depois, quando a conversa estava meio morta, ele perguntou da reunião e eu nem lembrava de qual reunião ele estava falando”.

No começo, ela achou meiga toda essa preocupação, afinal, ela queria algo mais sério e não estava no aplicativo apenas por estar. Depois de um mês, eles decidiram sair. Ambos já conversavam pelo Facebook e também tinham amigos em comum, então, ela achou tranquilo que Pedro* a buscasse em casa.

Eles foram em um barzinho na tarde de um domingo e, depois de algumas cervejas, Letícia disse que precisava ir embora porque tinha o aniversário de uma priminha: “Ele pareceu bem empolgado com a ideia, disse que tinha irmãos pequenos e adorava crianças. A gente conversou um pouco sobre isso, rimos um pouco de umas histórias e eu disse que precisava ir. Foi aí que o negócio ficou bem chato”.

Pedro segurou o braço da Letícia e a encarou nos olhos: “Ele ficou me olhando por alguns segundos e disse que não queria ir embora, queria passar mais tempo comigo. Falando assim, parece algo perturbador, mas ele falou de um jeito meigo e divertido. A gente já tinha combinado de se ver na próxima semana e eu lembrei ele disso, foi aí que ele perguntou se poderia ir comigo no aniversário”.

Ela ficou sem saber o que falar. Tinha acabado de conhecer o cara pessoalmente e se sentiu mal em cogitar a ideia de apresentá-lo pra família desse jeito.

Ainda com humor, ela explicou essa preocupação pra ele e, então, ele começou a lacrimejar: “Ele morava longe dos irmãos. Ele vivia com a mãe e os irmãos pequenos moravam com o pai em outra cidade. Aí, ele começou a falar o quanto sentia falta deles, disse que sentia falta de ver a família unida. Eu tenho o coração mole, né? E ele falava de um jeito tão triste”.

No fim do dia, Letícia apareceu com Pedro na festa de família: “Todo mundo ficou bem surpreso e eu fiquei muito sem graça, não sabia onde enfiar a cabeça mas eu pensei ‘poxa, toda menina quer um cara que se preocupe em conhecer a família, que queira namorar, queira compromisso’. Fiquei pensando que eu tinha sorte”.

O problema veio no meio da festa, quando o pai da Letícia a chamou em um canto: “Ele estava com a cara bem fechada mesmo, reclamando de eu não ter contado que estava namorando e ter aparecido do nada com o garoto. Depois de conversar com ele, eu percebi que o Pedro estava contando para todo mundo que era meu namorado!”.

O susto e a raiva foram tão intensos que a Letícia pediu ajuda para os pais para ir embora. O pai dela foi até o garoto, conversou com ele e depois foi embora com a Letícia: “Eu nem sei o que eles conversaram, só sei que o menino me deletou do Facebook, me bloqueou no WhatsApp e nunca mais apareceu. Os amigos que a gente tem em comum são da época da escola, ele estudava comigo mas a gente nunca tinha se falado. Só um desses amigos ainda conversava com ele e, quando eu perguntei se ele estava bem, esse cara disse que era melhor eu não ir atrás dele nunca mais”.

Por mais estranhas que as histórias pareçam, tem gente que já passou por coisa pior por causa desses aplicativos. Então, as principais dicas continuam sendo as mesmas: não saia sem dizer para onde vai, passe os contatos para alguém, antes de sair, tente descobrir um pouco mais sobre a pessoa e adicione ela no Facebook.

Cuidado nunca é demais, né?

*Os nomes masculinos também foram alterados
Maria Confort
Maria Confort

Jornalista, cinéfila, fanática por literatura e, por isso, apaixonada pela ideia de entender pessoas.

Comentários
Importante - Os comentários realizados nesse artigo são de inteira responsabilidade do autor (você), antes de expressar sua opinião sobre temas sensíveis, leia nossos termos de uso